19 anos depois de Michael Jackson, em Alvalade, vi ontem a estrondosa máquina da tour MDNA, em Coimbra. A zona do estádio onde fiquei foi sensivelmente a mesma. De frente para o palco e, portanto, no topo oposto.
MJ Dangerous Tour vi com a minha filha mais velha e MDNA com a mais nova.
Ontem presenciei o espectáculo audiovisual mais estonteante e inimaginável que me foi dado ver.
E um som de uma qualidade inaudita. Debaixo da pala do estádio havia algum batimento e preponderancia de médios agudos (cerca dos 3.000hz) mas ao ar livre o som era equilibradíssimo.
Uma produção musical inacreditável.
E tudo isto numa nova filosofia de espectáculo.
Este é um espectáculo a 9 Dimensões: SOM (2D), multimedia (3D) uma cantora e dezenas de bailarinos e um palco físico a 3D (3D) e.... o TEMPO em que tudo se conjuga (1D)
A ISTO não se pode chamar espectáculo. ISTO ultrapassa completamente o conceito que existia como espectáculo.
Mesmo o mais extraordinário. E aqui estou à vontade para o dizer porque já vi o MÁXIMO que aconteceu neste planeta em termos de espectacularidade de concertos.
Quem poderia concorrer com ISTO teria sido Michael Jackson. Por isso o seu espectáculo se chamaria This is it!
É ISTO!
Ora ISTO é, de facto, uma EXPERIÊNCIA audiovisual completamente NOVA.
Nenhuma daquelas 40 mil (?) almas tinha visto nada parecido nem imaginava que tal pudesse existir.
Mas aquelas 40 mil (?) almas também não foram lá ver nem ouvir coisa nenhuma. Foram para dançar o like a virgin e o material girl. Correu-lhes mal. Os hits apareceram fundidos em medley com 10 segundos, no maximo, cada um e numa envolvência de produção musical inimaginável e... apenas em separadores!
O povo nem deu conta da maior parte deles. Porque quando identificava algum, a Casa vinha abaixo. Mas não se trata de debitar hits, nesta Tour. Trata-se de tudo menos disso.
A filosofia foi a oposta: dar ao público aquilo que ele não imaginaria que iria receber.
A abertura do evento foi aterradora. Uma gigantesca catedral multimedia "iluminava-se" e transformava-se em dezenas de símbolos de cariz religioso impossíveis de descrever.
E ao longo de todo o evento, não houve 5 segundos em que algo se mantivesse estático. Os 3 paineis gigantes de leds que constituiam todo o fundo deslizante do palco até ao tecto multiplicavam-se sincronizados com a informação audio. Não lhe chamo música porque a música é apenas uma componente. Tudo foi pós-produção audio. Os efeitos especiais audio - sempre presentes e sobrepondo-se à música - transportavam o espectador para uma outra dimensão muito para além da que a música pode transmitir. Poderiamos falar em 3D audio e nesse caso aumentaríamos o nr de dimensões do espectáculo para 10.
ISTO - esta galáxia de milhares de máquinas e sistemas digitais e mecânicos incríveis e sincronizados de imagem e audio a trabalhar em tempos paralelos, a que chamam Madonna - não pode ser ouvido, apenas.
Comprar um disco é um milésimo do conteúdo que os seus produtores e a actriz têm para mostrar.
Este espectáculo não está tipificado ainda.
Não tem nome.
Deve já haver 70.000 tipos a trabalhar num doutoramento com base nISTO.
Portanto eu tenho a mesma legitimidade para inventar um nome global para ISTO:
E passarei a chamar a isto - TLE
TLE - THIS Level Event.
E organizo, para mim, a seguinte hierarquia de espectáculos POP:
Nivel 1 - concerto de música. ex: Stevie Wonder, Genesis, Peter Gabriel, Police, Sting, Whitesnake, Supertramp, Djavan, Elis, MPB, grupos mediáticos actuais: grandes músicos e zero ou pouca palhaçada.
Nivel 2 - espectáculo. Música e fortíssima componente visual. ex. Pink Floyd, U2 - 360, Supertramp anos 78-80 e Kylie Minogue - Afrodite 2012.
Nível 3 - TLE - Michael Jackson "This is it project" e MDNA.
Presentemente existe apenas esta galáxia de sistemas a que chamam Madonna.