A Actuação da GNR em Seia será caso Único no Pais?
Porque infracções há-as em todo o lado e a toda a hora, mas se olharmos aos registos de transgressões sancionadas com multa, então é em Seia que se batem todos os recordes, pelos vistos.
«Em lugar de ajudar os condutores, a GNR multa-os a torto e a direito». As pessoas de Seia vêem na GNR um força muito mais repressiva do que construtiva, cuja acção fosse entendida em prol da comunidade...
Das 8 missões que a GNR publicamente assume (www.gnr.pt)apenas metade da terceira (a que se refere à regulação do trânsito) é levada a efeito em Seia e com «nítido excesso de zelo», a avaliar pelas queixas generalizadas da população.
Em lado nenhum se vê esta permanente “caça à multa” à saída dos bares e nos parquímetros da cidade. Um minuto (um) é suficiente para originar uma multa. Dezenas de condutores são obrigados a fazer o teste do álcool à noite e aos fins de semana nos locais mais incríveis – até em parques privados, curiosamente - alguns a escassos metros das residências dos condutores. O episódio caricato relatado n’ “a mosca” desta semana em que um cidadão apeado foi obrigado a soprar como se estivesse a conduzir, é disso gritante exemplo.
Menos se compreende quando os próprios elementos da Corporação também não são abstémios e frequentam, às vezes no mesmo dia e à mesma hora, os mesmos restaurantes e bares dos dos cidadãos que a seguir têm a coragem de interceptar. Conclusão: alguns militares têm sido convidados a soprar, também eles, pelos cidadãos que fiscalizam.
Todo o português tem dois olhos na cara e o senense não é mais lerdo que os demais.
É público que os habitantes das cidades vizinhas já deixaram de vir a Seia ao fim de semana à noite. Porquê? Porque estão fartos de ser “sacrificados” aqui, quando «isso não lhes acontece em mais lado nenhum», segundo se queixam.
Em compensação, os nossos jovens vão cada vez mais para Oliveira, Arganil e Viseu.
Estaremos à espera do próximo acidente mortal para pôr começar a debater este estado de coisas?
Aprendamos com Viseu: bastavam 2 brigadas colocadas à porta da Day After e do Hangar para se conseguirem, em cada fim-de-semana, centenas de cartas apreendidas. Porque não o fazem?
Por uma questão de inteligência e sensatez. Para além de não estar provado que o álcool seja responsável por mais do que meros 2% dos acidentes de viação, se o fizessem, estariam a liquidar a vida nocturna de Viseu, obrigando os jovens a ir para Coimbra à noite e a voltar de madrugada, com todo o risco que esse comportamento encerraria.
Em Seia não há essa visão. Quem quiser sair à noite ainda é obrigado a deslocar-se quilómetros, colocando em sério risco a sua vida e a dos acompanhantes. E mesmo assim, está sujeito a que lhe façam uma espera à entrada da cidade às 3 e às 4 da manhã.
Curiosamente à hora em que os assaltos e vandalismos acontecem e vão ficando, 99% deles, impunes.
Damos bem conta disso, porque de cada vez que a GNR consegue um sucesso, o nosso Capitão “salta” de imediato para as televisões numa lamentável falta de contenção que me recuso a comentar. Se fizesse o mesmo de cada vez que a GNR não descobre os criminosos, passava lá mais tempo que a Manuela Moura Guedes.
O que está primeiro? A patrulha às ruas onde há mais probabilidade de ocorrerem os assaltos ou o combate ao condutor alcoolizado, sem cinto e mal estacionado dentro da localidade... onde circula a 30 à hora?
Á GNR não cumpre ser mecânica e insensível. Cumpre-lhe zelar pelo bem estar dos cidadãos, que estão inseridos no seu meio ambiente, na sua terra e num conjunto de hábitos e normas sociais que não são diferentes dos das cidades vizinhas, e que não podem ser invertidas do dia para a noite.
Concluindo: A filosofia de “perseguição continuada ao condutor” que se verifica em Seia encerra em si mesma os seguintes erros estratégicos crassos:
1º - É socialmente injusta, na medida em que reprime de forma desproporcionada os seneneses e visitantes, comparavelmente ao que se passa no resto do país.
2º - Leva rapidamente a vida nocturna de Seia à ruína, desertificando a noite, e promovendo a cidade a um “pasto” ainda mais favorável aos roubos, assaltos e todo o tipo de criminalidade.
3º - Conduz indirectamente a acidentes de viação evitáveis, porque à força do êxodo nocturno de jovens para outras paragens, estatisticamente será uma questão de tempo até que aconteça – novamente – o pior.
4º - E, acima de tudo, provoca nos cidadãos um perigoso e crescente sentimento de revolta contra a Força que os devia proteger, mas que na prática (e na sua óptica), apenas os prejudica.
O Sr Presidente da Câmara, enquanto autoridade máxima no Concelho, deve olhar rapidamente para este «excesso de zelo», altamente lesivo dos interesses da Cidade, se não a quiser ver ainda mais desertificada dia após dia.
Que se continuem a patrulhar as ruas e com mais rigor ainda, mas não para se “martirizar” quem ajuda o nosso concelho. Que tal seja feito para se evitarem os assaltos que se dão às horas em que a GNR está ocupada com outras atribuições.
Por outro lado, repare o sr. presidente, que não vale a pena continuar a gastar milhares de contos por ano para se atraírem turistas à nossa cidade, se depois os recebemos com centenas de multas de estacionamento e apreensões de carta em catadupa.
Para o ano, por este andar, em vez da capital da neve, seremos a capital do deserto.
E já agora, aproveitando o ensejo, pergunte-lhe lá (como quem não quer a coisa), porque não se verifica o mesmo rigor em Gouveia, a sede do seu comando...