1.16.2019

A subversão da democracia... Até nas redes sociais

Andamos todos a queixar-nos, há muitas décadas, da subversão da democracia no nosso país.

Realmente a tão propalada "democracia" tem sido subvertida pelos mais diversos mecanismos que imaginar se possam, inventados pelos spin doctors que pululam nos ministérios e enxameiam os governos.

Qual não é, agora, o meu espanto, quando 45 anos após o 25 de abril percebo que a única esperança que um povo teria para fazer ouvir a sua voz - que são as redes sociais - está, ela própria, também contaminada pelo espectro da censura.
Neste caso, da autocensura organizada em grupos de denúncia que impedem qualquer pensador livre de publicar algo que não lhes convenha.

 Assim, assistimos neste momento a uma censura organizada - não por parte de nenhum governo nem sequer pelo proprietário da rede social em questão - mas tão-só por dezenas de clubes de censores organizados em grupos de denúncia.

É a chamada "censura democratizada".
Passamos a ser todos livres, a partir de agora, de censurar os outros.

Como?
Organizado-nos em grupos de denúncia e partilhando um link de uma publicação da qual não gostemos nesse grupo.

E de imediato todos os membros desse grupo de denúncia - mesmo sem ler o texto - denunciam o seu conteúdo à administração da rede social.

Ora, como se trata de centenas ou milhares de pessoas a denunciar  o mesmo texto, o administrador palonço não vê outra solução senão bloquear o autor do texto e banir esse mesmo texto da sua plataforma.

Está assim criada a censura democrática.

Volto ao meu blog de sempre

A vida, enquanto durar, vai-nos ensinando e direcionando a nossa trajectória.

A lixeira dos grupos organizados de denúncia nas redes sociais fez-me perceber que é preferível regressar às origens, perder provavelmente 95% dos meus leitores, mas voltar a ser lido apenas por quem sabe ler e pensar. E por quem percebe o que escrevo.

Vou, pois, abandonar progressivamente o foco no mainstream e voltar a escrever aqui no meu velho blog... para quem merece.

Aqui sou livre, não sofro a pressão da censura que devia ter terminado há quase 45 anos, a 25/4/1974, mas está mais viva que nunca na inacreditável lixeira em que se transformaram as denominadas "redes socias".