12.30.2002

Casa Pia e Balsemão salvam Portas e Durão

Nada como um bom fait-divert passado há mais de vinte anos, e por isso mais que prescrito em qualquer dos casos, para se distrair a atenção do povão sempre ávido do que menos lhe deveria interessar.

Bibi é apenas um dos 90.000 pedófilos portugueses.

NOVENTA MIL, pelo menos, se em Portugal as estatísticas europeias se aplicarem, as quais apontam para a média de 0.9% de bicharada com esses desvios, já que aqui não se fazem estudos a não ser para se roubar o Estado e se meterem de seguida os papéis na gaveta.

Toca lá a acordar, populaça!

Não se deixem alienar pelos adormecedores do povo profissionais, que raio!

Recordem que:
1 - A maré negra não foi lavada pela Casa Pia.

2 - O Portas da Moderna e do Prestige e a Lusófona não foram "branqueados" pelo facto de o Ferro ter, surpreendentemente, dobrado relativamente a ambos.

3 - O Madaíl continua a assaltar os cofres do Estado contratando treinadores brasileiros a 35.000 contos por mês, mais dois assessores que não se sabe quanto cá virão arrecadar cada um, no mais sabujo atentado à pobreza e à indigência urbanas do país.

4-O governo actual inscreveu no PIDDAC para 2003 qualquer coisa como 2700 milhões de Euros para Obras públicas quando sabemos que só os 10 estádios para a bola vão custar, fora as derrapagens, 670 milhões de euros - 150 milhões de contos!!

Para a Educação vão apenas 178 milhões de euros, para a Cultura 111, para a Justiça 142 e para a saúde 278.

Tudo somado, na Cultura, Saúde, Educação e Justiça vai ser investido pouco mais do que nos novos estádios de futebol.

E querem contenção??
Atrevem-se a pedir compreensão do povo, para estes miseráveis assaltos ao seu património e hipoteca do seu futuro?

Para a Segurança Social vão apenas 170 milhões... um quarto do que vai para a bola!!

E ainda por cima, sabendo todos nós que naqueles relvados o comum praticante nunca poderá sequer pôr pé, já que eles são exclusivamente destinados às "super estrelas do pontapé no esférico", "aos heróis das 4 linhas", os verdadeiros paradigmas e embaixadores do analfabetismo nacional.

Durão e Portas dificilmente poderão pagar estes favores que Balsemão e a sua Impresa (Sic e Expresso) lhe estão a fazer, distraindo o povão para a verdadeira essência do seu atraso congénito.

Mas atenção a este e a todos os demais Chicos dos Porches da Quinta da Marinha: É verdade que o povo, coitado, tudo esquece.

Mas a História, não.

30-11-2002 13:32

12.28.2002

Justiça Portuguesa para o Guinness, já!

O procurador-geral da República, Souto Moura, violou há dias o seu tão querido Segredo de Justiça - utilíssima instituição ao abrigo da qual a denominada Justiça portuguesa trabalha calmamente, e com toda a ponderação diligencia no sentido de NÃO deixar prescrever os processos incómodos para os poderosos - ao anunciar que mais dirigentes de clubes estão sob investigação.
O inenarrável Valentim Loureiro, presidente da Liga Portuguesa do Pontapé no Esférico, entre mais 12 Sociedades, Institutos, Fundações e Casas, não lhe quiz ficar atráz e teve uma reacção considerada pelo Bastonário da Ordem dos Avogados como «infeliz» ao propôr que "ou o País pára com as investigações ou não há Euro2004".

O bastonário explicou ao país que o quis ouvir que a violação do segredo de justiça não ocorre só quando os nomes das pessoas investigadas são revelados, mas também quando, naturalmente, se envolve toda uma classe num clima de suspeição.
Júdice tentou informar o povo menos distraído que o procurador geral da República, o seu Defensor, «não devia ter dito o que disse» e, «se o fez, é porque vai provavelmente anunciar muito em breve os nomes dos dirigentes» sob investigação.
Esqueceu-se de dizer que, se o fizesse, Souto Moura cometeria a segunda violação ao mesmo segredo da mesma justiça.
Bem tentou, o patrão dos advogados, mas ninguém lhe ligou nenhuma. Não é sequer notícia, este pequeno precalço, neste pequeno país.

Agora: notícia de pôr os cabelos do Presidente da Républica e de toda a classe partidária em pé, foi a "boca" do Major, logo secundado pelo Senhor do norte, Master Pinto da Costa. A mensagem foi clara como a água: Os "pulguíticos" que se ponham a pau, porque se não dão ordem aos juízes para que coloquem a corrupção futeboleira acima da Lei já e imediatamente, os clubes estão dispostos a parar os campeonatos, e as obras nos estádios para o Euro 2004 seguem o mesmo caminho!

Que chatice!!!
Lá iria o país poupar 1.200 milhões de contos, conseguindo de imediato a convergência para os 2,8% da Ferreira Leite!

Com a mesma convicção do major, o colega Dias da Silva defende precisamente o contrário daquele, confirmando a existência de sacos azuis e dinheiro sujo no futebol português. Já Maria José Morgado tinha acusado o futebol das mesmas panóplias de crimes que o seu chefe hierárquico, o director da PJ Adelino Salvado, prontamente desmentiu. Enquanto isso, os partidos degladiam-se para descobrir quem publicou as actas da comissão de inquérito, que é o que verdadeiramente os preocupa.
Querem lá saber da corrupção, branqueamento e sacos azuis da bola... para isso existe aquela máxima do mentor intelectual da TVI, guru Teresa Guilherme: "isso não interessa nada!".

As declarações de Souto Moura e Valentim Loureiro surgem três dias depois de Pimenta Machado ter sido libertado sob uma caução de um milhão de euros (200 mil contos), após ter sido detido no domingo por suspeitas de peculato e falsificação de documentos.
Esta detenção pode ter entrado directamente no Guiness, não pelo montante da caução, mas pelo tempo que a Judiciária demorou a "incomodá-lo" desde que este criminoso confesso o reconheceu perante as câmaras da televisão. Quando admitiu gerir sacos azuis, Pimenta tornou-se no 2º português contemporâneo a confessar os seus crimes publicamente ao vivo e a cores (o Primeiro foi o inefável Portas).
Só cerca de mês e meio depois foi detido.

Investigadores creem que se trata de um recorde de ineficácia da PJ, só ultrapassado pelo caso da criança desaparecida há cinco anos em que, apesar de ter aparecido posteriormente em fotografias espalhadas em várias revistas, nunca nada foi investigado até hoje.

Bom Ano

Joao.tilly@netvisao.pt

11.13.2002

A esfregona sábia.

Portugal tem decididamente muito poucas hipóteses de singrar no futuro europeu.
E não é por causa do Portas, da Judiciária, da GNR ou do Madaíl.
É por causa da esfregona.
Da esfregona sábia, a mais aplaudida, comprada e instituída.

E porque é que uma esfregona se torna sábia, num país onde o conhecimento científico é proscrito?
Porque é sempre a mais barata. E por isso resume e legitima a nossa filosofia de vida.

A mais-barata arrasa nas prateleiras do hipermercado (único local onde se podem comprar esfregonas baratas, hoje em dia, graças à globalização) a menos-barata e a pouco-barata.
Ja não há, há muitos anos, nenhuma esfregona cara graças à mesma e providencial globalização.
Os clientes – "os portugueses" segundo a TVI - comprarão continuadamente a mais-barata de todas as mais-baratas que o mundo conseguirá embaratecer à custa da mais negra desgraça dos países do 3º mundo, por ser esse o único critério de escolha ao nivel do seu admirável discernimento Tereso-Guilhermino, e do seu progressivamente degradado orçamento familiar, ambos tendendo para um irreversível e deslumbrante zero absoluto.
Ora, normalmentre, a esfregona da treta parte-se (atinge a sua tensão crítica de plasticidade, segundo a nomenclatura científica) o mais rápidamente que lhe for possível escandalizando, com este seu mau feitio, qualquer forma de inteligência não residual.

O que está notavelmente correcto, em Portugal.
O costumeiro comprador adquirirá outra igualzinha em menos de um fósforo.
Porque continuará a ser a mais barata, da próxima vez que se dirigir à prateleira do costume.
E comprará no mesmo sítio onde foi alegremente atendido na ocasião anterior, até para que o seu provincianismo não seja sub-avaliado pelo portuga-vendedor.
Aquilo que o portuga-comprador menos deseja é que o Chico-esperto que vive à sua custa diga mal dele, na sociedade. Roubá-lo, pode ser. Difamá-lo, nunca!
Portanto, o Bimbo-Cromo continuará eternamente a comprar ao Bimbo-Pato-Bravo, perpetuando assim o ciclo da nossa inacreditável portugalidade.

E não se pense que o consumidor é confundido pela publicidade enganosa.
Nada disso.
O grafismo da esfregona pode até ser um pôr-do-sol no deserto da Namíbia, ou um catálogo corriqueiro de imagens de loiras no alto mar com a lua ao fundo…nada interessa ao consumidor, desde que a esfregona seja, de facto, a mais barata.
Atrevo-me a dizer que o produto pode até ter em letras garrafais a inscrição:"só compra isto quem for estúpido".
Desde que seja a mais barata, não repousará na prateleira.

Recordo-me há alguns anos atrás, no então Intermarché da zona industrial, quando o Victor Espírito Santo, para se divertir, fazia ao microfone promoções de produtos (durante apenas 5 minutos - 5) a preços às vezes superiores aos marcados na etiqueta original… e que desapareciam das prateleiras em segundos, para gáudio da gerência.
Que bem me lembro da velhinha de xaile preto contra-curvado a tentar carregar as 6 grades de Super Bock que tinha comprado 5$ mais caras por garrafa…

Outros tempos, o mesmo fado.
Os mesmos congressistas que vaiaram e insultaram Maria Carrilho - o único intelectual com que o PS parece ainda contar - há pouco mais de um ano, endeuzando cegamente um Guterres fartinho já de os aturar, fizeram agora pior que o contrário.
Não se redimiram, para não terem que admitir o seu engano anterior. Ovacionaram hoje aquele que ontem tinham escorraçado e ignoraram o antigo Sol. O garboso Dom Sebastião do ano passado, é hoje um ridículo Dom Quixote, para esta turba de Sanchos Pança.
Fizeram de conta que se esqueceram que Guterres alguma vez existiu, e está o problema resolvido, à boa maneira da tão portuguesa avestruz.
Simultaneamente esqueceram-se (a nova palavra de ordem do Largo do Rato) da desastrada comissão parlamentar sobre as demissões na PJ que o PS infantilmente promoveu e deixou cair sem conclusões de espécie alguma e a grande guerra movida e já abandonada (portanto, perdida) contra Portas.

Ferro, um "fialista" (segundo a sua dicção) amorfo e típico líder de transição, por sua vez insiste em passar ao lado de tudo quanto tem a ver com os verdadeiros problemas do país:
- A evasão fiscal dos que recebem do Estado milhões em subsídios,
- O perdão fiscal da mais desajeitada ministra da história, maravilhosamente aprovado pelos contribuintes que "deixaram de pagar ao fisco 1000 milhões de euros em Outubro e este mês até agora ainda ninguém pagou um tostão" (AGF).
- As falências em catadupa e as consequentes manchas crescentes de desemprego.
- A nova legislação laboral cujas implicações a nível social não foram estudadas sequer.
- A progressiva degradação do Ensino com o corte de verbas para as Universidades.
- O negócio macabro da Saúde.
- A perpétua ineficácia da Justiça, que continua a encher as prisões de pés-rapados, deixando cá fora todos os magnatas dos milhões do colarinho branco.
- A especulação da alta-finança imobiliária, os verdadeiros chefes dos governos, cujos biliões são "lavados" com toda a naturalidade em estádios, hipermercados e projectos megalómanos.
- E a crescente corrupção que alastra a todos os sectores da sociedade, de que o futebol e a GNR são apenas a ponta do iceberg.
Em vez de tratar destas pequenas ninharias, este recauchutado PS empenhou-se, isso sim, em discutir o mais subido desígnio nacional: se se vai coligar ou não nas próximas eleições!

O génio que descobriu que Portugal nunca seguiu as mais elementares regras do mercado, da qualidade e da ética, continua a fazer fortunas a vender esfregonas da treta, remetendo para a ruína todos os que tentaram fabricar esfregonas de alguma qualidade, que não insultassem, pelo menos, a inteligência do comprador.

Joao.tilly@netvisao.pt

10.17.2002

Se isto não é o fundo, onde é que está o fundo?

Primeiro, Guterres decide afastar-se do pântano político em que os seus sucessivos governos, a espaços recauchutados, tiveram o condão de mergulhar Portugal.
Aborreceu-se de ser o bombo da festa.
O país que ficasse quietinho no pântano, que ele ia ali comprar cigarros e já vinha.

Foi trabalhar para o IPE - o Instituto que distribuiu milhões ao amigo Belmiro e ao amigo Murteira Nabo nos Brasis - acumulando com o cargo de explicador particular de matemática. Tudo correcto. Mesmo sem passar recibos verdes, não incorre em incompatibilidade.
Depois as eleições. Ganhou o PSD. Começou a governar o PP (Paulo Portas).
Tudo normal, em Portugal.
Das medidas propaladas aos 4 ventos, até agora, nada. Medidas nunca imaginadas, é à Fartazana: aumento do IVA, fim do crédito bonificado para os jovens, alargamento dos prazos do regime das reformas na Função Pública. Bastava que tivessem anunciado um só destes 3 espectaculares "desarrincanços" antes das eleições para que o PS continuasse, a seguir ao Guterres, com maioria absoluta. Reforçada.

Segue-se a Moderna. As confusões, as promiscuidades, as negociatas, o salve-se quem puder.
Tudo gerido da pior maneira imaginável pelo PP (Paulo Portas) que tudo fez menos demitir-se para não envergonhar mais este arremedo de estado de direito que lhe paga o ordenado. E a ministra do PP (Paulo Portas) que nomeia e desnomeia e volta a nomear gente da confiança política (de quem?) para gerir o descombate ao crime do colarinho branco. Que hoje assume proporções inacreditáveis, segundo a PJ.
E depois o outro ministro do PP (Paulo Portas) que queria mudar os feriados mas a Igreja não o deixou.Literalmente. Em alternativa, mudou os directores gerais todos das finanças, que isso a Igreja já deixa. E foram 18 no mesmo dia, despedidos por fax.

Subitamente, o Expresso - e não o PSD - descobre que o Jorge Coelho responsabilizou a empresa construtora do túnel alagado pelos prejuízos, e a seguir o Ferro Rodrigues desculpabilizou a mesma empresa, comprometendo-se a não pedir indemnizações por contrato (!). E chama palermas ao grupo parlamentar do PSD.

E devem ser, mesmo, palermas.
Então não sabem que quem estaria previsto para assinar a esperada desresponsabilização, passados os 6 meses da ordem, e receber a correspondente torradeira eléctrica de lembrança, era obviamente o próprio ministro Coelho? E então não sabem que o Coelho não teve tempo para assumir esse acto corrente de gestão, porque teve que se demitir na sequência da queda da ponte?
E alguém tinha que fazer essa cobrança, digo, esse serviço, pelo antigo ministro. Esperemos que as contas, digo, as entregas dos relatórios, entre os ministros, já estejam acertadas, a esta hora.

- "Ele é rufia… ele frequentava o Casal Ventoso em vez de ler livros, ele é o ministro drogado" - berra o intelectual aspirante a co-marido da Bábá Guimarães.
- "Portas e Bagão… são lacaios do patrão…" - berram os sindicalistas profissionais (a mais activa classe de malandragem organizada desde a Carbonária).
- 1800 metralhadoras israelitas Uzi foram vendidas para sucateiros de Poiares e Benavente. Ninguém sabe delas. Nem os sucateiros que as compraram. Um exército criado à solta capaz de ocupar Lisboa num próximo 25 de Abril qualquer.
- Madaíl ainda não decidiu de que lobby há-de receber por contratar o próximo treinador para a selecção. Estou a falar de futebol. Não de investigação científica.
- PP (Paulo Portas) diz que em democracia a opinião é livre, menos quando é contra si. À crítica do CEMGFA responde desunhando-se para demiti-lo. Já convenceu Durão. Durão não convenceu Sampaio. Mas este não tem outro remédio senão convencer-se de que tem que se convencer do que o PP está convencido.
É também isto o bater no fundo da democracia portuguesa. Um presidente decorativo (!) obrigado a fazer o que sabe ser injusto para satisfazer um capricho de um ministro.
- Santana Lopes recebe o dobro do que devia, descobre outra vez o Expresso. Se calhar até não. Mas ficámos a saber que só no seu gabinete há mais 4 (quatro) amigos vereadores que recebem por mais 3 e 4 cargos que ocupam ao mesmo tempo! Tudo na base dos 2500 contos por mês, fora os cartões de crédito. Admiráveis as capacidades de trabalho e dos bolsos destes afincados executivos que conseguem, portanto, trabalhar 24 a 32 horas por dia.

Ora, logo agora que se tinha começado a desviar a atenção do povo com esta do metro subaquático e a começar finalmente a incomodar o Ferro e o Coelho, dando alguma folga às costas do PP (Paulo Portas), não é que o ex-director da PJ militar Alcino Roque vem pôr a boca no trombone berrando a plenos pulmões que o PP (esse mesmo) tem conhecimento de casos gravíssimos que se passaram e passam no seio das FA, muito mais graves que aqueles que se mencionaram publicamente, e nada fez? E que até o Juíz que estava entregue ao processo se demitiu das suas funções súbita e inexplicavelmente?
Mas já é azar do ministro. Então não lhe dão uma folgazita?
É que ninguém é de ferro. Nem o próprio Rodrigues, nem o PP (o mesmo), e nem a paciência de um martirizado povo que ainda ontem - dia 16 - mostrou que se recusa a continuar a sustentar esta desgraçada novela, digna da Venda do Pinheiro.

"Os portugueses" da TVI, adormecidos e embasbacados pela brilhante magnificência do Big-Brother Famosos não devem ser os mesmos Portugueses que agora mostraram à Nação uma coragem e vontade quase esquecidas. Estes estão vivos. É verdade que são sempre os mais avisados a prejudicarem-se na luta pelos mais desfavorecidos. Estes nunca farão qualquer greve, contribuindo ingenuamente para a manutenção deste perpétuo "bater no fundo" da democracia portuguesa. Nunca a farão, acima de tudo, porque poupam as migalhas que perderiam com o protesto – valor que, para si, é mais importante que a situação do país.
Está tudo dito.
Mas os Portugueses conscientes do estado da Nação (e pelos vistos até são mais do que se poderia pensar) aspiram por uma solução séria de governo. Não interessa se vinda do PSD, do PP - tirando o Paulo Portas, vade retro! - do PS ou do PC, desde que administre com seriedade e justiça os parcos recursos (impostos) roubados aos bolsos de quem trabalha. Porque os mesmos que recebem periodicamente os milhões do estado, para além de nunca pagarem um cêntimo, os utilizam afincadamente para o arruinarem.
Um governo que actue com o mínimo de decência, sem abafar milhões, sem traficar influências, sem se encher de luvas e comissões; e uma Justiça que puna os criminosos actos perpetrados contra a Pátria por uns, e encobertos por outros, é o que se tem necessitado por cá desde 1640.

joao.tilly@netvisao.pt

10.07.2002

Seia de costas voltadas para a Educação

O Ministério disponibilizou hoje os dados relativos às classificações do universo dos alunos das várias escolas secundárias do país relativamente aos últimos exames do 12º ano.
Das 619 Escolas observadas, a nossa Escola Secundária, a de Seia, ficou em 356º lugar. Quase 8% abaixo da Escola mediana, por acaso a de Mangualde. Felismina Alcântara, de seu nome.

É claro que uma montanha de vozes se levantou de imediato, vociferando contra tal iniciativa, rotulando este ranking desde aberrante até criminoso.
Que destrói a vaidade e o orgulho nas escolas.
Que destrói a vontade dos alunos de frequentarem a escola.
Que foi a pior coisa do mundo o classificarem as escolas por este método (ou por outro qualquer, presumo).
De tudo disse a presidente eterna do sindicato dos profs da UGT. Suponho que o da CGTP dirá o mesmo. E pensam estes presidentes destes sindicatos que estão a prestar um grande serviço a quem lhes paga o ordenado, dizendo o que dizem.

Mas não.
Por pior que tenha sido o critério escolhido para mostrar o que se passa nas escolas secundárias e, particularmente, para avaliar que preparação estamos a dar aos nossos adolescentes, a verdade é que as classificações nuas e cruas, com ou sem critérios regionais discutíveis associados, são imparciais.

Mais do que perder tempo a tentar antecipar as razões que terão levado o Ministério a esperar para os alunos de Seia uma média de 94.49 (negativa capicua), enquanto que para os de Mangualde, Nelas, S. Pedro do Sul , Pinhel, Oiveira do Hospital e Gouveia espera bem mais (só na Escola de Fornos o governo esperava resultados piores que os de Seia, vá-se lá saber porquê), preocupa-me, isso sim, a classificação final que os alunos obtiveram.

E o tristemente curioso é verificar que os alunos de Seia ficaram, em classificação pura, sempre abaixo dos seus congéneres das regiões vizinhas. Quer isto dizer que apesar de terem sido beneficiados pelo Ministério, que deles exige menos do que dos vizinhos, mesmo assim os alunos de Seia não aproveitaram essa vantagem e colocaram-se decididamente abaixo de todos os outros à excepção dos de Fornos de Algodres e de Celorico da Beira.

Alguns números: a média de Nelas foi de 104.46, a de Oliveira foi de 101.45, a de Gouveia foi 100.72, a de Mangualde foi de 96.06, e até a de Pinhel foi de 94.67.
Seia ficou-se pelos 92.87, já em terreno claramente negativo, mesmo abaixo da negativa já esperada pelo governo, que era, repito, de 94.49.

E agora? De quem é a culpa?
Dos alunos apenas?
Não, porque os alunos foram percebendo que a vida estudantil é não perder pitada dos big brothers, jogar e ver futebol, e fazer tudo menos estudar.
Estudar, nunca! Qual é o aluno do ensino básico que estuda em casa um quarto de hora, por dia? Muito poucos ou quase nenhum. A regra nesta região é não se fazer peva. Trabalhar é a excepção.
Também não tem sido preciso. Mesmo os alunos negativos durante todo o ano há muito interiorizaram que no 3º período é "meia de graxa" que a varinha mágica funcionará.

É da conjuntura política, a culpa?
Não, porque vivemos em democracia há 28 anos, nenhum destes alunos nem a maior parte dos pais sofreram a repressão e o obscurantismo do antigo regime, e a comunicação social, as novas tecnologias, a própria televisão, por muito pimba que se assuma, ainda difunde, em alguns conteúdos, o mundo e a cultura dos nossos dias. Não há censura; o que mais há é jornais, bibliotecas, e com total acessibilidade e completamente gratuito nas escolas, o maior banco de informação do planeta: a WWW - Internet.

Então será das escolas, dos edifícios, a culpa?
Não, e veja-se aquela onde trabalho, por exemplo: a Abranches Ferrão
Não imagino uma necessidade fundamental que lhe falte. Edifício e recheio impecáveis, salas de aula agradabilíssimas, óptima iluminação, quadros imensos, material didático de apoio à discrição, espaço envolvente maravilhoso, gimno-desportivo novo, biblioteca, ludoteca, cantina e videoteca irrepreensíveis. Auditório totalmente equipado com DVD surround. Clubes de jornalismo, Rádio, Cinema, Saúde, Floresta, galardão Eco-Escola, escola Unesco, cartão magnético interactivo da Escola, etc, etc, etc.

Então tem que ser dos professores, a culpa?
Assim acredito. Mas não pelas razões óbvias.
Não porque ganhem ordenados de ex-deputados sem fazer "nenhum" como os ex-deputados não têm, já, que fazer (embora tivessem, quando o eram).
Não porque se "baldem" ou porque não se interessem pelos alunos. Sei bem, porque lido com eles diáriamente, que todos dão o seu melhor - mesmo desterrados, desalojados, deslocados, e por tudo isso stressados - se não se dedicam mais ao aluno é porque, de todo, não conseguem.

Então porque é?
É apenas porque não exigem diáriamente dos alunos o trabalho que esses alunos têm obrigação de desenvolver, como é esperado e norma em todos os colégios privados, muito bem colocados no topo deste ranking. E de todos os outros rankings que quiserem fazer. Correctos e incorrectos. Ou acham que algum ministro tem filhos nas escolas públicas?
Porque os confundem no dia a dia, com a sua amizade e carinho, dando-lhes a entender que, desde que tenham ouvido falar da matéria e sejam bem comportados, isso é quase todo o caminho andado.
Porque o que mais os preocupa, verdadeiramente, é a indiscipolina dos alunos, que muitos professores também não têm a capacidade ou coragem de controlar, substituindo um procedimento disciplinar nítido por um "não fazer caso", que é a pior das soluções para a indisciplina.

É, assim, paradoxalmente, este comportamento "pro-positivo", "pro-pedagógico" e "pro-amenizador" do professor Senense "muita fixe" que, ao incutir no aluno o sentido da desculpabilização pela ausência do seu trabalho diário, vai alimentando esta medíocre e pantanosa atmosfera na nossa Educação regional, que este e quaisquer outros estudos, sempre que se façam, desgraçadamente reflectirão.

joao.tilly@netvisao.pt

9.25.2002

Portas sem helicópteros e helicópteros sem portas

(publicado no Expresso Online - leitor com opinião)

Até dói reconhecer que, neste país, quem cumprir a lei é, no mínimo, tótó.
O Ministro de Estado vem à televisão com toda a naturalidade do mundo informar que cometeu apenas um singelo crime fiscal: o de pagar por baixo da mesa, fugindo e fazendo fugir os seus credores a todos os impostos devidos.
Até aqui tudo normal para um ministro de um país do hemisfério sul.

Mas num heróico instinto de fuga para a frente mais se queixa, com a voz embargada pela actuação, que tudo isto lhe está a acontecer porque teve a coragem de anular o concurso dos helicópteros...

O ministro, imaginando que Portugal é uma quinta dos Sacadura Cabral, está consciente que pode lançar as maiores suspeições sobre tudo e todos, sem ter que o justificar nem identificar os virtuais criminosos.
Se o Ministro fosse um arrumador de carros ou um indigente, ninguém por certo o condenaria.
Mas apesar do que parece, ele ainda é um Ministro de Estado…
E se há interesses instalados nas Forças Armadas que ficaram melindrados com a não-vinda (para já) dos 10 helicópteros, também não será menos imprópria a seguinte especulação, fruto apenas da minha etérea imaginação:

Quem comprou os Helicópteros? Ele, não.
Quem recebeu as luvas (se preferirem chamemos-lhes comissões) na hora da adjudicação?
E 3% de 210 milhões quanto dá?
E já agora, quem iria pagar efectivamente a encomenda?
Será que os fornecedores se disporiam a gratificar novamente o cliente, só porque mudou o tesoureiro?

Penso que será do agrado de todos esta solução mais-que-batida em toda a parte do terceiro mundo quando toca a negócios de milhões e que é a seguinte: o fornecedor nunca entrega nada da encomenda, de comum acordo com o cliente, que por sua vez faz actuar as cláusulas indemnizatórias, com suspensão imediata do negócio.
Informa-se a população de que o negócio acabou e as razões pelas quais se interrompeu: Incumprimento de prazo de entrega. O povo respira de alívio, pensando que o ministro até lhe poupou uns tostões.

Entretanto passam-se 6 meses e o ministro fará saber em conferência de imprensa, com toda a pompa e circunstância, que depois de extenuantes e penosas negociações ocorridas durante largos meses na República Dominicana e nas Seichelles, o fornecedor aceitou compensar o Estado em 2 ou 3 milhões de contos pelo atraso verificado, e que nestas novas condições o Estado adquirirá finalmente os rotativos poupando, de facto, esse dinheiro.

Palmas! Ovações! Eférriás!
O ministro sai como um herói, o negócio concretiza-se na mesma e vai-se a ver... afinal não se verifica a tal diferença no preço total, que curiosamente passa até a ser algo superior porque entretanto se detectou que são necessárias algumas peças sobressalentes (hélices, portas, rodas, etc) não previstas aquando do negócio dos socialistas...

Lá se vai o "cacau" todo previsto no negócio inicial e mais algum.

Os fornecedores, agradecidos ao novo e magnânimo ministro, oferecem-lhe uma torradeira eléctrica como lembrança, porque de varinha mágica o ministro já está servido.

joao.tilly@netvisao.pt


25/9/2002


9.23.2002

Um MINUTO de silêncio...

Passado um ano sobre esse acto terrível, fizemos um minuto de silêncio pelos 3.000 americanos assassinados cobardemente por terroristas em 11 de Setembro de 2001.
Agora, pela mesma ordem de razões, devemos fazer:

VINTE E TRÊS MINUTOS de silêncio em homenagem aos 70.000 civis japoneses chacinados no bombardeamento a Hiroshima.

TREZE MINUTOS de silêncio em homenagem aos 40.000 civis japoneses pulverizados no bombardeamento a Nagasaki.

TRINTA E TRÊS MINUTOS de silêncio pelos 100.000 civis cambodjanos que morreram nos bombardeamentos ordenados por Nixon por sugestão de Kissinger.

QUATRO HORAS E VINTE E OITO MINUTOS de silêncio para homenagear os 750.000 civis norte vietnamitas que morreram nos bombardeamentos sistemáticos consecutivos à sua Pátria.

QUARENTA E TRÊS MINUTOS de silêncio pelos 130.000 civis iraquianos mortos em 1991 por ordem de Bush pai, por sugestão da Erron, hoje falida.

UMA HORA E QUARENTA MINUTOS de silêncio pelos 300.000 civis palestinos massacrados por Israel, à revelia de dezenas (todas até hoje) de deliberações da ONU, com armamento e apoio americanos.

UMA HORA E DEZ MINUTOS de silêncio pelos 200.000 Iranianos e Curdos mortos pelo Iraque com armas e dinheiro dados a Hussein pelos mesmos AMERICANOS que mais tarde se tornariam seus inimigos..

CINQUENTA MINUTOS de silêncio pelos russos e os 150.000 afegãos mortos às mãos dos Taliban, também com armas e dinheiro dos EUA.

CINQUENTA MINUTOS de silêncio pelos 150.000 mortos pelas tropas americanas na Invasão ao Panamá.

E mais CINQUENTA MINUTOS de silêncio pelos 150.000 inocentes nos bombardeamentos americanos ao Kosovo.

Fazendo isso, ficaríamos em silêncio ONZE HORAS e QUARENTA MINUTOS, deixando de fora dezenas de "missões" militares americanas oficiais e camufladas desde a Arabia Saudita a Cuba.
Portanto, UM MINUTO por TRÊS MIL americanos.
ONZE HORAS E QUARENTA MINUTOS por DOIS MILHÕES E QUARENTA MIL PESSOAS.

Nota final: Apesar de este presidente Bush ostentar um QI que, da última vez que foi medido, se situava 40 pontos abaixo do normal para um cidadão americano (segundo a revista Newsweek), ultrapassando na História Americana recente somente o pai que se situava apenas 20 pontos abaixo do normal, numa coisa ambos têm toda a razão: há que erradicar o terrorismo no mundo.

8.26.2002

O mecanismo de legitimação da mediocridade

Mais grave do que continuarmos a ocupar teimosa e convictamente o último lugar no ranking dos países da Europa no que se refere aos parâmetros civilizacionais (saúde, nível de vida, cultura, protecção social, habitação) e consequentemente o primeiro nos da desgraça (droga, alcoolismo, sida e analfabetismo), é o termos adoptado institucionalmente uma estranha displicência relativamente ao que mais nos devia preocupar.
Parece ser cada vez mais preciso saber o que se passa com o Jardel, se a mulher lhe foi mesmo infiel ou se era ele que o gastava todo nas casas de alterno, se o Valentim Loureiro é muito ou pouco corrupto ou se a imbecil do Masterplan deu umas chapadas na outra que lhe é igual, recolhendo, através disso, mais popularidade.

*A Popularidade contra a Qualidade*

Detenhamo-nos sobre este novo fenómeno que tudo legitima e tudo desculpa, porque este é, estou cada vez mais certo, uma das primeiras causas perpetuadoras do nosso subdesenvolvimento: a popularidade profissional.
Quase toda a gente anseia, nos nossos confusos dias, por ser muito popular. Por ser o mais simpático possível aos olhos dos outros. E não me refiro apenas aos políticos profissionais ou seus aspirantes, que precisam dessa popularidade na hora do voto, nem só à dos comerciantes, da qual tradicionalmente depende a sua sobrevivência.
As televisões continuamente a fomentam para si e para os seus – para os assuntos que promovem, sejam programas ou notícias, apresentadores ou estratégias.
E o mais traiçoeiro e vil paralelismo acaba por se estabelecer na sociedade menos avisada (quase toda ela) entre o que é popular e o que é bom.
Não há nem nunca houve verdade nessa analogia.

Compreendemos por recurso à História, Sociologia e à imprescindível observação diária que o que é, em dado momento, o mais popular, nunca é o melhor. Simplesmente porque o povo, na sua esmagadora maioria, e desde que há registos, nunca possuiu as ferramentas nem as habilitações que lhe permitissem aprofundar critica e coerentemente qualquer assunto ou domínio por mais banal que este fosse (salvaguardando o pontapé-na-bola, tradicional e singular "ciência" portuguesa, relativamente à qual até o mais analfabeto é catedrático).

A partir de um nivel de abordagem mais ou menos superficial, 99% das pessoas não consegue prosseguir nas suas análises por falta de argumentação científica capaz e consolidada.
E porquê?

Só no corpo e no vestir, investir!
Porque somos um povo latino. Não se estuda, dá muito trabalho, não há interesse na população em aprender, não há pachorra para perder tempo a cultivar o cérebro. Apenas no corpo e no vestir é obrigatório investir (também é mais fácil, não é?), ou seja: no visual que directa e eficazmente impressiona os outros, igualmente menos bafejados em equipamento pensante, e que outro remédio não têm do que fazer, também eles, precisamente o mesmo.
Uma pescadinha-de-rabo-na-boca em que quanto mais bronco mais amigos (broncos) se tem (mais popular se fica), e quem não for muito estúpido está feito, porque dificilmente encontra muitos interlocutores (menos amigos = menos popularidade), o que prejudica desde logo, por exemplo, uma carreira política, na província.
Concluindo esta ideia: para se ter sucesso na política no interior é necessário e fundamental estar ao nível do povão eleitor, e portanto, não ser NUNCA brilhante.
Curioso e merecedor de estudo aprofundado é depois o fenómeno da inveja e maldicência daqueles que contribuiram, votando, para colocar as pessoas nos cargos públicos, quando se apercebem das vantagens e benefícios que esses candidatos adquiriram, pessoal e profissionalmente, por via dessas eleições.
Mas este é um assunto para outra crónica, complementar a esta, para quem as coleccionar.

Retomando o raciocínio: pela mesma ordem de razões, em Portugal, devia a TVI ter vergonha em vez de orgulho, em propagandear a sua pretensa qualidade em função do share liderante – e aqui está uma outra prova real do que defendo.
Não há coisa mais desgraçada que uma estação de televisão em que as notícias são substituídas pelo miúdo das vacas que queria o Mantorras, e pelos casamentos dos atrasados mentais do Big Brother e dos baptizado dos respectivos filhos.
E logo vem a SIC no seu encalço, com todas as misérias de que é capaz, Masterplan, astrologias e tarots de manhã até à noite, e noticiários em que se metem a balbuciar em dialectos inimagináveis todos os mentecaptos que descobrem nas aldeias mais recônditas, disputando com a inqualificável TVI o share, que não a qualidade, no negro e contínuo derby "Carnaxide – Venda do Pinheiro", cujo desfecho será sempre um zero-zero, mas até agora registando um resultado catastrófico para o espectador médio que é, na sua esmagadora maioria, constituído pelo povo desprotegido e ileterado.
O mesmo povo que, com toda a atenção que nunca dispensou à escola, todo este lixo vai absorvendo e toda esta incultura sofregamente consumindo, de olhos arregalados, para não perder pitada.

*A preversão do mecanismo*

Este mecanismo de perpetuação da mediocridade em que é sempre e só valorizado aquilo de que o povo parece gostar, muitas vezes por recurso à estratégia de previamente se anunciar que determinados produtos, serviços ou pessoas são os mais populares, desvaloriza a real qualidade dos sujeitos e retira a esse mesmo povo qualquer resquício de análise ou dúvida, por inútil.

Deixo outro exemplo tão real quão caricato:
Na política, no Big Brother e no Masterplan ganha-se e perde-se pelo voto popular.
Em 1928 um analfabeto não podia votar. Hoje, já pode.
(Em vez de termos conseguido debelar o analfabetismo, conferimos-lhe direitos, legitimando-o. Tal como recentemente, com os touros de morte).
Um voto imbecil vale tanto quanto o de um professor da Universidade ou o de um investigador. Com uma diferença: há infinitamente mais ignorantes que intelectuais.
Os intervenientes – candidatos, concorrentes - e os demais ficam convencidos, quando ganham, que são melhores que os concorrentes que perderam (tiveram menos apoio).
No entanto não se submeteram, vencedores e derrotados, a nenhum juri qualificado. Submeteram-se, isso sim, ao juri mais desqualificado que imaginar se possa: ao povo.
Do qual, metade não compreende o que lê, e 95% nunca há-de conhecer a História do país, nem a sua imensa cultura, para não mencionar o resto do planeta e o seu enquadramento: o sistema solar, a via láctea…
Portanto: é uma maioria de desprotegidos intelectuais aquela que decide uma eleição aberta, o que corrobora e confirma a tese sobre a qualidade dos políticos eleitos.

E é, ainda por cima, abjectamente perverso, o mecanismo.
Porque ao valorizar o popular, atribui a cada pessoa capacidades de julgamento que ela, de facto, não tem.
O povo sente-se lisonjeado ao perceber que detém, no fundo, e sem que para isso reúna quaisquer qualificações, alguma espécie de poder: o de popularizar e com isso "qualificar" e "legitimar" produtos, serviços ou pessoas.
Nada mais falso.
As Histórias dos povos mostram o contrário, em cada passagem.
A História de Portugal não aponta em sentido diverso.
A prova é que continuamos em último lugar na Europa apesar do Emanuel Pimba, do Quim Barreiros, da TVI, da Ágata, da Teresa Guilherme, do Guterres, e do Eusébio.

26/8/2002
joaotilly@netvisao

7.18.2002

O Fogo: a Indústria que interessa a todos

Mais um verão, menos uns milhares de hectares de floresta, mais uns milhões gastos em combater os incêndios que "os portugueses" (à TVI) ateiam por este país fora numa negra e cíclica aritmética à qual ninguém parece querer pôr cobro.

E seria tão fácil acabar com os fogos florestais… bastaria colocar as inúteis e ridículas Forças Armadas Portuguesas, que nos custam 300 milhões por ano, a vigiar as florestas, para anular 95% deles, como subitamente o iluminado ministro Portas parece ter descoberto.

É claro que sempre se discutiu esta medida mas nunca ninguém a quis implementar.
E porquê?
Em primeiro lugar, pelo risco que ela envolve.
A vigilância, para surtir efeito, teria que ser realizada também no interior das matas e não apenas nas estradas circundantes. O que implicaria o risco de um qualquer grupo de vigilantes se ver subitamente cercado pelas chamas que irrompem às mais extraordinárias horas da madrugada e logo que os rastilhos, muitas vezes literalmente "caídos do céu" , detonam a incrível carga térmica que cobre os solos florestais.
Um incendiário profissional provido de meios próprios (alguns justamente destinados ao combate dos incêndios que ateiam) pode iniciar um inferno em meros 2 ou 3 minutos.
É claro que, para o extinguir, serão necessárias dezenas de homens e de viaturas, alguns aviões e helicópteros e vários dias de ininterrupta luta intensa e desigual.
Entretanto surgem invariavelmente outros incêndios nas imediações, provando que os mesmos criminosos não temem ser descobertos e por isso continuam a desenvolver com toda a impunidade a sua rentável actividade sazonal.

Em segundo lugar, porque de facto – e isto é que é o mais grave – a verdade é que não interessa a quase ninguém a redução drástica do número anual de incêndios.
Nem às empresas que fornecem as centenas de milhares de contos de equipamentos de combate ao fogo, e que, para isso, recheiam as "luvas" de quem superiormente decide essas aquisições, nem às autarquias que recebem os correspondentes subsídios para esse combate, nem às empresas detentoras dos meios aéreos, nem àquelas que os alugam e sub-alugam às seguintes, nem às corporações de Bombeiros quer Voluntários (se ainda houver verdadeiramente alguma) quer profissionais, porque isso implicaria de imediato os cortes de verbas, de equipamentos e de meios para o ano seguinte.
Apenas a área ardida interessa ir diminuindo de ano para ano, porque é esse o argumento factual que permite manter a Indústria do Incêndio a laborar com o sucesso que se lhe reconhece.
O que não tem acontecido na Vide ou em Nelas onde, em apenas 5 dias, desapareceu mais de 50% da área florestal.

Por outro lado, devemos reconhecer que é, paradoxalmente, o braseiro que paga a actualização dos meios necessários ao bom desempenho dos Bombeiros na prestação de um serviço de qualidade à população.
Se não houvesse incêndios, não haveria verba para distribuir à fartazana pelos vários interessados e intermediários do negócio, mas isso também implicaria, por exemplo, menos ambulâncias e meios técnicos para as Corporações.
Na realidade a Indústria Incendiária só não interessa mesmo ao contribuinte, ao ambiente e ao desgraçado que ficar sem a mata. E mesmo este acaba por vender a madeira queimada logo a seguir e sempre realiza algum.
Menos mal.


"O fogo-posto fica impune em Portugal"

E que concluir sobre a impunidade dos (poucos) criminosos apanhados a atear incêndios?
Só em 2001 a GNR e PJ investigaram cerca de 15% dos fogos ocorridos e identificaram 377 indivíduos suspeitos de o terem provocado. Extrapolando para o período anual, entendemos que provavelmente haverá mais de 2500 incendiários activos por ano.
Apesar deste facto, nos últimos cinco anos, apenas 185 arguidos foram julgados por crimes de incêndios florestais, e destes somente 4 (quatro!) cumpriram penas de prisão.
As estatísticas do Ministério da Justiça indicam que metade dos réus acusados de fogo posto foram absolvidos e aos restantes foram aplicadas multas ou penas suspensas.
Para ajudar à festa, a «época de fogos», que chegou em força há 2 semanas atrás "apanhou desprevenida" a vigilância das florestas, onde só metade dos postos de observação estavam ocupados. Mais de 100 postos de vigia não tinham ninguém a vigiar coisa nenhuma…

Os números da indústria

Esta semana foi anunciado pelo ministro Figueiredo Lopes que passam a estar ao serviço permanente para o ataque ao fogo: 34 aeronaves, 41.000 bombeiros (só pode ser um ligeiro lapso do ministro!!!) e 700 viaturas.
A previsão de gastos com esta indústria para o resto da época (que termina já em Setembro) é de 27 milhões de euros. A somar ao que já se gastou e não foi orçamentado e à inevitável e bem portuguesa derrapagem orçamental, lá teremos os 10 milhões de contos do costume.
Prejuízo dez vezes maior que aquele que os incêndios causarão.

Portanto, tal como acontece com a Indústria da Contrafacção, que é incentivada pelo Estado Português pela sua não-punição (com o inacreditável argumento que "essa indústria também dá de comer a muitos milhares de portugueses"…), ou como se verifica com a Indústria da Droga, igualmente acarinhada no nosso país (ao subsidiarem-se os manifestos vendedores de cocaína e heroína com o rendimento mínimo garantido, enquanto de desculpabiliza por todos os meios o seu consumo), também somos levados à conclusão de que parece ser politicamente incorrecto o combate radical ao fogo destruidor do nosso oxigénio e do nosso planeta, fogo esse que, por contraponto, vem proporcionando simultaneamente umas míseras migalhas aos que mais se esforçam, enquanto que o verdadeiro e lauto banquete anual é servido, como sempre, à mesa dos mesmos.
Queira Deus que não seja apenas o choque do meteorito de 1 de fevereiro de 2019 que resolva este e todos os outros problemas.

Esperando que nenhum soldado da paz seja engolido, este ano, pela voracidade do nosso perpetuado subdesenvolvimento e pela criminosa falta de coragem dos nossos imitadores de políticos, banais e toscas marionetas manipuladas pelos Grandes Ventríloquos Belmiros, Jardins-Gonçalves e Murteira-Nabos, me subscrevo com elevada estima e consideração pelos primeiros e o mais profundo dos desprezos pelos segundos.

João Tilly 18/7/2002




6.08.2002

MundialIVA

(publicado no Expresso Online - leitor com opinião)

No exacto dia em que o IVA, o imposto mais estúpido porque o menos descriminatório, cresceu 11,8%, colocando os portugueses definitivamente no topo Europeu dos que pagam para um Estado que pior lhes retribui, a nossa selecção de super-estrelas leva 3 seguidos do último classificado do campeonato anterior, paralizando toda a população futeboleiro-dependente que, incrédula e até ali anestesiada pelo moderno ópio do povo, via no Figo a redenção para o seu subdesenvolvimento e no Rui Costa a panacéia para a sua incultura.

Mas nem tudo correu mal. Conseguimos recuperar 2 dos 3 e se a partida não acabasse, ainda agora os Americanos estariam a correr. Os "nossos" maravilhosos craques jogam em camera lenta, muito mais artístico e estético que a velocidade normal, até porque proporciona uma melhor visão das chuteiras Nike e Adidas dos contratos dos actores; perdão, dos jogadores.

Aquele conceito de velocidade no-stress, a fazer inveja ao decano do nosso cinema, Manuel de Oliveira, foi concebido, naturalmente, por similar espécie estático-arbórea: mister António Oliveira a quem só falta o sobrenome, a escolaridade mínima obrigatória e ter nascido em Sta Comba Dão para ficar, tal como o seu homónimo, imortalizado no ranking dos mais parados dirigentes da História moderna.

Por contraponto aos jogadores, que mal se mexem, continua em corrida desenfreada a nossa Manuela Ferreira Leite, bastante mais enérgia e desimpedida, a despachar tudo em todas as direcções, aumentando impostos ao mesmo tempo que despede funcionários, ignorando deliberadamente as consequências sociais que tais despachos provocam de imediato.
É uma recorrente filosofia de direcção perfilhada em simultâneo pelo seleccionador: Vamos fazer assim… e depois, logo se vê.

E se a ministra pode corrigir a mão (à Guterres), já o mister o não pode fazer; nem o Baía pode evitar os frangos, nem o Figo, as lesões.

Mas os portugueses podiam evitá-los a todos.

A cabeça cheia de Figos e Oliveiras relega naturalmente para quarto plano temas de somenos importância como a saúde, educação, habitação e protecção social.
O raciocínio toldado pela bola e turvo pela selecção desprotege intelectualmente uma população cada vez mais desenquadrada da da europa desenvolvida.

Neste contexto, a estratégia de subir o IVA a meio da semana e do mês, no exacto dia do primeiro jogo da selecção, é simplesmente assustadora.
Mostra até que ponto o governo sabe poder arriscar na distracção popular, tratando os cidadãos como pequenas criancinhas, a quem se dá um guizo para desvalorizar o açoite.
Tal inqualificável medida constitui, por si só, um verdadeiro insulto à inteligencia da população ainda não alienada.

"Os portugueses", agarradinhos ao guizo, só acordarão desta auto-anestesia geral quando evidentemente terminar a nossa presente participação no Mundial.

E se chegássemos a ser campeões?
Com 9 milhões nas ruas a berrarem o "porque não fico em casa" nos 3 dias seguintes, para quanto poderia o governo reaumentar as portagens e o IVA?



João Tilly




5.20.2002

Portugal Loro Sae

Aarons de Carvalho, Jorge Coelho, e Marques Mendes – eis os três gigantes Homens Políticos que, paulatina e orgulhosamente, conseguiram reduzir a RTP, e tudo onde tocaram, à sua expressão mais simples.

O primeiro, em pânico, desmarca-se agora acusando o seu chefe e tutor (António Guterres) de nada ter ligado à Televisão.

Os segundos e terceiros, calados como ratos, esperam que a crise passe.

O povo discute, entretido e entretanto, o Conselho de Opinião e a lesão do Figo.
Deve ter poderes? – o primeiro
Vai estar a 100%? – o segundo

Ora está tão claro como a água do Trancão que:
O Conselho de Opinião (porque, pelos vistos também há conselhos que nunca emitem opinião nenhuma) deve ter os mesmos poderes dos Conselhos de Opinião da TAP e da CP falidas.
Ou seja: zero.

Por seu turno, o Governo que dirige o destino da Nação (porque também houve governos que nunca o dirigiram) deve ter as mesmas responsabilidades de todos os anteriores, pela delapidação do património da RTP, e pela nomeação das Administrações que a destruiram ao longo de 12 longos anos.
Ou seja, zero.

Os trabalhadores e os contribuintes (porque a maior parte também foge ao fisco o quanto pode) devem continuar a pagar os milhões todos que forem necessários para que os governantes e os conselheiros possam continuar a transferi-los para as empresas dos amigos.
Ou seja, como sempre.

Marques Mendes deve continuar a rir-se porque conseguiu, sozinho, provocar um prejuízo de 63 milhões de contos à RTP ao oferecer os emissores ao amigo Murteira Nabo que os alugou, à mesma RTP, anualmente, ao preço da compra - por especial favor - altruismo ímpar que todos os portugueses deveriam, se fossem reconhecidos, agradecer.

Jorge Coelho, o grande impulsionador da sócia-lista e o equivalente beirão do padrinho D. Corleone, deve continuar em impávido low-profile. Dá ideia que não é nada com ele, que nunca tutelou a RTP nem nomeou nenhum conselho de administração que contratasse nenhum Rangel, e, no fundo, até temos que lhe dar razão.
Pois se nada lhe aconteceu na sequência da catástrofe de Entre-os-Rios, porque é que iria acontecer agora?

O Ministério Público, por sua vez, deve continuar a fazer jus à justiça que temos, continuando a não processar ninguém e os Juízes a não mandarem prender preventivamente estes grandes vultos da nossa política que, firmes e hirtos à espera que a crise passe, confiam, como sempre, na memória, digo, na "vaga ideia" nacional.

Figo deve continuar a filmar os anúncios para todas as marcas que existem e, nas horas vagas, a jogar futebol.

Em Seia, Serra da estrela, deve continuar a ser proibido adoecer ao domingo.
É o dia de folga do laboratório do Hospital e por isso, de cada vez que for necessária uma mera análise à urina, que demora 15 segundos, lá vai mais uma ambulância e dois bombeiros para Coimbra, passar o dia.
Pagam os mesmos.

Os portugueses devem continuar a compreender as prioridades dos governantes e governantas, e hão-de reconhecer que depois de tanta centena de milhões de contos dos seus impostos investida na TAP, RTP, CP e agora nos novos estádios e suas acessibilidades, é evidente que não pode haver nem mais uma migalha esbanjada na Saúde, Educação e Segurança Social. É que ele, efectivamente, não estica…

Em suma: Para que se continue a cumprir Portugal Loro Sae é fundamental que o povo, na sua infinita sabedoria, continue a preferir o futebol à saúde, e Fátima à escola.

20/05/2002
João Tilly

5.13.2002

É mantê-los todos lá dentro.

Também não se há-de acabar com tudo, e atirar com aqueles grandes profissionais para as ruas da amargura, não é?

Nós, os portugueses, sempre fizemos jus à tradição de saber agradecer a quem durante muito tempo nos aliviou as consciências prestando-nos um público serviço quer na RTP, quer noutro qualquer organismo público.

E ainda não estamos no comunismo.

Assim:

A Sra D. Júlia Pinheiro ganha só 7100 contitos e a berrar justifica-os bem.

Evita à RTP e ao Sr Nabo a despesa dos transmissores de áudio naqueles dois lindos programas de serviço público deles.

Sobretudo no Gregos e Troianos, onde ela consegue distorcer mais os altifalantes da televisão sózinha, do que todos os outros inteligentíssimos convidados juntos.

Aquilo sim, é categoria!

A senhora faz-nos explodir com tão alto volume de cultura!

Bem hajam sra D. Júlia e sr. Rangel, pelo muito que haveis contribuído para o desenvolvimento intelectual das famílias portuguesas, e continuai...

...continuai a arrecadar elogios na vossa altruísta missão, prosseguindo sem pestanejar o caminho para o V. banco de dados onde depositais todos os meses aqueles imensos balúrdios de informação, frutos do carinho e atenção que tendes pela V. séria e pública profissão.

Os portugueses continuarão a empenhar-se de corpo e alma no sentido de vos proporcionar o melhor nível possível de audiências, para que possais continuar a investir nesse vosso bonito Serviço.

Cumprimentamos também os dois super-jornalistas pivots que, desinteressadamente e com grande prejuízo das suas vidas pessoais, nos concedem a ventura de, por apenas 3100 contitos por mês, cada um, nos transmitirem personalizadamente aquelas magníficas notícias, tão criativamente trabalhadas, durante 3 telejornais inteiros por semana!

E não poderíamos esquecer o mentor de toda esta genialidade, o paladino dos fracos e oprimidos, que pelo público a tantos deu, embora ao sr Rangedor não precisasse de dar muito, porque este grande anti-materialista sempre foi um homem simples e comedido. Por apenas 8700 continhos por mês, um mísero cartão ilimitado e apenas 2 (pasme-se!) apenas dois, sublinho, singelos telemóveis sem plafond, este grande vulto muitas tem feito e a todos tem servido.

Agradecemos de todo o coração, dizia, como é nosso dever, ao mentor, ao estratega, ao genial conceptualista deste lindo serviço público que temos: o sr. eng. Dr. arq. ímpar gestor Aarons de Carvalho.

Era da mais elementar justiça que este monstro sagrado da comunicação televisiva tivesse já perpetuado, pelo que fez por nós, o seu lugar lá dentro, bem dentro daquelas 4 paredes da Av. 5 de Outubro.

Somos bem venturosos, os portugueses.

Por isso agradecemos à Virgem, neste dia apropriado, rogando à sua Divina Autoridade que, por tudo o que têm feito à RTP, se digne mantê-los e conservá-los a todos eles lá dentro, por séculum seculórum.



Era Digno e Justo.

João Tilly, 13 de Maio de 2002

É mantê-los todos lá dentro.

Também não se há-de acabar com tudo, e atirar com aqueles grandes profissionais para as ruas da amargura, não é?

Nós, os portugueses, sempre fizemos jus à tradição de saber agradecer a quem durante muito tempo nos aliviou as consciências prestando-nos um público serviço quer na RTP, quer noutro qualquer organismo público.

E ainda não estamos no comunismo.

Assim:

A Sra D. Chúlia ganha só 7100 contitos e a berrar justifica-os bem.

Evita à RTP e ao Sr Nabo a despesa dos transmissores de áudio naqueles dois lindos programas de serviço público deles.

Sobretudo no Broncos e Manganos, onde ela consegue distorcer mais os altifalantes da televisão sózinha, do que todos os outros inteligentíssimos convidados juntos.

Aquilo sim, é categoria!

A senhora faz-nos explodir com tão alto volume de cultura!

Bem hajam sra D.Chúlia e sr. Rangedor, pelo muito que haveis contribuído para o desenvolvimento intelectual das famílias portuguesas, e continuai...

...continuai a arrecadar elogios na vossa altruísta missão, prosseguindo sem pestanejar o caminho para o V. banco de dados onde depositais todos os meses aqueles imensos balúrdios de informação, frutos do carinho e atenção que tendes pela V. séria e pública profissão.

Os portugueses continuarão a empenhar-se de corpo e alma no sentido de vos proporcionar o melhor nível possível de audiências, para que possais continuar a investir nesse vosso bonito Serviço.

Cumprimentamos também os dois super-jornalistas pivots que, desinteressadamente e com grande prejuízo das suas vidas pessoais, nos concedem a ventura de, por apenas 3100 contitos por mês, cada um, nos transmitirem personalizadamente aquelas magníficas notícias, tão criativamente trabalhadas, durante 3 telejornais inteiros por semana!

E não poderíamos esquecer o mentor de toda esta genialidade, o paladino dos fracos e oprimidos, que pelo público a tantos deu, embora ao sr Rangedor não precisasse de dar muito, porque este grande anti-materialista sempre foi um homem simples e comedido. Por apenas 8700 continhos por mês, um mísero cartão ilimitado e apenas 2 (pasme-se!) apenas dois, sublinho, singelos telemóveis sem plafond, este grande vulto muitas tem feito e a todos tem servido.

Agradecemos de todo o coração, dizia, como é nosso dever, ao mentor, ao estratega, ao genial conceptualista deste lindo serviço público que temos: o sr. eng. Dr. arq. ímpar gestor Aarons de Catano.

Era da mais elementar justiça que este monstro sagrado da comunicação televisiva tivesse já perpetuado, pelo que fez por nós, o seu lugar lá dentro, bem dentro daquelas 4 paredes da Av. 5 de Outubro.

Somos bem venturosos, os portugueses.

Por isso agradecemos à Virgem, neste dia apropriado, rogando à sua Divina Autoridade que, por tudo o que têm feito à RTP, se digne mantê-los e conservá-los a todos eles lá dentro, por séculum seculórum.



Era Digno e Justo.

João Tilly, 13 de Maio de 2002

5.10.2002

Sobre a extinção da RTP e o tão propalado Serviço Público de Televisão... O serviço público que o público não quer

Continuo a achar um piadão a todos os pensadores que, acabadinhos de acordar de um sono profundo de década e meia, aparecem agora aos saltos defendendo acérrimamente a urgência da instituição de um SPT - serviço público de televisão, e a consequente liquidação da RTP1 enquanto canal generalista, porque totalmente esvaziado de conteúdos e apenas competidor, em baixa, com as bambochatas da SIC e TVI.

Informo gratuitamente estas dezenas de Karl Poppers de bolso que o povo, na sua imensa e esmagadora maioria, e por todas as razões ideossincráticas e mais algumas, nunca perderá tempo a ver coisa que se revista de um mínimo de qualidade ou solicite a mais básica das ponderações.
Pelo menos nos próximos 100 anos, com tendência a piorar.

Mais informo que os programas que apelavam antigamente para o raciocínio ou interiorização de conceitos não-básicos foram sendo progressivamente banidos do mainstream, por se provar a sua continuada impenetração na audiência.
Mais: cedo se percebeu que uma programação que não roçasse o mais baixo que o ser humano é capaz se mostrava ruinosa para a sobrevivência das estações que ingénuamente tentaram promovê-la, na medida em que um programa não-estúpidificante provoca de imediato centenas de milhares e mesmo milhões de espectadores em desabrida para as concorrências que, súbita e desmesuradamente, se vêem engordar, independentemente das suas próprias programações do momento (desde que igualmente imbecis, é claro).

Este efeito de zap pernicioso atirou dezenas de pequenas estações regionais nos EUA para a mais negra falência e obrigou muitas outras grandes estações a "corrigirem-se" editorialmente a fim de, simplesmente, conseguirem sobreviver.

Mas também era só ler.
Está tudo estudado, publicado, defendido em milhares de teses por esse mundo fora. Não se inventa a pólvora aqui.
As outras televisões generalistas por todo o mundo desenvolvido são iguais ou piores que as nossas.

Em Portugal - o país em que se instituíu que a popularidade deve substituir a competência - devíamos continuar a ser criativos.
O que é recomendável e popular aqui é precisamente o inverso do defendido para a RTP: mais canais a darem o mesmo, para que o povo possa ter acesso a novelas e futebol ininterruptamente, enquanto o futebol e as novelas dos canais concorrentes estiverem em pausa para o publicitário intervalo.

"Os portugueses" (como lhes chama a TVI) aderem em massa a este formato, legitimando aquele que parece ser o verdadeiro serviço público reservado à televisão em Portugal: A transmissão de "reality shows" em sessões contínuas.

Mais generalismo implica, por outro lado, descida dos preços na publicidade aos pensos higiénicos e aos detergentes para a louça.
Todos ganhamos com isso.
Ficaremos a conhecer muitas mais marcas que lavam 1 milhão de caçarolas com meia gota, pensos que deixam respirar e fazer o pino, e iogurtes que possibilitam a levitação de todas as senhoras obesas que os carregarem, às caixas, nos hipermercados.

A guerra Quixotesca a favor da cultura do povo está perdida por definição, porque o povo simplesmente não quer ser chateado com cultura de nenhuma espécie.

Quer é circo. E isso tem. Portanto é feliz.

A Manuela Ferreira Leite pode continuar descansada.

9/5/2002

5.06.2002

O braço do 5º Poder

No limiar do 21º século, é notório que quase ninguém sabe quem manda em quê, neste país à beira-mar despreocupado.

A realidade é que uma classe mandante e profissionalmente discreta labora incessantemente por detráz dos seus homens-de-mão, cuidadosamente escolhidos e estratégicamente colocados nos cargos públicos para "darem a cara" (enquanto a elite se entretem nos seus sumptuosos hotéis a dar outra coisa), qual Truman Show sinistramente real.
E a prova disto é que o próprio Primeiro Ministro não faz o que quer. Este, fartou-se de prometer um "choque fiscal" e ele de facto aí está… mas de sinal contrário.

*Quem controla o Governo?*

O Primeiro-Ministro não é, está visto.
Justificando-se ora com a conjuntura interna ora com a externa (com aquilo que lhe der mais jeito), os PMs sempre deram os golpes-de-rins necessários, na estrita obediência a quem de facto escolhe as políticas a implementar – a Alta-Finança nacional. Em Portugal, esta é liderada, mas não monopolizada, pelo grupo BCP de Jardim Gonçalves (JG).
Chamemos-lhe hierarquicamente o 1º poder.

É claro que esta "modesta" Alta-Finança nacional (comparticipada ainda assim por grandes grupos financeiros Espanhóis, Franceses Belgas e Suiços) se alicerça nos grandes negócios internacionais e "descansa" em todos os off-shores, imensos paraísos fiscais em que os triliões rodam permanentemente à ganância, sem que os Estados que os vêem passar à frente do nariz recebam mais que uma mera migalha do que deveriam cobrar por idêntico volume de transacções e lucros reais.
Um dia, Carlos Carvalhas e seus camaradas(?) perceberão, esperemos que ainda durante este século, que isto sempre assim funcionou. Não é de agora.

A este 1º poder, contudo, também não lhe será permitido evoluir desmesuradamente, porque o verdadeiro Grande Poder nunca deixará. Se JG continuar a crescer permanentemente fora de portas para além de um limite tácitamente aceite pelos seus pares, algum Gigante Financeiro o absorverá, de imediato.
JG ficará comodamente sentado na presidência de um Grupo Ibérico e receberá as suas directrizes dos Estados Unidos, naturalmente.

(aparte: Nessa altura já Paulo Portas pertencerá aos quadros do BCP, tal como Murteira Nabo, os filhos do Belmiro e António Guterres, entretanto despedido do privatizado IPE).

E porquê dos Estados Unidos, perguntará um despreocupado (português) leitor?
Porque é ali que se produz a Informação a difundir.
Daí provêm as directivas estratégico-financeiras; é ali que se elabora a planificação global do planeta.
Nos EUA se decide quais os países a apoiar, quais as populações a abandonar, quais as armas a vender, os conflitos a fomentar, e quais os terroristas a arcar com as culpas.
Tudo com o sublime propósito da "safeguard of Freedom and Human Rights", o que significa, em português: perpetuar o domínio do Tio Sam sobre a Terra.
Só não se decidiu nos EUA (e mesmo assim, não sei…) foi o 11 de Setembro.

*O 4º Poder*

Olhemos para o Fluxograma e para Portugal, hoje:
A Alta-Finança controla os Governos e a Justiça. Os governos tentam influenciar, por seu turno, a mesma Justiça.
Esta, não influencia absolutamente nada. Nem sequer os comportamentos sociais da população anónima.

(A Justiça portuguesa, pela sua inacção e somatório histórico de erros crassos, está absolutamente esvaziada de credibilidade e ética, neste momento. É vista pela generalidade da população como um mero jogo de azar em que ganhar ou perder, ser-se sentenciado como criminoso ou herói é perfeitamente aleatório).

Bruxelas dirige os Governos. Traça as directivas comunitárias a que todos os Estados membros se obrigam, no desafinado Concerto das Nações.
O Governo controla, pelo menos aparentemente, o Aparelho de Estado civil e militar.
A Mega-Finança Americana domina todos os anteriores à distancia, não se fazendo rogada em influenciar, pontualmente, os governos, os destinos dos povos e seus territórios, de acordo com os seus "legítimos" interesses estratégicos, no momento.

E temos convivido com um 4º poder – o dos média – que até aqui tem contribuído para "equilibrar o barco", fazendo grande contenção a muitos dos exageros dos governos e seus patrões.
Apenas o risco da exposição pública da corrupção generalizada a tem obrigado a obedecer a alguma discrição e a efectuar a maior parte dos recuos. A desaparecer este risco, o país transformar-se-ia numa selva de predadores em plena acção à luz do dia, num cenário dantesco de consequências inimagináveis.

Sabemos que os Governos, as Câmaras e as Polícias SÓ acorrem prontamente a resolver os assuntos mediatizados nos noticiários das TVs e nas parangonas das primeira páginas.
O resto, o que é menos visto… não é lembrado, e assim fica, ao Deus-dará.
Por isso, as populações em aflição já não recorrem aos órgãos de poder convencionais.
Recorrem à exposição e à visibilidade dos média, para resolverem rápidamente os problemas que, pelas vias burocráticas dos poderes normalmente instituídos, tarde ou nunca se resolveriam.
O 4º poder tem sido, em grande medida, o Robin dos Bosques dos pobres; o que mais tem valido aos fracos e oprimidos, neste país.

*E se um 5º poder "engolir" o 4º?*

Deparamos hoje, neste contexto, com um cenário bastante inquietante:
É que a alta Finança está a comprar os média por toda a parte, e mais rápidamente do que os espanhóis compram o Alentejo, ou que o Belmiro arrecada os milhões do Estado, o que me deixa muitas dúvidas sobre o seu verdadeiro propósito, ainda mais sabendo que este negócio – o da informação - não é da China, muito pelo contrário.
Na verdade, a maior parte dos jornais e estações de televisão convivem com passivos que não auguram grandes expectativas sobre a segurança e rentabilidade do investimento. Das 3 Estações de TV portuguesas, por exemplo, nenhuma apresentou lucros no exercício de 2000, sendo que 2 delas acumularam prejuízos na ordem dos vários milhões de contos.
Portanto, o negócio, quando falamos dos média, não é o lucro: É outra coisa.

No momento em que escrevo, a Impresa, o Grupo Lusomundo e o Grupo Media Capital controlam a quase totalidade dos média privados em Portugal: Televisões, Rádios e Jornais, dando emprego aos principais opinion-makers da Nação.

Significa que o braço do 5º Poder está já decididamente repousado sobre os ombros do 4º, e as consequências deste abraço constritor só podem revelar-se perniciosas para a livre informação, sendo que me parece esperável depreender que o Poder da informação não condicionada irá em breve começar a sofrer um processo gradual de esvaziamento ou diluíção, por forma a, pelo menos, não obstaculizar os interesses de quem realmente tudo sempre comandou.

Dá-me ideia que o valente Robin Hood está a aceitar, sem querer, um part-time nas cavalariças do Prince John.


João Tilly
1/5/2002
joao.tilly@netvisao.pt

4.27.2002

Le Pen, os rappers, e os Estados subsidiários do crime.

Por toda a Europa a população grita "Basta!" ao laxismo e à protecção que os Estados têm dado às etnias e à imigração criminosa.

Por toda a Europa se percebe que, hoje, a grande maioria da criminalidade diária é perpetrada por bandos étnicos de jovens emigrantes legais ou não, de segunda e terceira gerações que abandonaram as escolas (por incapacidade ou preguiça) e que pretendem vir a ser rappers, no futuro, segundo o estudo levado a efeito pelo canal francês TV5, antes da primeira volta para as eleições presidenciais.

Estes bandos, no seu conjunto, recebem dos Estados europeus milhares de milhões por mês em subsídios de desemprego e apoios de todo o género e a única coisa que produzem são os assaltos diários e a disseminação da droga nesses países.
Os Estados não têm mão neles.
As polícias não chegam já para tantos milhares de jovens pro-rappers que, em quadrilhas organizadas, tomam conta de quarteirões inteiros, autênticos "bunkers" nos quais as polícias já não entram, a não ser com carros blindados de assalto.

Os Estados - incluindo o nosso – em vez de os reprimir ou controlar, continuam incrivelmente a subsidiar estes marginais, por quase toda a Europa.
Continuam a compensar mensalmente a sua falta de actividade útil, com subsídios e rendimentos mínimos, o que lhes permite adquirir droga e armas com as quais desenvolvem a sua actividade, fazendo de todos nós, cidadãos europeus cumpridores das suas obrigações fiscais, cúmplices activos na disseminação do crime e da droga, já que ela é comprada, também, com o dinheiro dos nossos impostos.

Esta cruel injustiça despoleta hoje um grito dramático de revolta por parte das populações esclarecidas contra o Estado investidor da droga e protector do crime, grito de revolta este que toma expressão nos recentes números do Le Pen em França e não só:
Na Bélgica, Áustria - onde as ourivesarias não têm grades durante a noite, - Suissa, Luxemburgo, agora França, a seguir Espanha e já em Portugal - com o PP no governo -, por toda a europa os Cidadãos mostram indubitavelmente que preferem a segurança nas ruas a outro qualquer chavão político estafado e mais que gasto por uma esquerda inimaginativa, globalmente corrupta, e há 10 anos moribunda que, em resposta ao avanço da extrema-direita se limita a patrocinar ingénuas e balofas manifestações anti-xenófobas organizadas pelos pobres de espírito que ainda não foram assaltados, pelos emigrantes honestos e medrosos e pelos pais dos assaltantes.
Basta ver os broncos manifestantes a tentar explicar a razão do seu protesto, para se perceber que aqueles coitados, além de não serem minimamente capazes de se exprimir de forma inteligível, não fazem a mínima ideia da razão que os leva ali.
Ali desfilam com o mêdo que alguém lhes incutiu, e não lhes perguntem de quê, porque eles também não sabem.

*Heróis do mar? Nobre povo?*

E por cá? Poderão continuar a ser defendidas e protegidas pelas autoridades portuguesas as corporações de marginais, com ou sem rótulo étnico, cujo modus-vivendi se reduz, desde há gerações, aos seus "pequenos" crimes diariamente repetidos com o conhecimento de todos:

O roubo, o estupro, a receptação, a coacção, a venda de droga, a venda de notas falsas, as declarações falsas prestadas no Registo Civil e no Rendimento Mínimo Garantido que recebem, por norma, em 3 e 4 concelhos vizinhos, a par com os abonos de família.
A falta de qualquer tipo de documentação obrigatória do cidadão.
A falta de qualquer tipo de documentação válida dos veículos que ostentadamente conduzem perante as autoridades, que nunca os intercepta (só por engano e logo os faz seguir o mais discretamente possível).
A falta de carta de condução, porque muitos têm 15 e 16 anos e nenhum tem o 9º ano de escolaridade.
A falta de seguro, inspecção, livrete, registo de propriedade, selo.

E são as mesmas populações que não pagam impostos de qualquer tipo:
- Nem IRS sobre as mercadorias da contrafacção, droga e objectos de proveniência duvidosa que vendem à frente de todos.
- Nem Contribuição autárquica ou predial sobre as casas e terrenos cedidos pelas Câmaras Municipais.
- E nem sequer chegam a pagar as casas que recebem, praticamente de borla, por todo o país.

A maior pouca vergonha da Nação é o desculpabilizar destes crimes públicos constantes, enquanto a população civil e pagante de impostos é martirizada diariamente com multas e coimas de toda a espécie, por falta de um só dos documentos acima enumerados.

Por isso a Áustria, Bélgica e França tendem a eleger governos que lhes garantam o controlo, punição e expulsão para o seu país de origem das etnias e imigração criminosas.

De entre estes países destaco justamente Portugal e os Açores, para onde em apenas 2 anos vieram "recambiados" dezenas de jovens, filhos de emigrantes portugueses que se dedicavam ao crime nos EUA.
Em consequência disso, hoje, no arquipélago, o clima de insegurança nas populações rurais é geral.
Os produtos mais vendidos durante o ano passado em Ponta Delgada foram as fechaduras, segundo o Tal&Qual, porque a maioria das casas rurais não as tinham – não era preciso - e as poucas que as possuíam não mostraram funcionar capazmente.
É que desde que estes jovens emigrantes começaram a regressar, as casas modestas do interior foram varridas por repetidas ondas de assaltos sem precedente na História Insular, o que prova a razão dos americanos em devolver os criminosos à procedência.

Não se trata, neste contexto, de xenofobismo emergente na Europa, não.
Nem a direita convencional avança por força de quaisquer virtudes político-programáticas, com maior ou menor reflexo junto dos eleitores. Nada disso.

Aqui convém lembrar que o super derrotado Jospin tem sido repetidamente confrontado com a sua juventude Trotskista pelos principais jornais e TVs Francesas e que o futuro presidente de direita Chirac, que vai ser eleito pela esquerda, se encontra ainda em liberdade porque recorreu ao paliativo vergonhoso da imunidade presidencial.
Não fosse eleito no próximo 5 de Maio, e teria que ser de imediato detido, tal a quantidade e a gravidade dos processos pendentes contra si, desde o tempo em que foi Presidente da Câmara de Paris, que fazem corar de vergonha qualquer pequenino Vale e Azevedo.
Será eleito com os votos da esquerda e dos emigrantes que ainda preferem a trafulhice à ordem.

Mas então do que se trata, quando se vota num qualquer Le Pen?
Trata-se apenas da reacção popular à inacção do Estado convencional de centro esquerda / direita (volver) que tem protegido tacitamente o criminoso, penalizando o Cidadão.
Trata-se apenas da tentativa desesperada da reposição da legalidade e da esperança quase perdida de vivência em paz das populações residentes, que têm o direito de sair à rua sem levarem um tiro, sem serem assaltadas e sem que lhes seja oferecida droga, por todo o lado.

*Nação valente e imortal?*

Em Portugal, terra de gente ingénua e bem-intencionada, a guerra pela limpeza tóxico/criminal será substancialmente dificultada, na medida em que é a própria vítima que desculpabiliza o crime ao, por exemplo, recusar-se por sistema a fazer queixa formal dos criminosos, com o incrível argumento de que não são apenas as máfias de Leste e os bandos étnicos os únicos responsáveis pelos crimes que vemos a par e passo na TV e nas ruas.
Como se os crimes alheios desculpassem ou anulassem os próprios.

Melhor ainda, há até muito quem defenda a honestidade dos mafiosos e dos corruptos, o que só pode ser justificado por mêdo e cobardia - duas das mais presentes características naqueles que têm sofrido na pele a influência destes bandos.

Em suma: acho notável a forma silenciosa como o povo em Portugal tudo tem aguentado e a tudo tem assistido, com um prudente distanciamento e recatado imobilismo, seus verdadeiros apanágios.

Os Senenses (habitantes de Seia, a minha terra), por exemplo, habituaram-se a deixar as mafias étnicas actuar à vontade à sua frente, assaltar, espancar os seus iguais, vender droga aos seus filhos. Os senenses veem e viram a cara para o lado.
Nenhum faz queixa de coisa nenhuma.
Depois acusam a GNR de inacção.

Tarde reagirá, este povo, contra o crime que o rodeia, por viver permanentemente aterrorizado com tudo e todos.
Por isso, também, tudo tem vindo a merecer.

No dia em que finalmente perderem o mêdo aterrador que os oprime, talvez os portugueses possam voltar a merecer as duas primeiras estrofes do hino nacional, há muito esvaziadas de qualquer sentido.

João Tilly

4.25.2002

28 anos depois… O melhor de Abril foi o 25. E pior, o 26.

O calendário devia ter parado ali, para Portugal. Tinha vindo a correr tudo bastante mal desde 1945 e o Estado Novo tinha chegado ao fim. A máquina ditatorial estava gripada e o movimento corporativista militar que tinha falhado nas Caldas não havia sido desmontado, porque o regime já nem para tal mostrava vigor. Não era um regime, a bem dizer. Havia 2 células militarmente activas: a GNR no Carmo e meia duzia de agentes da PIDE, na António Maria Cardoso. Um deles (nunca saberemos qual) terá entrado em pânico e disparado atabalhoadamente da janela sobre a multidão, matando 4 e ferindo 18 - as baixas do golpe militar de Abril. Menos mal. Uma "revolução" com o mesmo nr de mortos de um acidente na IP4, prenunciava um futuro livre e risonho para um Portugal cinquenta anos atrasado relativamente à Europa desenvolvida. *A Liberdade que transformou "fascistas" em democratas* Mas não parou aí o calendário. E apenas algumas horas após a consciencialização da irreversibilidade do golpe, houve logo quem se aproveitasse da confusão geral para "passar" para o lado certo da História. Chamaram-lhes os "fachos" (diminuitivo alfacinha para fascistas). Situacionistas convictos às 3 da manhã, eram eloquentes democratas e paladinos da liberdade às 4 da tarde. Voltaram quase todos ao aparelho de estado. Hoje estão mortos ou reformados, apenas porque tiveram um azar nítido temporal. Abril calhou em 74, tarde de mais para as suas idades (50s e 60s) e para a retoma integral das suas carreiras. Fossem mais novos e ainda chegavam a Primeiro-Ministros nos nossos dias. *O Verão Quente que poderia ter sido tórrido* De uma ditadura exausta, com 48 anos de velhice, num contexto europeu que nada tinha de similar (com a excepção do regime de Franco, aqui ao lado, mais austero mas muito mais moderno e empreendedor), com um pseudo-império de mentirinha preso por arames e não reconhecido por ninguém, uma guerra não-ganhável em 3 frentes que tinha produzido, em 13 anos, 9000 jovens mortos e mais de 30.000 estropiados para a vida, toda a Europa e mais o líder do terror internacional H Kissinger esperavam o fim formal. Que ocorreu nesse Abril. E àquele pântano político (talvez só comparável ao de hoje) sucedeu-se a Liberdade e um período muito conturbado da nossa História em que Portugal esteve, por mais que uma vez, à beira da guerra civil. O 25 de Novembro e o 11 de Março não foram, contudo, suficientes para lançar este país na desgraça que ocorreu em Angola e Moçambique após a descolonização possível. O verão quente de 75 com as sedes do PCP e do CDS incendiadas alternadamente por todo o país, não teve, felizmente, consequências de maior. Porque passados muitos saneamentos e autogestões, assaltos aos latifúndios, barricadas populares, tiroteios, bombas e alguns mortos, Portugal acabava por ser mais ou menos o mesmo, e a figura firme e austera de Ramalho Eanes estabilizava, em 76, este país duplamente libertado, apagando o fogo da guerra fratricida que se insinuava. Nunca lhe agradeceram, os políticos profissionais. Hoje, já quase ninguém se lembra dele. *Passámos a poder escolher, de entre os que foram previamente escolhidos* Muitos anos, poucas décadas e bastantes peripécias depois, a sociedade portuguesa está substancialmente mudada. Antigamente crónica nas manif.s do 25 de Abril, a populaça está hoje toda na praia, a apanhar bronze, sem nadadores salvadores por perto. A democracia – o pior sistema político, tirando todos os outros – continua a fazer coxear este país que não corre, como os demais países europeus. Este regime português não é hoje carne, nem é peixe. É um molhe de bróculos, sem "substracto" para dar ao povo. Física, moral ou Culturalmente. Mas alimenta-se bem a si próprio, ainda assim. Porque o verdadeiro regime em vigor desde Abril, nunca foi a tão propalada Democracia orgânica. Até 25, Portugal viveu uma Ditadura e a partir de 26, uma Partidocracia, que dura até aos nossos dias. Portugal só foi um país verdadeiramente livre no dia da "revolução" (leia-se golpe de estado). Depois da fuga da tirania, e antes da chegada da corrupção-pobre. - Então porque é que não vivemos numa democracia formal? Pergunta o leitor que conseguiu chegar até aqui. (A propósito: Os meus parabéns! Você pertence a uma minoria ínfima da população – os utentes cerebrais. A esmagadora maioria daqueles cujo voto anula o seu desistem de qualquer leitura ao fim do primeiro período com 1 oração intercalar. Essa imensa maioria analfabeta funcional é denominada pela TVI de: "Os portugueses"). - Porque o povo só pode escolher quem já foi escolhido para se apresentar às eleições. Respondo eu. E nunca são os melhores, os candidatos que se perfilam. Explico porquê. "Quem é que temos para o Governo Civil?" Invariavelmente neutros, à cautela, em Abril, deixaram passar o período de grande convulsão de 75 e 76 e o perigo que representava defender uma posição política nesses tempos conturbados em que, como hoje, a cobardia era a melhor conselheira e de heróis espancados não rezava a História. Depois, quando os ânimos acalmaram e a política começou a dar dinheiro, foi vê-los a "assaltar o poder" em todos os partidos e em todos os locais. Não são nunca os mais honestos, porque têm que passar a vida a mover influências para continuarem a ser os escolhidos pelo Partido, numa luta diária e desgastante contra os seus concorrentes internos. Não são também os mais brilhantes, porque se o fossem, a sua inteligência não lhes permitiria submeterem-se a todo o tipo de indignidades e golpes baixos, para continuarem a pôr-se em bicos de pés. São, possivelmente, os mais espertos (perspicazes) – mas a esperteza é o recurso medíocre daqueles que não foram bafejados intelectualmente. Basta analisar o caso notável do comentador político/futeboleiro Pedro Santana Lopes ou o do comentador político/cibernoso José Magalhães, para se perceber de imediato que até para se nascer não-idiota é preciso ter sorte. Portanto, ao votar, o povo está a inserir um vírus no sistema – o menor. Mas há mais. *O mecanismo de perpetuação da corrupção-pobre* Ao votar, o povo apenas elege aqueles que vão colocar os amigos e os seus homens de confiança nos centros de controle da democracia. A proliferação desta corrupção pobre (por contraponto às corrupções propriamente ditas - a da alta finança e a do colarinho branco - de que falaremos em "E quem não for corrupto é burro")– a corrupção da migalha e da continuidade da sobrevivência em "jobs", é social e ferozmente combatida pela inveja dos vizinhos que não fazem parte desses amigos e que não pertencem a esse clube, simplesmente porque ninguém teve o bom senso de os convidar. Esta situação e noção de exclusão conduz invariavelmente a um "sindicato dos desprezados" que encetará logo que organizado uma solidária e despeitada luta de combate à corrupção-pobre da côr vigente, formando, estes, um novo lobbie de candidatos a corruptos-pobres de sinal contrário, à espera da sua vez para usufruirem da migalha apropriada pelos antecessores, o que tem acontecido de 2 em 2 eleições legislativas, em Portugal desde Abril. Verifico ainda que a corrupção-pobre perpetuada neste regime partidocrático se manifesta, em cada momento, com uma dimensão inversamente proporcional à da tensão social existente, e a prova disto é que em períodos de revolução e cataclismo, ela praticamente não é detectável. Aprofundaremos este conceito mais tarde no texto: "Quanto maior a acalmia, mais se orienta a Maria". *Por outro lado, qual a verdadeira idoneidade de quem vota, neste país?* Uma população constituída por 48% de analfabetos funcionais deve votar? Tem consciência política e social do seu acto? Não tem, por definição. Está a decidir um rumo político para o país quando nem sequer tem conhecimento das linhas de força dessa política? Está, concerteza. Mas então se para tirar uma simples carta de condução, arranjar um emprego, para desenvolver qualquer tipo de actividade socialmente autorizada é necessário possuir pré-requisitos, porque é que para decidir o futuro de uma nação basta estar vivo? E nem é preciso estar consciente… até os doentes mentais nos hospitais psiquiátricos podem votar… E agora, por força da lei comunitária, também os imigrantes votam, o que é sempre preferível aos alienados. Portanto, ao votar, uma grande parte do povo está a inserir paralelamente no sistema um novo desvio, este bem maior: está a escolher sem fundamentação programática, sem alicerce histórico-cultural, sem interiorização do leque de escolhas. Em suma: está a votar imbecilmente, e a eleger quem não compreende. O dramático disto é que cada voto imbecil vai anular um outro voto consciente e muitíssimo ponderado de um sociólogo, de um cientista ou de um professor catedrático, por exemplo. *É só dos politiqueiros a culpa de continuarmos na cauda, 28 anos depois?* A minha explicação para o que nos tem vindo a acontecer desde o dia 26 desse longínquo ano, ultrapassa a classe política e, por muito incorrecta que esta afirmação possa ser, politicamente falando, defendo que a culpa é maioritariamente do povo. E baseia-se nesta singela evidência: Sabemos que, antes e depois de Abril, o número de imbecis tem vindo sistemáticamente a superar de forma esmagadora o dos intelectuais, a ponto de, hoje em dia, a TVI ser a televisão preferida dos "portugueses". As causas desta situação degradante são múltiplas e prendem-se com muitos factores, de entre os quais enumero o facilitismo escolar, a falta de formação exigível nas profissões e na vida activa e, no fundo, um costumeiro laxismo instituído desde há muitas décadas e que nunca foi abandonado até hoje – ao contrário, teve o seu periodo áureo durante o Governo anterior. Portugal sempre foi um país de desenrascados e não um país de operários especializados. O clima tem também a sua quota-parte nesta história, dado que somos a África da Europa mas, como no resto, nem isso sabemos aproveitar. Deixemos esta discussão para mais tarde. Dentre estes idiotas, os mais atrevidos, não contentes com o facto de serem perfeitos mentecaptos, perceberam que nenhum mal adicional lhes sobrevinha se o mostrassem, como fez o Zé Cabra, o Tino de Rans ou a Gisela do Masterplan. Pelo contrário; como estão rodeados dos seus iguais, por mais asneiras que digam ou façam, não há ninguém à sua volta que as detecte e os corrija. Chegados à era dos "reality shows" estes cromos são verdadeiros petiscos para as estações de televisão, que aumentam dramaticamente as suas audiências poupando milhares nos "pugramas" e arrecadando milhões durante os écrans publicitários dessas horas "nobres". É o ovo de Colombo, mas também a verdadeira Maldição de Midas das televisões modernas. É que a partir de agora, só podem apresentar pior. Mais baixo, mais porco, mais analfabeto, mais miserável, mais animal. Nunca igual, pois igual já está visto e deixa de "cativar" o povão a que se dirigem. E o povo intelectualmente menos robusto vai-se revendo diariamente naquela negra incultura protagonizada por estes autênticos ícones da estupidez popular. O que lhes vai progressiva e subliminarmente instituindo como "normal" um padrão comportamental e civilizacional que se encontra cada vez mais desenquadrado do da Europa contemporânea. Ora, um povo auto-atrasado não suporta nem se adapta culturalmente a rápidas modificações na estrutura organizacional social, mesmo que a classe política de serviço a pretendesse implementar. Estas terão fatalmente que ser impostas, sem negociação. E terão custos mediáticos gravíssimos que se pagarão na primeira oportunidade, nas urnas. É uma pescadinha de rabo-na-boca. Quem o fizer, tem que perceber que vai pagar em seguida e vai ser expulso pelo povo cujo futuro protegeu. É preciso, portanto, que apareça um líder com a coragem e força interior capazes de entender e aceitar esta evidência e este ingrato Dever. Só esses homens ou mulheres corajosos poderão libertar Portugal do seu 3ª jugo desde o 26 de Abril: o da corrupção-pobre e estupidificação das massas.. Não descortino, num futuro próximo, infelizmente, nenhum candidato a crucificado. Nem o Cavaco … João Tilly 25/4/2002 Joao.tilly@netvisao.pt

4.20.2002

Herman e o povão

(publicado no Expresso Online - leitor com opinião)

Herman José, o mais inteligente humorista português de todos os tempos, músico e designer nato e dialogador robusto e acutilante, possuidor de um background cultural invulgar na TV portuguesa dos nossos dias, vê-se agora inesperadamente abafado pela majestosa estupidez dos bate-chapas "muito-homens" e das modistas "com-cancro-da-mama", inusitados intevenientes e protagonistas nesta nova inqualificável saga da Sic.

Uma virtude tem este "pugrama" - revelar ao povão tele-espectador a sua verdadeira essência.

Antigamente amáveis, hospitaleiros, humildes e honestos - adjectivos que durante décadas o Estado Novo tentou instituir como Qualidades dos Portugueses, - revelam-se agora diária e finalmente as verdadeiras pedras basilares do âmago popular, sendo a principal e mais evidente a do analfabetismo congénito, que naturalmente traz a reboque a estupidez convicta, a inveja metódica, a idiotice conformada e a mediocridade anacrónica como "forma de estar", a par do subdesenvolvimento atroz como filosofia de vida.

Eis o povão segundo Herman José, no seio do qual ele decidiu agora inserir-se, para experimentar novas sensações em directo (sic).

Mas um duelo em directo com armas desiguais não é leal.
Superiormente dotado, Herman está visivelmente diminuído neste embate.

É que tal como não se pode ensinar um porco a falar francês, também não é possível transmitir qualquer tipo de informação ético-cultural àquela gente, simplesmente porque ela não possui os códigos e estruturas mentais necessárias à interiorização de qualquer conceito que não seja o da satisfação imediata das suas necessidades fundamentais.

Herman devia saber isso há muito, mas pelos vistos, não.

E assim, pela primeira vez desde 76, é possivel ver Herman claudicar, chegando ao ponto de desisitir sequer de intervir, completamente sufocado naquele estúdio da Endemol, onde não há um único ser vivente que lhe reconheça a ascendência que a sociedade cultural, em que se habituou a movimentar, sempre lhe conferiu.

Herman José é, no Masterplan, um génio fragilizado e esmagado pelo povão.

O mesmo povão que, por opção própria, se constitui e revê numa exponencial e esmagadora avalanche de idiotice e incultura, que consolidadamente vem relegando o nosso país para o seu justo lugar no ranking das nações da Europa.

João Tilly
20/04/2002

joao.tilly@netvisao.pt

3.08.2002

Abordagem mínima (como a nota) sobre o acesso ao Ensino Superior

Poupando tempo e tinta, como o Ensino Superior privado vale definitivamente zero, não vislumbro razão para que não seja essa mesmo a nota mínima para o seu acesso e até, coerentemente, a nota mínima de formatura.
As empresas que providenciam os serviços (as aulas e os exames) continuam a receber os seus milhões, os professores continuam a receber os seus ordenados, e os alunos continuam a ser analfabetos, imaginando, tal como os desgraçados dos pais que neles investiram uma fortuna, que são doutores. Tudo normal.

O mais grave é o verdadeiro ensino superior: o público. Atentemos na fauna que de lá sai licenciada, e por exemplo, a dos jornalistas de serviço nas televisões:

Há cada vez mais repórteres licenciados a falarem um PRETOguês ininteligivel.
Os que apenas são afectados e pedantes ainda se vão aguentando (que remédio...).
Mas modernamente quase todos optaram por colocar um S depois de cada verbo conjugado no infinito, à Barbie Guimarães – tal como: andar (andarS), comer (comerS), subir (subirS), e mais nojento que isso, vão substituindo as terminações no plural AS por um displicente JA .

Hoje, uma senhora com a voz mais pedante do mundo, fazia-nos a esmola de nos informar na Sic Notícias que "se sairS agora de casa não vai ter aquelaJA... filaJA... demoradaJA… (traduzo: aquelas filas demoradas).
Qual terá sido a nota final da licenciatura desta senhora? Mais de 10 valores?

E o que nos interessa a nota mínima de acesso aos verdadeiros cursos – aqueles onde de facto se aprende qualquer coisinha e são portanto os reconhecidos (e não os desdenhados) pelo mercado do trabalho, - se menores que mínimos acabam por ser, mesmo nesses, os critérios de selecção dos docentes e de aprovação dos alunos?

Ora, não será muito mais poética a metodologia da "vox populiis Senense", por exemplo, que promove alguns dos mais conhecidos empreiteiros a "engenheiros" quando estes nunca puseram os pés numa faculdade estatal, nem necessitaram de se submeter à nota mínima?
Também, por menor que ela fosse, não lhes restaria alternativa a não ser a de se dedicarem à pesca ou à construção civil… nas suas verdadeiras e cruas conotações.

Defendo, portanto, que continuemos, paulatinamente, com o presente sistema que ainda é o menos mau.
Nota mínima nos exames de acesso: a que calhar naquele ano, porque senão não entram alunos do interior.
Os que não conseguirem tirar 10 em engenharia em Coimbra podem sempre ir para os inenarráveis politécnicos do Interior em que a nota mínima de acesso é zero desde que foram criados. E os que não conseguirem entrada nos politécnicos-zero (por alguma insuficiência mental gravíssima) podem continuar a ir para um sítio qualquer longe das vilas e cidades onde moram, que por certo regressarão passado um tempinho …. Xaraaam!!! Engenheiros como os pais.

joao.tilly

3.03.2002

Carta a Durão Barroso em plena campanha eleitoral

Da estupidez galopante do povão à tentativa (pelos vistos, inútil) de o educar, ou:
A fonte do verdadeiro poder: o "jornalismo" televisivo.


Sr. Dr. Durão Barroso:

Quando vemos um país preso à televisão durante horas e horas a fio a assistir à discussão em torno da veracidade da queda na àrea do João Pinto e quando vemos um presidente da Câmara a fugir da populaça analfabeta a quem não consegue transmitir, por mais entrevistas que dê às televisões, as razões que lhe assistem, não podemos deixar de concluir que *a 2ª lei da termodinâmica até socialmente prova a sua correcção.

O produto do mecanismo estupidificante massivo e continuado das
televisões e do jornalismo em geral - o povão profundo- vai perdendo
a noção da sua idiotice auto e hetero construída e vai esquecendo a inibição natural própria da sua manifesta ignorância e invadindo a sua área de influência - o povão que o rodeia - de forma directa e interveniente, manifestando cada vez de forma mais clara o orgulho que a imensa ignorância lhe confere.
Depois do orgulho gay, exibe-se agora o orgulho da miséria intelectual,
da mediocridade diariamente incentivada e já institucionalizada,
e o supremo orgulho do analfabetismo convicto do povo português.


Uma questão coloco, pois, neste contexto:
Se é verdade que *a entropia (confusão, caos) só pode
aumentar em cada momento e nunca diminuir ou mesmo manter-se - por isso é que é fácil partir um copo de vidro ao deixá-lo cair, mas por mais arremessos subsequentes das partes nunca mais se pode obter o copo reconstruído, ou se quiser, por isso é natural envelhecer e todas as nossas funções vitais se irem desorganizando até entrarem em falência e impossível rejuvenecer, ou mesmo parar o envelhecimento –

1)

O que o leva a lutar pelo governo de um país
constituído por 9 milhões e meio de analfabetos funcionais que nunca perceberão mais do que uma frase (refrão) do que o sr. transmita, ileteracia esta dedicadamente
fabricada e consolidada no dia-a-dia por uma elite "jornalístico"-televisiva que julga estar a salvo e acima de qualquer poder?
2)
Tem o sr. consciência de que, diga o que disser, o que vai passar verdadeiramente para o povo é o tratamento "jornalístico" que a seguir for dado às suas palavras?
3)
Há alguém nos seus quadros que entenda de comunicação popular (massiva) e da forma de evitar as rasteiras pré e pós-jornalísticas? Se há, onde esteve até agora?

Grato pela atenção.