Era uma vez um ministro muito bonzinho. Comia a sopa toda e fazia tudo aquilo que a mãe mandava. E uma cidadezinha - Seia - que tinha um Hospital que era muito mau. O povo de Seia vivia muito triste porque o seu hospital era mesmo muito béra. Mandava as crianças todas passear. Primeiro para a Guarda e às vezes para Coimbra, porque não tinha nem sequer um laboratório a funcionar à noite e aos fins-de-semana. Aos outros doentes, que não mandava passear, o hospital mau mantinha-os nos corredores deitados em macas dias e dias. Era mesmo mau o sacana do hospitalzito ranhoso.
O povo fartava-se de pedir ao ministro bonzinho que lhe desse um hospital novo, já que se havia dinheiro para Estádios de futebol, Aeroportos e TGVs também devia haver algumas moedas para um hospital que não fosse tão velhaco.
Depois de muito lhe pedirem, o ministro bonzinho lá decidiu vir a Seia explicar o que ia fazer.
Disse que um hospital novo não podia ser, que demorava muitos anos a construir, e mais isto e mais aquilo... Por isso ia mandar construir um novo hospital no sítio onde estava o velho, que era mais rápido. O povo calou-se, não percebeu nada como de costume, encolheu os ombros, e foi para casa.
Mas o hospital mau, que era mesmo fatela, foi por trás dizer à Misericórdia, que é uma coisa muito boa, cheínha de pessoas muito competentes a geri-la, que o ministro queria construir um novo hospital que não era bem, bem novo, mas que era quase novo, no lugar do hospital velho. E que depois o hospital velho desaparecia e já não podia ser convertido num centro de 3ª idade, daqueles que ficam milionários mais rápido do que um limpa-neves a desimpedir a estrada Sabugueiro - Torre.
A Misericórdia pensou, pensou, e disse ao Hospital mau que não se preocupasse. Que continuasse a mandar crianças para Coimbra e velhos para o corredor que ela tinha visto uma série inglesa chamada "Yes, Minister" e por isso já sabia como resolver o problema.
Chamou o seu provedor que tem um nome tão esquisito como o dono deste blog e disse-lhe:
- Béco! - o senhor chama-se assim mas é muito bonzinho - Ó Béco!
- Senhora? Respondeu o provedor.
- Vais dizer ao senhor ministro que o hospital mau tem que ficar como está, não pode ser desvirtuado, porque a fachada é dos anos 30 e portanto ali ele não prega nem mais um prego na canalização.
Bem, e ele lá foi.
Quando chegou ao pé do Ministro bonzinho e lhe disse o que a Misericórdia ainda mais bonzinha lhe tinha mandado dizer, o ministro respondeu:
- Pois! Por isso é que este país não anda para a frente! Mas olhem: reparem bem que eu tentei. A culpa não é minha...
E lá continuou o velho e mau hospital muito bem instalado na vida, com os seus curto-circuitos todos sempre a postos, enquanto o ministro bonzinho vai pensar numa outra solução.
Moral da história:
Antes de entrar em pista o palhaço pobre deve tirar sempre o serrote musical do prego.