8.23.2013

Análise política semanal #4 - O mega-flop turístico

A notícia do dia, da semana, do mês e até da legislatura é a que o Notícias de Seia infelizmente trouxe hoje em exclusivo.

Não haverá mais mega-investimentos turísticos nenhuns para ninguém em Seia. Pelo menos até 2020.
O novo QREN - e o Turismo de Portugal - não contemplarão sequer a edificação de novos Hotéis, mas apenas a reconversão dos actuais e a animação turística. Ponto.

Quer isto dizer que na pior  das hipóteses Seia continuará a contar com 1 Hotel e, na melhor das hipóteses, com 3 na próxima década. Assumindo a conclusão do Hotel que está a ser construído ao Centro Escolar e a reconversão da Albergaria da Sra do Espinheiro num Hotel de 3 ou 4 estrelas. As albergarias, residenciais, pensões e afins já não são tipologias turísticas.
Também existe a Estalagem, fechada há quase uma década, que pode ser adquirida e reconvertida num Hotel, é certo. Mas não vemos jeitos. As obras seriam tão caras como a construção de raiz. E se não forem os capitais próprios ou a lavagem descarada de dinheiro estrangeiro - que se cheira à distância em tudo quanto é investimentos turísticos de alta gama por todo o nosso país - não haverá mais construção nos próximos 20 anos por aqui. Pelo menos.

Portanto, estamos em tempo de reflexão e de mudança de paradigma. Andámos adormecidos com histórias da carochinha e do Pai Natal e agora subitamente percebemos que não há Salvadores da Pátria  colombianos que venham para a nossa Terra para nos ajudar a viver. Temos que ser nós próprios a fazê-lo.

Por isso esta mensagem é para ambos: executivo e oposições.

Falemos claro: a culpa deste flop não é do executivo actual. Vinha enganado há 10 anos com a Jagunda e foi agora enganado pela Imoestrela. (Também foi enganado pela promoção televisiva do programa Há Volta... mas isso ao pé destes enganos são "peanuts" - e tudo na mesma semana! Um 3 em 1).

Mas aí é que bate o ponto. O executivo tinha a obrigação de saber há meses que os promotores do Golf Resort não conseguiam crédito na banca. O executivo tinha a obrigação de saber que o eng Gouveia tinha retirado a sua candidatura ao QREN. Mas numa altura destas, época eleitoral, tal não terá sido oportuno revelar. Até aqui, infelizmente, percebe-se. Acontece o mesmo por todo o lado.

O que já se percebe menos é o facto de o actual executivo - tendo a obrigação de saber o que todos sabemos hoje - ter realizado a conferência de imprensa a partir da qual o Porta da Estrela - bem intencionado, como sempre - produziu mais um texto que agora fica para a História como um dos mais surreais de sempre. Só comparável ao da "maior Pista de SKI da Europa" e da "Reconstrução e ampliação das piscinas cobertas". Tudo notícias bombásticas (mas infelizmente falsas) que apareceram  enchendo as primeiras páginas curiosamente sempre em campanhas eleitorais. Esse é o único pecado do executivo. Não ter tido a coragem de vir a terreiro, dar a cara e dizer:
- Senenses... fomos enganados!
Dava todo o ar de honestidade e resolvia um problema que assim não fica politicamente resolvido. Bem sei que poucos o fariam, mas são esses os que fazem a diferença.

A oposição provavelmente vai agora aproveitar este flop para zurzir na CMS.
Mas acontece que o flop não é da CMS: é da iniciativa privada. Que diz que aposta mas não aposta. Se a oposição for mais inteligente que o executivo não o deve culpabilizar directamente por este inêxito.
A CMS não pode emprestar os milhões de que a iniciativa privada precisa para desenvolver os seus negócios. Infelizmente, mais uma vez eu tinha razão quando dizia, na AM, e escrevia no meu blog que Seia, ao ficar parada no tempo, estava a perder todas as oportunidades que a Covilhã, por exemplo, aproveitava.
A Covilhã investiu quando os bancos emprestavam milhões de olhos fechados. Seia parou. A Covilhã tem 10 Hoteis neste momento, contando com o H2O. Seia tem um. Poderá vir a ter 3 mas um deles está fechado, já hoje, durante metade do ano... para quê mais?

A próxima semana será crucial para percebermos como vão - executivo e oposições - reagir a esta notícia que vai cair como uma bomba no seio da sociedade civil mais avisada e que se preocupa com a sua Terra. Publicada há apenas uma hora, a notícia foi vista já por 500 vezes mas mais logo chegará seguramente às 2 mil.

A campanha:
A semana que correu foi igual à anterior. O PS de festa em festa e o PSD não sei. Não tenho notícias do PSD. Parece-me que o PSD aposta definitivamente e quase exclusivamente nos outdoors.

O PS não tinha essa intenção, pelo que se percebe. Tanta gente a coordenar uma campanha... sem imagem na rua, sequer! Estariam a coordenar-se uns aos outros?
Mas eu tenho cá um dedo que adivinha e que me diz que em breve aparecerão outdoors do PS.

Vamos agora digerir esta má notícia para Seia e pensar que TEMOS QUE SER NÓS a dar a volta ao turismo da nossa Terra.
Messias, mercenários, Sábios do Turismo e Salvadores da Pátria não nos trazem nada. A não ser facturas para pagar.
Temos que ser NÓS PRÓPRIOS a lutar e a tratar do que é nosso.

Até para a semana e... notícias melhores!


Mega - Investimentos Turísticos em Seia não verão a luz do dia


Exclusivo Notícias de Seia. O Hotel da Imoestrela e o Golf Resort da Jagunda, anunciados como os grandes investimentos concelhios que iriam impulsionar o turismo na nossa região na próxima década, afinal não se construirão. 


 No primeiro caso o projecto foi já retirado do QREN passado que foi o prazo legal para o inicio da obra, que são 9 meses. Portanto desde há praticamente 4 meses que oficialmente o projecto está chumbado. 
E, no segundo caso, o projecto da Jagunda nem nunca deu entrada no Turismo de Portugal. E mesmo que tivesse dado, os PINS - Projectos de Interesse Nacional para investimentos superiores a 50 Milhões de euros - não são aprovados há 3 anos. Os investidores não conseguiram financiamento junto da banca e como também não pretendem investir capitais próprios, o mega-projecto foi ao ar. Definitivamente. 

Anexamos o quadro onde se podem ver quais os projectos que estão activos em Seia. A reconversão do Abrigo da Montanha (1,4 M€ e não os 5 M€ anunciados), Montanhas & Rios (Martinhos) e Selecção Especial (novo hotel junto do Centro Escolar). 

 Recordemos que investimentos amplamente anunciados foram esses - o Golf Resort tem sido anunciado quase há uma década - segundo o Porta da Estrela. 
Mudámos apenas os tempos verbais para o condicional. Mas anexamos o link da notícia original. 

 Assim sendo, dos 98 M€ anunciados, descontados os 76 M€ do Golf Resort e os 7 M€ do Hotel Imoestrela, subtraindo ainda a imprecisão dos 3,6 M€ do Abrigo da Montanha, ficamos com investimentos totais da ordem dos 11,4 M€. Diferença ainda inferior à que colocamos numa das fotos do PE que tomámos a liberdade de "corrigir". Com a devida vénia ao jornal. 

"O Estrela Golf Resort, localizado entre a Arrifana e o Aeródromo Municipal, compreenderia a construção de um Campo de Golfe com 18 buracos, Hotel/SPA, Aparthotel, Aldeamento Turístico (moradias) e equipamentos e serviços comuns como piscina, campo de ténis e áreas verdes, cujo investimento se encontra estimado em 76 milhões de euros. 
O projecto deveria ser executado, gradualmente, em quatro anos e promete revolucionar a oferta turística na região, assegurou a empresa Seia Investimentos Futuros, enquanto principal promotora.

Outro dos projectos apresentados na área do Turismo tem a ver com a construção do Hotel Milk & Spa promovido pela Imoestrela, do Grupo Manuel Rodrigues Gouveia, e já aprovado pelo Turismo de Portugal. O investimento rondaria os sete milhões de euros, num projecto que primaria pela diferenciação, em terrenos próximos da Aldeia de São Miguel, Santa Comba de Seia. Inicialmente previsto para a Quinta do Castelão, a empresa «partiu para uma solução de terreno mais vantajosa», alterando o projecto e readaptando o seu conceito. A unidade iria ter 44 quartos duplos, dos quais quatro são suites, uma aldeia com 20 construções do tipo T1 e uma unidade de interpretação regional, obtendo no total uma capacidade de alojamento entre 140 a 160 clientes. Iria possuir ainda áreas de serviço de restauração e bar, salas para eventos, áreas de saúde com tatamentos diversificados, áreas de relaxamento em SPA e áreas de lazer no interior e exterior, possuindo ainda áreas de apresentação e promoção dos produtos regionais, criação de actividades no exterior para o contacto com a natureza mais relacionada com o complexo e programas para promover o contacto com a região, nomeadamente da Serra da Estrela." 

Como agora se sabe, nenhum destes investimentos verá, afinal, a luz do dia.


 http://www.portadaestrela.com/index.asp?idEdicao=383&id=16987&idSeccao=3694&Action=noticia