4.27.2002

Le Pen, os rappers, e os Estados subsidiários do crime.

Por toda a Europa a população grita "Basta!" ao laxismo e à protecção que os Estados têm dado às etnias e à imigração criminosa.

Por toda a Europa se percebe que, hoje, a grande maioria da criminalidade diária é perpetrada por bandos étnicos de jovens emigrantes legais ou não, de segunda e terceira gerações que abandonaram as escolas (por incapacidade ou preguiça) e que pretendem vir a ser rappers, no futuro, segundo o estudo levado a efeito pelo canal francês TV5, antes da primeira volta para as eleições presidenciais.

Estes bandos, no seu conjunto, recebem dos Estados europeus milhares de milhões por mês em subsídios de desemprego e apoios de todo o género e a única coisa que produzem são os assaltos diários e a disseminação da droga nesses países.
Os Estados não têm mão neles.
As polícias não chegam já para tantos milhares de jovens pro-rappers que, em quadrilhas organizadas, tomam conta de quarteirões inteiros, autênticos "bunkers" nos quais as polícias já não entram, a não ser com carros blindados de assalto.

Os Estados - incluindo o nosso – em vez de os reprimir ou controlar, continuam incrivelmente a subsidiar estes marginais, por quase toda a Europa.
Continuam a compensar mensalmente a sua falta de actividade útil, com subsídios e rendimentos mínimos, o que lhes permite adquirir droga e armas com as quais desenvolvem a sua actividade, fazendo de todos nós, cidadãos europeus cumpridores das suas obrigações fiscais, cúmplices activos na disseminação do crime e da droga, já que ela é comprada, também, com o dinheiro dos nossos impostos.

Esta cruel injustiça despoleta hoje um grito dramático de revolta por parte das populações esclarecidas contra o Estado investidor da droga e protector do crime, grito de revolta este que toma expressão nos recentes números do Le Pen em França e não só:
Na Bélgica, Áustria - onde as ourivesarias não têm grades durante a noite, - Suissa, Luxemburgo, agora França, a seguir Espanha e já em Portugal - com o PP no governo -, por toda a europa os Cidadãos mostram indubitavelmente que preferem a segurança nas ruas a outro qualquer chavão político estafado e mais que gasto por uma esquerda inimaginativa, globalmente corrupta, e há 10 anos moribunda que, em resposta ao avanço da extrema-direita se limita a patrocinar ingénuas e balofas manifestações anti-xenófobas organizadas pelos pobres de espírito que ainda não foram assaltados, pelos emigrantes honestos e medrosos e pelos pais dos assaltantes.
Basta ver os broncos manifestantes a tentar explicar a razão do seu protesto, para se perceber que aqueles coitados, além de não serem minimamente capazes de se exprimir de forma inteligível, não fazem a mínima ideia da razão que os leva ali.
Ali desfilam com o mêdo que alguém lhes incutiu, e não lhes perguntem de quê, porque eles também não sabem.

*Heróis do mar? Nobre povo?*

E por cá? Poderão continuar a ser defendidas e protegidas pelas autoridades portuguesas as corporações de marginais, com ou sem rótulo étnico, cujo modus-vivendi se reduz, desde há gerações, aos seus "pequenos" crimes diariamente repetidos com o conhecimento de todos:

O roubo, o estupro, a receptação, a coacção, a venda de droga, a venda de notas falsas, as declarações falsas prestadas no Registo Civil e no Rendimento Mínimo Garantido que recebem, por norma, em 3 e 4 concelhos vizinhos, a par com os abonos de família.
A falta de qualquer tipo de documentação obrigatória do cidadão.
A falta de qualquer tipo de documentação válida dos veículos que ostentadamente conduzem perante as autoridades, que nunca os intercepta (só por engano e logo os faz seguir o mais discretamente possível).
A falta de carta de condução, porque muitos têm 15 e 16 anos e nenhum tem o 9º ano de escolaridade.
A falta de seguro, inspecção, livrete, registo de propriedade, selo.

E são as mesmas populações que não pagam impostos de qualquer tipo:
- Nem IRS sobre as mercadorias da contrafacção, droga e objectos de proveniência duvidosa que vendem à frente de todos.
- Nem Contribuição autárquica ou predial sobre as casas e terrenos cedidos pelas Câmaras Municipais.
- E nem sequer chegam a pagar as casas que recebem, praticamente de borla, por todo o país.

A maior pouca vergonha da Nação é o desculpabilizar destes crimes públicos constantes, enquanto a população civil e pagante de impostos é martirizada diariamente com multas e coimas de toda a espécie, por falta de um só dos documentos acima enumerados.

Por isso a Áustria, Bélgica e França tendem a eleger governos que lhes garantam o controlo, punição e expulsão para o seu país de origem das etnias e imigração criminosas.

De entre estes países destaco justamente Portugal e os Açores, para onde em apenas 2 anos vieram "recambiados" dezenas de jovens, filhos de emigrantes portugueses que se dedicavam ao crime nos EUA.
Em consequência disso, hoje, no arquipélago, o clima de insegurança nas populações rurais é geral.
Os produtos mais vendidos durante o ano passado em Ponta Delgada foram as fechaduras, segundo o Tal&Qual, porque a maioria das casas rurais não as tinham – não era preciso - e as poucas que as possuíam não mostraram funcionar capazmente.
É que desde que estes jovens emigrantes começaram a regressar, as casas modestas do interior foram varridas por repetidas ondas de assaltos sem precedente na História Insular, o que prova a razão dos americanos em devolver os criminosos à procedência.

Não se trata, neste contexto, de xenofobismo emergente na Europa, não.
Nem a direita convencional avança por força de quaisquer virtudes político-programáticas, com maior ou menor reflexo junto dos eleitores. Nada disso.

Aqui convém lembrar que o super derrotado Jospin tem sido repetidamente confrontado com a sua juventude Trotskista pelos principais jornais e TVs Francesas e que o futuro presidente de direita Chirac, que vai ser eleito pela esquerda, se encontra ainda em liberdade porque recorreu ao paliativo vergonhoso da imunidade presidencial.
Não fosse eleito no próximo 5 de Maio, e teria que ser de imediato detido, tal a quantidade e a gravidade dos processos pendentes contra si, desde o tempo em que foi Presidente da Câmara de Paris, que fazem corar de vergonha qualquer pequenino Vale e Azevedo.
Será eleito com os votos da esquerda e dos emigrantes que ainda preferem a trafulhice à ordem.

Mas então do que se trata, quando se vota num qualquer Le Pen?
Trata-se apenas da reacção popular à inacção do Estado convencional de centro esquerda / direita (volver) que tem protegido tacitamente o criminoso, penalizando o Cidadão.
Trata-se apenas da tentativa desesperada da reposição da legalidade e da esperança quase perdida de vivência em paz das populações residentes, que têm o direito de sair à rua sem levarem um tiro, sem serem assaltadas e sem que lhes seja oferecida droga, por todo o lado.

*Nação valente e imortal?*

Em Portugal, terra de gente ingénua e bem-intencionada, a guerra pela limpeza tóxico/criminal será substancialmente dificultada, na medida em que é a própria vítima que desculpabiliza o crime ao, por exemplo, recusar-se por sistema a fazer queixa formal dos criminosos, com o incrível argumento de que não são apenas as máfias de Leste e os bandos étnicos os únicos responsáveis pelos crimes que vemos a par e passo na TV e nas ruas.
Como se os crimes alheios desculpassem ou anulassem os próprios.

Melhor ainda, há até muito quem defenda a honestidade dos mafiosos e dos corruptos, o que só pode ser justificado por mêdo e cobardia - duas das mais presentes características naqueles que têm sofrido na pele a influência destes bandos.

Em suma: acho notável a forma silenciosa como o povo em Portugal tudo tem aguentado e a tudo tem assistido, com um prudente distanciamento e recatado imobilismo, seus verdadeiros apanágios.

Os Senenses (habitantes de Seia, a minha terra), por exemplo, habituaram-se a deixar as mafias étnicas actuar à vontade à sua frente, assaltar, espancar os seus iguais, vender droga aos seus filhos. Os senenses veem e viram a cara para o lado.
Nenhum faz queixa de coisa nenhuma.
Depois acusam a GNR de inacção.

Tarde reagirá, este povo, contra o crime que o rodeia, por viver permanentemente aterrorizado com tudo e todos.
Por isso, também, tudo tem vindo a merecer.

No dia em que finalmente perderem o mêdo aterrador que os oprime, talvez os portugueses possam voltar a merecer as duas primeiras estrofes do hino nacional, há muito esvaziadas de qualquer sentido.

João Tilly

4.25.2002

28 anos depois… O melhor de Abril foi o 25. E pior, o 26.

O calendário devia ter parado ali, para Portugal. Tinha vindo a correr tudo bastante mal desde 1945 e o Estado Novo tinha chegado ao fim. A máquina ditatorial estava gripada e o movimento corporativista militar que tinha falhado nas Caldas não havia sido desmontado, porque o regime já nem para tal mostrava vigor. Não era um regime, a bem dizer. Havia 2 células militarmente activas: a GNR no Carmo e meia duzia de agentes da PIDE, na António Maria Cardoso. Um deles (nunca saberemos qual) terá entrado em pânico e disparado atabalhoadamente da janela sobre a multidão, matando 4 e ferindo 18 - as baixas do golpe militar de Abril. Menos mal. Uma "revolução" com o mesmo nr de mortos de um acidente na IP4, prenunciava um futuro livre e risonho para um Portugal cinquenta anos atrasado relativamente à Europa desenvolvida. *A Liberdade que transformou "fascistas" em democratas* Mas não parou aí o calendário. E apenas algumas horas após a consciencialização da irreversibilidade do golpe, houve logo quem se aproveitasse da confusão geral para "passar" para o lado certo da História. Chamaram-lhes os "fachos" (diminuitivo alfacinha para fascistas). Situacionistas convictos às 3 da manhã, eram eloquentes democratas e paladinos da liberdade às 4 da tarde. Voltaram quase todos ao aparelho de estado. Hoje estão mortos ou reformados, apenas porque tiveram um azar nítido temporal. Abril calhou em 74, tarde de mais para as suas idades (50s e 60s) e para a retoma integral das suas carreiras. Fossem mais novos e ainda chegavam a Primeiro-Ministros nos nossos dias. *O Verão Quente que poderia ter sido tórrido* De uma ditadura exausta, com 48 anos de velhice, num contexto europeu que nada tinha de similar (com a excepção do regime de Franco, aqui ao lado, mais austero mas muito mais moderno e empreendedor), com um pseudo-império de mentirinha preso por arames e não reconhecido por ninguém, uma guerra não-ganhável em 3 frentes que tinha produzido, em 13 anos, 9000 jovens mortos e mais de 30.000 estropiados para a vida, toda a Europa e mais o líder do terror internacional H Kissinger esperavam o fim formal. Que ocorreu nesse Abril. E àquele pântano político (talvez só comparável ao de hoje) sucedeu-se a Liberdade e um período muito conturbado da nossa História em que Portugal esteve, por mais que uma vez, à beira da guerra civil. O 25 de Novembro e o 11 de Março não foram, contudo, suficientes para lançar este país na desgraça que ocorreu em Angola e Moçambique após a descolonização possível. O verão quente de 75 com as sedes do PCP e do CDS incendiadas alternadamente por todo o país, não teve, felizmente, consequências de maior. Porque passados muitos saneamentos e autogestões, assaltos aos latifúndios, barricadas populares, tiroteios, bombas e alguns mortos, Portugal acabava por ser mais ou menos o mesmo, e a figura firme e austera de Ramalho Eanes estabilizava, em 76, este país duplamente libertado, apagando o fogo da guerra fratricida que se insinuava. Nunca lhe agradeceram, os políticos profissionais. Hoje, já quase ninguém se lembra dele. *Passámos a poder escolher, de entre os que foram previamente escolhidos* Muitos anos, poucas décadas e bastantes peripécias depois, a sociedade portuguesa está substancialmente mudada. Antigamente crónica nas manif.s do 25 de Abril, a populaça está hoje toda na praia, a apanhar bronze, sem nadadores salvadores por perto. A democracia – o pior sistema político, tirando todos os outros – continua a fazer coxear este país que não corre, como os demais países europeus. Este regime português não é hoje carne, nem é peixe. É um molhe de bróculos, sem "substracto" para dar ao povo. Física, moral ou Culturalmente. Mas alimenta-se bem a si próprio, ainda assim. Porque o verdadeiro regime em vigor desde Abril, nunca foi a tão propalada Democracia orgânica. Até 25, Portugal viveu uma Ditadura e a partir de 26, uma Partidocracia, que dura até aos nossos dias. Portugal só foi um país verdadeiramente livre no dia da "revolução" (leia-se golpe de estado). Depois da fuga da tirania, e antes da chegada da corrupção-pobre. - Então porque é que não vivemos numa democracia formal? Pergunta o leitor que conseguiu chegar até aqui. (A propósito: Os meus parabéns! Você pertence a uma minoria ínfima da população – os utentes cerebrais. A esmagadora maioria daqueles cujo voto anula o seu desistem de qualquer leitura ao fim do primeiro período com 1 oração intercalar. Essa imensa maioria analfabeta funcional é denominada pela TVI de: "Os portugueses"). - Porque o povo só pode escolher quem já foi escolhido para se apresentar às eleições. Respondo eu. E nunca são os melhores, os candidatos que se perfilam. Explico porquê. "Quem é que temos para o Governo Civil?" Invariavelmente neutros, à cautela, em Abril, deixaram passar o período de grande convulsão de 75 e 76 e o perigo que representava defender uma posição política nesses tempos conturbados em que, como hoje, a cobardia era a melhor conselheira e de heróis espancados não rezava a História. Depois, quando os ânimos acalmaram e a política começou a dar dinheiro, foi vê-los a "assaltar o poder" em todos os partidos e em todos os locais. Não são nunca os mais honestos, porque têm que passar a vida a mover influências para continuarem a ser os escolhidos pelo Partido, numa luta diária e desgastante contra os seus concorrentes internos. Não são também os mais brilhantes, porque se o fossem, a sua inteligência não lhes permitiria submeterem-se a todo o tipo de indignidades e golpes baixos, para continuarem a pôr-se em bicos de pés. São, possivelmente, os mais espertos (perspicazes) – mas a esperteza é o recurso medíocre daqueles que não foram bafejados intelectualmente. Basta analisar o caso notável do comentador político/futeboleiro Pedro Santana Lopes ou o do comentador político/cibernoso José Magalhães, para se perceber de imediato que até para se nascer não-idiota é preciso ter sorte. Portanto, ao votar, o povo está a inserir um vírus no sistema – o menor. Mas há mais. *O mecanismo de perpetuação da corrupção-pobre* Ao votar, o povo apenas elege aqueles que vão colocar os amigos e os seus homens de confiança nos centros de controle da democracia. A proliferação desta corrupção pobre (por contraponto às corrupções propriamente ditas - a da alta finança e a do colarinho branco - de que falaremos em "E quem não for corrupto é burro")– a corrupção da migalha e da continuidade da sobrevivência em "jobs", é social e ferozmente combatida pela inveja dos vizinhos que não fazem parte desses amigos e que não pertencem a esse clube, simplesmente porque ninguém teve o bom senso de os convidar. Esta situação e noção de exclusão conduz invariavelmente a um "sindicato dos desprezados" que encetará logo que organizado uma solidária e despeitada luta de combate à corrupção-pobre da côr vigente, formando, estes, um novo lobbie de candidatos a corruptos-pobres de sinal contrário, à espera da sua vez para usufruirem da migalha apropriada pelos antecessores, o que tem acontecido de 2 em 2 eleições legislativas, em Portugal desde Abril. Verifico ainda que a corrupção-pobre perpetuada neste regime partidocrático se manifesta, em cada momento, com uma dimensão inversamente proporcional à da tensão social existente, e a prova disto é que em períodos de revolução e cataclismo, ela praticamente não é detectável. Aprofundaremos este conceito mais tarde no texto: "Quanto maior a acalmia, mais se orienta a Maria". *Por outro lado, qual a verdadeira idoneidade de quem vota, neste país?* Uma população constituída por 48% de analfabetos funcionais deve votar? Tem consciência política e social do seu acto? Não tem, por definição. Está a decidir um rumo político para o país quando nem sequer tem conhecimento das linhas de força dessa política? Está, concerteza. Mas então se para tirar uma simples carta de condução, arranjar um emprego, para desenvolver qualquer tipo de actividade socialmente autorizada é necessário possuir pré-requisitos, porque é que para decidir o futuro de uma nação basta estar vivo? E nem é preciso estar consciente… até os doentes mentais nos hospitais psiquiátricos podem votar… E agora, por força da lei comunitária, também os imigrantes votam, o que é sempre preferível aos alienados. Portanto, ao votar, uma grande parte do povo está a inserir paralelamente no sistema um novo desvio, este bem maior: está a escolher sem fundamentação programática, sem alicerce histórico-cultural, sem interiorização do leque de escolhas. Em suma: está a votar imbecilmente, e a eleger quem não compreende. O dramático disto é que cada voto imbecil vai anular um outro voto consciente e muitíssimo ponderado de um sociólogo, de um cientista ou de um professor catedrático, por exemplo. *É só dos politiqueiros a culpa de continuarmos na cauda, 28 anos depois?* A minha explicação para o que nos tem vindo a acontecer desde o dia 26 desse longínquo ano, ultrapassa a classe política e, por muito incorrecta que esta afirmação possa ser, politicamente falando, defendo que a culpa é maioritariamente do povo. E baseia-se nesta singela evidência: Sabemos que, antes e depois de Abril, o número de imbecis tem vindo sistemáticamente a superar de forma esmagadora o dos intelectuais, a ponto de, hoje em dia, a TVI ser a televisão preferida dos "portugueses". As causas desta situação degradante são múltiplas e prendem-se com muitos factores, de entre os quais enumero o facilitismo escolar, a falta de formação exigível nas profissões e na vida activa e, no fundo, um costumeiro laxismo instituído desde há muitas décadas e que nunca foi abandonado até hoje – ao contrário, teve o seu periodo áureo durante o Governo anterior. Portugal sempre foi um país de desenrascados e não um país de operários especializados. O clima tem também a sua quota-parte nesta história, dado que somos a África da Europa mas, como no resto, nem isso sabemos aproveitar. Deixemos esta discussão para mais tarde. Dentre estes idiotas, os mais atrevidos, não contentes com o facto de serem perfeitos mentecaptos, perceberam que nenhum mal adicional lhes sobrevinha se o mostrassem, como fez o Zé Cabra, o Tino de Rans ou a Gisela do Masterplan. Pelo contrário; como estão rodeados dos seus iguais, por mais asneiras que digam ou façam, não há ninguém à sua volta que as detecte e os corrija. Chegados à era dos "reality shows" estes cromos são verdadeiros petiscos para as estações de televisão, que aumentam dramaticamente as suas audiências poupando milhares nos "pugramas" e arrecadando milhões durante os écrans publicitários dessas horas "nobres". É o ovo de Colombo, mas também a verdadeira Maldição de Midas das televisões modernas. É que a partir de agora, só podem apresentar pior. Mais baixo, mais porco, mais analfabeto, mais miserável, mais animal. Nunca igual, pois igual já está visto e deixa de "cativar" o povão a que se dirigem. E o povo intelectualmente menos robusto vai-se revendo diariamente naquela negra incultura protagonizada por estes autênticos ícones da estupidez popular. O que lhes vai progressiva e subliminarmente instituindo como "normal" um padrão comportamental e civilizacional que se encontra cada vez mais desenquadrado do da Europa contemporânea. Ora, um povo auto-atrasado não suporta nem se adapta culturalmente a rápidas modificações na estrutura organizacional social, mesmo que a classe política de serviço a pretendesse implementar. Estas terão fatalmente que ser impostas, sem negociação. E terão custos mediáticos gravíssimos que se pagarão na primeira oportunidade, nas urnas. É uma pescadinha de rabo-na-boca. Quem o fizer, tem que perceber que vai pagar em seguida e vai ser expulso pelo povo cujo futuro protegeu. É preciso, portanto, que apareça um líder com a coragem e força interior capazes de entender e aceitar esta evidência e este ingrato Dever. Só esses homens ou mulheres corajosos poderão libertar Portugal do seu 3ª jugo desde o 26 de Abril: o da corrupção-pobre e estupidificação das massas.. Não descortino, num futuro próximo, infelizmente, nenhum candidato a crucificado. Nem o Cavaco … João Tilly 25/4/2002 Joao.tilly@netvisao.pt

4.20.2002

Herman e o povão

(publicado no Expresso Online - leitor com opinião)

Herman José, o mais inteligente humorista português de todos os tempos, músico e designer nato e dialogador robusto e acutilante, possuidor de um background cultural invulgar na TV portuguesa dos nossos dias, vê-se agora inesperadamente abafado pela majestosa estupidez dos bate-chapas "muito-homens" e das modistas "com-cancro-da-mama", inusitados intevenientes e protagonistas nesta nova inqualificável saga da Sic.

Uma virtude tem este "pugrama" - revelar ao povão tele-espectador a sua verdadeira essência.

Antigamente amáveis, hospitaleiros, humildes e honestos - adjectivos que durante décadas o Estado Novo tentou instituir como Qualidades dos Portugueses, - revelam-se agora diária e finalmente as verdadeiras pedras basilares do âmago popular, sendo a principal e mais evidente a do analfabetismo congénito, que naturalmente traz a reboque a estupidez convicta, a inveja metódica, a idiotice conformada e a mediocridade anacrónica como "forma de estar", a par do subdesenvolvimento atroz como filosofia de vida.

Eis o povão segundo Herman José, no seio do qual ele decidiu agora inserir-se, para experimentar novas sensações em directo (sic).

Mas um duelo em directo com armas desiguais não é leal.
Superiormente dotado, Herman está visivelmente diminuído neste embate.

É que tal como não se pode ensinar um porco a falar francês, também não é possível transmitir qualquer tipo de informação ético-cultural àquela gente, simplesmente porque ela não possui os códigos e estruturas mentais necessárias à interiorização de qualquer conceito que não seja o da satisfação imediata das suas necessidades fundamentais.

Herman devia saber isso há muito, mas pelos vistos, não.

E assim, pela primeira vez desde 76, é possivel ver Herman claudicar, chegando ao ponto de desisitir sequer de intervir, completamente sufocado naquele estúdio da Endemol, onde não há um único ser vivente que lhe reconheça a ascendência que a sociedade cultural, em que se habituou a movimentar, sempre lhe conferiu.

Herman José é, no Masterplan, um génio fragilizado e esmagado pelo povão.

O mesmo povão que, por opção própria, se constitui e revê numa exponencial e esmagadora avalanche de idiotice e incultura, que consolidadamente vem relegando o nosso país para o seu justo lugar no ranking das nações da Europa.

João Tilly
20/04/2002

joao.tilly@netvisao.pt