O nosso Presidente, Eduardo Brito, queixa-se da existencia de um déficit democrático na nossa cidade.
Tenho que lhe dar razão.
Em Seia vive-se como se vivia nas aldeias em plena longa noite fascista.
Nada se pode comentar, que parece mal.
Que podem ouvir... que irão dizer as pessoas?.
Posição nenhuma, a não ser a de cócoras é por aqui admitida, tida e cultivada.
Pois a mim não me convence nem me apetece tal postura curvilínea.
Prefiro enfrentar sozinho o ostracismo das «Forças Vivas» a ter que me encolher como os ratinhos mencionados uns textos atrás.
Nada tenho contra os bichinhos - não seja eu mal interpretado - mas a verdade é que há Criação mais simpática que os cinzentos e taciturnos roedores, os imperiais paladinos da sobrevivência a qualquer custo.
De tal forma que, horas antes do naufrágio, e em tresloucado pânico provocado pela subida do fluido, se atiram da amurada em grupo, numa esperança tola de sobrevivência.
Vissem eles mais além... fossem eles mais altos que a amurada, e por certo se refreariam nessa última corrida.
Mas não. São pequenos e baixos. De forma que todo o seu horizonte visual se preenche com as sobras do cordame e com os sapatos dos marinheiros.
O que falta em Seia é, provavelmente, o mesmo que falta aos roedores do porão: um pouco mais de estatura, um pouco mais de porte, um pouco mais de raciocínio.
Se os senenses conseguissem debater de forma construtiva os problemas que os afligem - e tantos que são! - provavelmente muito se pouparia em erros e naufrágios evitáveis.
É que tanto no Verão como no Inverno, Seia continua a ser a capital... do déficit democrático.
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3.04.2004
O Déficit Democrático
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