1.21.2019

Histórias de Golpes de Estado portugueses

1383. No dia em que o Mestre de Avis matou o conde Andeiro, no actual Limoeiro, num golpe teatral muito bem urdido, houve mais gente que morreu.

O bispo de Lisboa que era Castelhano, o padre de Guimarães e um tabelião de Silves, por exemplo, foram atirados da Sé de Lisboa, onde se esconderam, "afundo" como tão cinematográficamente escreve Fernão Lopes. Que aqui se reproduz.

Quem conseguir ler esta crónica compreenderá o grau de selvajaria que a turba aquela época assumia.
As crianças eram convidadas a participar na morte e no desfile do bispo nu... Até que os seus restos mortais fossem comidos pelos cães.

Tudo isto era considerado normal no séc XIV.
Coisas completamente absurdas para a nossa actual idiossincrasia e Civilização.

Mas cuidado porque os nossos atos actuais e as campanhas a que impensadamente aderimos com toda a naturalidade serão, daqui a décadas (já nem digo séculos) considerados igualmente selvagens e anti civilizacionais.

A História - mesmo que muito falsificada e até contada ao contrário, como a nossa - ensina muito a quem com ela quiser aprender.

1.18.2019

Cada um tem o Bernardino que merece. Jerónimo de Sousa nos seus piores dias

Não podendo negar as evidências, triste e penoso é ver um Jerónimo de Sousa balbuciante, nos seus piores dias, por causa dos pagamentos injustificados que o camarada Bernardino1 tem feito ao seu não menos camarada genro Bernardino2.

E com isto se destrói o mito de que apenas a direita é corrupta.

Não.
Infelizmente a Esquerda Bloquista Caviar Roblesiana, o Centro Direita BPN Duarte Lima e o Centro Esquerda Sócrates Armando Vara também.
Neste país não há quem tenha algum poder que não se deixe corromper.

É caso para dizer que cada  um tem o Bernardino que merece.

Cerimónias de adjudicação de obras

No princípio faziam-se as obras e pronto. Usavam-se.

No Estado Novo começaram a inaugurá-las. Mas apenas as maiores. E não por Salazar. Pelo Corta-fitas. O Américo Tomás, presidente da República.

Na DemoCretinaCia percebeu-se que se podiam inaugurar mais coisas e até na mesma obra. Vai daí, numa primeira fase começam a inaugurar-se todas. Por mais macarrónicas ou ridículas que fossem.
Desde fontanários a parques de merendas.

Mais recentemente, na CorruptoCracia, iniciaram-se as inaugurações do lançamento da Primeira Pedra. Que muitas vezes não passavam disso.
Mas era mais uma festa para povão consumir embasbacado.

Hoje, a PropaCostaGanda inaugura até as adjudicações.
Já nem sequer se chega à primeira pedra.
Não há pedra nenhuma mas inaugura-se na mesma.

O quê?
A simples assinatura de um contrato - que será denunciado 30 vezes e cujo empreireiro abrirá falência já a seguir - da tal suposta "obra" que um dia se inaugurará outra vez.
Ou duas ou três.

A seguir que inventará a PropaCostaGanda?

Porventura inaugurará a "Luz" da ideia da obra que lhe ocorreu durante a noite.

Mais uma avalanche de propaganda sobre a descida do IRS

Apenas 3 dias após se ter percebido que o anunciado aumento das pensões - quase diariamente propagandeado ao longo de todo o ano de 2018 - afinal se revelou um corte, eis que a propa(Costa)ganda volta ao ataque exactamente com a mesma receita:
O IRS vai baixar em 2019.

Vai ser todo o ano de bombardeio com esta (velha) propaganda. Até que a própria comunicação que passa 364 dias a anunciar baixas no IRS no fim do ano trará em manchete a notícia oposta:
Afinal o IRS em 2019 aumentou!

Tudo com a mesma naturalidade e a mesma cara de pau!

E o povo tudo aceita. Andará mais 364 dias "enganado" até ler, nos nesmos jornais, ouvir nas mesmas rádios e ver nas mesmas TVs que afinal tudo quanto esses media lhe foram garantindo diariamente era falso.

Fazer o quê?

O povo não se importa que lhe insultem a Inteligência todos os dias.

E isso é a sorte grande para a classe política mais pantomimeira do mundo.

Afinal os comunistas são tão honestos como os outros

Este caso surpreendente do presidente da câmara comunista de Loures que paga aos 20 mil euros de cada vez ao genro de Jerónimo de Sousa pela mudança de umas lâmpadas, vem mostrar aos mais incautos que os comunistas são tão honestos como aqueles que eles criticam.

Dentro de 2 anos não ficará pedra sobre pedra no edifício em ruina da corrupção partidária nacional.

O negócio da gripe está a correr mal

Apesar de todos os incentivos, alertas e convites diários para ligar para a linha SOS 24, a verdade é que 81% dos portugueses não faz nada disso.
E apenas 6% se dirige ao Hospital. A esmagadora maioria não recorre ao SNS.

Imaginem agora se a afluência duplicasse. E subia apenas para 12%...

Se mesmo assim isto é um caos...

Rui Rio: Uma vitória derrotada

Rio acaba de ter a vitória mais amarga da sua carreira. 76 contra 50.

Mas do outro lado estava apenas um militante. Que não é deputado, não pertence ao Conselho Nacional, não ocupa cargo nenhum no partido.
E mesmo assim obrigou o Presidente do partido a convocar um conselho nacional.

Para mim, Montenegro é um derrotado que termina vencedor; enquanto Rio foi um vencedor queqacabou errotado.

Voto secreto por uma questão de transparência!

A tudo se chega se a vida dura.

Ver membros do Conselho Nacional do PSD exigir o voto secreto "por uma questão de transparência" é algo a que eu nunca imaginaria assistir.

Mas até isto já vi. Hoje.

Só me falta ver exigir-se que os concursos que governo e câmaras municipais lancem no futuro passem a ser totalmente secretos.

E pela mesma razão: a de transparência. 😀

O aumento negativo das pensões. A propaganda de Costa não termina nunca

Este episódio absurdo das pensões cujos aumentos se andaram a anunciar durante todo o ano e afinal acabaram por descer, é mais um caso emblemático de um atestado de estupidez passado ao povo mais passivo do mundo.

Como é que Costa tem a CORAGEM de passar um ano inteiro a MENTIR E A ILUDIR  os portugueses com a maior cara de pau?

Esta gente não receia que o povo os penalize nas urnas?

Está visto que não.

E está visto que está errada.


O caso dos Bernardinos comunistas que afinal são tão honestos como os outros

Este surpreendente caso em que um presidente da câmara comunista (Bernardino) paga ao genro de Jerónimo de Sousa (outro Bernardino) aos 20 mil euros de cada vez para mudar umas lâmpadas, mostra que no que toca a transparência e honestidade os comunistas são tão honestos como aqueles que eles criticam.

Dentro de 2 anos o pardieiro em ruinas que é o compadrio partidário nacional estará completamente irreconhecível.

Não sei se estará melhor - já não acredito em muita coisa neste país - mas estará de certeza muito diferente.

E ainda bem.
Porque assim é que isto não pode continuar.

Caso Rui Pinto: as mentiras que nos continuam a contar

A primeira notícia sobre a captura do hacker do Benfica foi que a Judiciária portuguesa o tinha apanhado na Hungria na sequência do mandado de captura emitido em Portugal no dia anterior.

Logo isso cheirava bastante a esturro.
Então em menos de 24 horas a PJ tinha tido tempo para viajar para a Hungria e tinha conseguido localizá-lo nesse grande país?

Bem... Podia ser que a PJ já lá estivesse, na Hungria, e tivesse conseguido localizá-lo... E daí a emissão do mandado internacional.

Mas esta versão seria totalmente desmentida passadas poucas horas.

Afinal, foi a polícia húngara quem o capturou e na sequência de um outro caso, o da Doyen, que nada tem a ver com os e-mails do Benfica.

Um engano jornalístico?
Ou mesmo dois enganos jornalísticos na mesma peça?
Não.

Porque a própria PJ CONFIRMOU, em conferência de imprensa, a primeira versão da notícia. Aquela que afinal era completamente falsa.

Porque afinal:

1- Nem foi a PJ quem o capturou,
2- Nem essa captura se efectivou na sequência do processo dos emails do Benfica.

Impressionante!

Pergunto uma vez mais:
- Que necessidade tem a PJ de MENTIR desta forma?

Não o consigo perceber apesar de este "modus operandi" se verificar há décadas.

1.17.2019

Fernão Lopes conta como a multidão matou o bispo de Lisboa, escondido numa torre da Sé.

19. COMO O BISPO DE LISBOA E OUTROS FORAM MORTOS E LANÇADOS DA TORRE DA SÉ ABAIXO.

Sendo toda a cidade ocupada neste alvoroço, e vindo com o Mestre até junto da Sé, foram alguns lembrados que ao irem por ali com Álvoro Pais bradaram aos de cima que repicassem [10] , e que repicando emSão Martinho e nas outras igrejas, na Sé não os quiseram repicar, e souberam que o Bispo era lá em cima, e que mandara cerrar as portas sobre si.
E porque era castelhano, disseram logo que era da parte da Rainha e do Conde, e que fora sabedor da traição e morte que quiseram dar ao Mestre, e que por isso não repicaram, assacando contra ele estas e outras muitas suspeitas, que não minguava quem as afirmasse.
E ficou logo ali grande parte do povo, aceso com brava sanha, para haver depressa entrada a Sé e filharem logo do Bispo vingança.

 O Bispo era natural de Zamora e havia por nome dom Martinho, e sendo Bispo do Algarve houvera obispado de Lisboa por [11] Gonçalo Vasques, licenciado em degredos [12] , que lho ganhou do Papa Clementepara haver o priorado de Guimarães [13] .
Este Bispo era grande letrado, bom eclesiástico e regia mui bem a sua igreja, morando por cima da claustra [14] dela para continuadamente vir às horas e divinais ofícios, e tinha em vontade de ali mandar fazer casas para morarem todos os cónegos, por haverem azo de melhor servir.
E estando ele naquele dia comendo, e o Prior de Guimarães com ele, que havia um ano e mais que o não vira senão então, ouviram uma grande volta no Paço da Rainha, que era aí cerca, e carpinhas [15] de mulheres, com grandes vozes de gentes pelas ruas derredor, bradando todos que matavam o Mestre.

O Bispo ouvindo tamanha volta [16] , e que cada vez era maior, bem cuidou que não era feito leve, e por segurança de qualquer coisa que avir pudesse deixou a mesa a que estava e desceu-se por uma escada afundo, à claustra, ele, o Prior de Guimarães e um tabelião de Silves que nesse dia chegara para recadar [17] consigo.
Com estes dois convidados e alguns seus, se foi o Bispo à mais alta torre da Sé, onde estão os sinos, mandando primeiro fechar por dentro todas as portas da igreja. E quando Álvoro Pais por ali passou à ida bradaram aos de cima, como dissemos, que repicassem.
O bom homem não sabia que volta era aquela, e ademais, porque o dar da campana [18] em tal igreja era azo de grande alvoroço da cidade, duvidou muito de o fazer.

Eles, quando viram que não repicaram na Sé e que o Bispo estava daquela guisa na torre, as portas da igreja fortemente fechadas e que as não podiam tão asinha quebrar, houveram escadas [19] e entraram por uma fresta, e foram [20] mui depressa abertas. Entraram então quantos quiseram – porém muito poucos em respeito dos [21] que estavam cá fora – e a comum voz de todos era que fossem lá cima ver quem estava na torre e porque é que não repicara como nas outras igrejas, e se fosse o Bispo, que o deitassem afundo.

Silvestre Estevens, homem honrado, procurador da cidade, o alcaide pequeno dela e outros subiram por uma estreita escada que anda arredor [22] , pela qual não iam mais que um após outro, nem ninguém podia entrar na torre enquanto de cima a defender quisessem.

O Bispo, vendo como era castelhano e de nação a eles contrária, receava muito em tal união [23] o que todo sisudo deve de recear, e não lhes dava lugar a que entrassem.
Porém, vendo-se sem culpa, ademais tal pessoa e eclesiástica, segurando-o eles para isso primeiro e aos que com ele estavam, houveram entrada em cima. E perguntando-lhe porque não mandara dar à campana, pois que aquelas gentes bradaram que repicassem, ele se escusou com suas mansas e boas razões de jeito que todos foram contentes.

A cega sanha, que em tais feitos nenhuma coisa esguarda [24] , começou tanto de arder nos entendimentos do povo que à porta principal da igreja estava, que começaram a bradar em altas vozes aos de cima que estavam fazendo, que não deitavam o Bispo afundo, dizendo, Guardai-vos, não vamos nós lá, que se nós lá imos todos vós haveis de vir afundo com ele.

 Aos de cima, que vontade não tinham de lhe fazer mal nem nojo, era-lhes muito grave de o fazer, à uma por ser bispo, ademais seu prelado, depois pela segurança que lhe haviam feita, e não sabiam o que fizessem.

 A sanha trigava [25] os corações de todos, e com menencoria grande começaram de bradar, olhando todos para cima e dizendo, Que tardada é essa que vós lá fazeis, que não deitais esse traidor afundo? E como? Já vos tornastes castelhanos como ele? E ademais se vos peitou para que o não deitásseis, e sois já todos dum acordo? Então começaram todos de jurar que se o não deitavam, e iam lá cima, que todos haviam de vir afundo com ele.

E porquanto é justo todo o temor por que a homem [26] pode vir a morte, ou ficar cerca dela, houveram disto tão grande receio que logo o Bispo foi morto com feridas [27] e lançado à pressa afundo, onde lhe foram dadas outras muitas [28] – como se com isso ganhassem perdoança – que sua carne já pouco sentia. Ali o desnudaram de toda a vestidura, dando-lhe pedradas com muitos e feios doestos – até que disso se enfadaram os homens e os cachopos – e foi roubado de quanto havia. Semelhavelmente foi lançado afundo aquele Prior de Guimarães, seu convidado, porque um escudeiro que lhe queria mal, subindo acima com os do concelho, viu tempo [29] azado para o matar, e buscando-o pela torre, achou-o escondido e matou-o.

E não tendo ninguém sentido da morte dele porque estava com o Bispo, nem havendo quem o levasse dali, deitaram-no da torre afundo. Ao coitado do tabelião, que tão pouca culpa havia como os outros, começaram de o trazer para baixo e de o doestar e empuxar – dizendo que ele, que com o Bispo estava, bem sabia parte daquela traição – e tantas[30] lhe deram de punhadas, até que lhe começaram de dar feridas e o mataram.

 E assim morreram todos os três, e outros fugiram. E jouveram [31] ali, aquele dia e a noite, o Prior e o tabelião. E logo em esse dia algumas pessoas refeces [32] lançaram ao Bispo, onde jazia nu, um baraço nas pernas, e havendo chamado muitos cachopos que o arrastassem, ia um rústico bradando adiante, Justiça que manda fazer nosso Senhor, o Papa Urbano sexto, neste traidor cismático castelhano, porque não tinha com a santa Igreja. E assim o arrastaram pela cidade, com as vergonhosas partes descobertas, e o levaram ao Rossio, onde o começaram a comer os cães, que não o ousava nenhum soterrar.

E sendo já dele muito comido, soterraram-no ao outro dia ali no Rossio, e os outros dois foram depois soterrados, para tirarem o fedor [33] de ante as suas vistas. E posto que a algumas pessoas tais coisas parecessem mal e desonestamente feitas, nenhum era ousado de dizer o contrário.

1.16.2019

A subversão da democracia... Até nas redes sociais

Andamos todos a queixar-nos, há muitas décadas, da subversão da democracia no nosso país.

Realmente a tão propalada "democracia" tem sido subvertida pelos mais diversos mecanismos que imaginar se possam, inventados pelos spin doctors que pululam nos ministérios e enxameiam os governos.

Qual não é, agora, o meu espanto, quando 45 anos após o 25 de abril percebo que a única esperança que um povo teria para fazer ouvir a sua voz - que são as redes sociais - está, ela própria, também contaminada pelo espectro da censura.
Neste caso, da autocensura organizada em grupos de denúncia que impedem qualquer pensador livre de publicar algo que não lhes convenha.

 Assim, assistimos neste momento a uma censura organizada - não por parte de nenhum governo nem sequer pelo proprietário da rede social em questão - mas tão-só por dezenas de clubes de censores organizados em grupos de denúncia.

É a chamada "censura democratizada".
Passamos a ser todos livres, a partir de agora, de censurar os outros.

Como?
Organizado-nos em grupos de denúncia e partilhando um link de uma publicação da qual não gostemos nesse grupo.

E de imediato todos os membros desse grupo de denúncia - mesmo sem ler o texto - denunciam o seu conteúdo à administração da rede social.

Ora, como se trata de centenas ou milhares de pessoas a denunciar  o mesmo texto, o administrador palonço não vê outra solução senão bloquear o autor do texto e banir esse mesmo texto da sua plataforma.

Está assim criada a censura democrática.

Volto ao meu blog de sempre

A vida, enquanto durar, vai-nos ensinando e direcionando a nossa trajectória.

A lixeira dos grupos organizados de denúncia nas redes sociais fez-me perceber que é preferível regressar às origens, perder provavelmente 95% dos meus leitores, mas voltar a ser lido apenas por quem sabe ler e pensar. E por quem percebe o que escrevo.

Vou, pois, abandonar progressivamente o foco no mainstream e voltar a escrever aqui no meu velho blog... para quem merece.

Aqui sou livre, não sofro a pressão da censura que devia ter terminado há quase 45 anos, a 25/4/1974, mas está mais viva que nunca na inacreditável lixeira em que se transformaram as denominadas "redes socias".