11.13.2004

Paulo Portas demite-se para assumir as funções de comentador da TVI

O ministro de Estado e da Defesa Nacional, Paulo Portas, prepara-se para apresentar a sua demissão do governo de acordo com uma informação fide-digna facultada por telemóvel por um seu assessor enquanto desempenhava a missão de lhe ir buscar as pantufas de noite, e que pediu, obviamente, o anonimato.
Portas terá confidenciado à sua aia, na última quarta-feira, enquanto penteava os longos cabelos da peruca Deneuve em frente ao toucador, que percebeu poder fazer mais pelos portugueses como comentador televisivo do que como ministra.
A influência dos comentários televisivos do prof Martelo sobre um público fiel e quase devoto e a forma como as suas propostas e desafios eram de imediato acatados pela esmagadora maioria das classes baixa, média-baixa e pindérico-depressiva (como sucedeu com a patriótica ideia de pendurar bandeiras na janela durante o Euro), fez Portas perceber que a vocação que sempre sentiu em seu seio para a prestação de serviços ao país dificilmente poderá ser cumprida enquanto ministro ocupado com as triviais tarefas oficiais e privado do contacto regular e directo com o povo que o ama e se habituou a ver nele uma mãe, uma entidade protectora e até um santo.
O comentário de Portas na TVI terá o mesmo formato do de Martelo e será igualmente incluído no Jornal Nacional de Domingo com uma duração não superior a 4 horas e meia. Está assegurada a continuação das recomendações literárias (P.P. promete recomendar 80 livros por semana, superando o recorde do professor) e relativamente à conversa de chacha com o pivot de serviço, esta poderá chegar até à troca de presentes, leitões assados, travessas de arroz doce feitas por Helena Sacadura Cabral e bustos de George W. Bush esculpidos pelo seu irmão Miguel no centro de ocupação de tempos livres para eurodeputados.
A demissão de Portas não colocará problemas de maior ao governo até porque Santana Lopes se prepara para assumir a presidência do Sporting, sendo substituído na chefia do governo por Alberto João Jardim que será em breve indigitado por Jorge Sampaio na condição de se portar bem.
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in Inépcia com edição da casa

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