11.24.2003

RTP1: Os Barranquenhos vão ao médico a Espanha e ... não pagam nada

 


Está um Barranquenho a dizer, neste momento, na RTP 1 a dizer o que está no título.
E que não há filas de espera, nem preenchimento de formulários, e não se paga nada.
E compra os medicamentos em Espanha.
Caso contrário, teria que ir a Moura ou a Beja, percorrer dezenas de kilómetros e depois preencher papéis.
Está o Estado espanhol a pagar a saúde dos portugueses... Mais: aqui toda a gente paga a taxa moderadora, mas em Espanha não paga ninguém...
Eles também precisam, coitados. Com aquele triste nível de vida deles...

Há 2 anos que não há médicos em Barrancos, mas isso não interessa nada à população.
É preciso é que não lhes tirem os touros de morte!
Bois.

Serra da Estrela: neve com vista para o mar

O que nos faz falta, em Portugal, em qualidade da classe política dominante, há de sobra em beleza natural.
É a lei das compensações.

Portugal é dos países mais bafejado pela sorte, no que concerne às condições naturais: clima e paisagens, sobretudo.
Espanha tem serras mais altas, onde se podem fazer centenas de kilómetros de ski (para quem aguentar).
Tem também praias de água quente (Valencia, Málaga, Barcelona), mas sem ondas, que o Mediterrâneo não gosta muito delas. Mas não este pacote turístico, este 2 em 1, na mesma àrea geográfica.
Todos os países nórdicos têm altas montanhas, todas magnificamente exploradas e vocacionadas para a prática de desportos de inverno. (Conheço pessoalmente Innsbruk na Áustria e Ruka na Finlândia - porque a Vodafone me fez o favor de me proporcionar essas viagens. De outro modo nunca lá iria).
Mas esses países, ou não têm praias, ou é como se as não tivessem.
Ninguém se mete em água gelada por gosto.

Nós, aqui neste cantinho, temos tudo. E ao mesmo tempo.
Uma montanha linda, com um maciço central imponente e de fácil acesso, faz as delícias dos montanhistas.
E logo à frente, a menos de hora e meia de viagem, as praias da Figueira da Foz e Mira.
Esta é uma característica que não é facil encontrar em lado nenhum.
As grandes pistas de ski de Andorra não ficam, é certo, muito longe das praias mediterrânicas de Girona, mas nunca se faz essa viagem em menos de 5 a 6 horas, a andar bem. O mediterrâneo Francês fica ainda mais longe, e sempre é outro país, com outra língua.

Aqui, não.

Duas horas após descalçar as botas no Sabugueiro, apenas terminada a digestão do belo queijo da Serra, pode o turista tomar uma rica banhoca na Figueira da Foz cuja água, não se podendo considerar como cálida é, pelo menos, suportável. E tem, pelo menos, ondas. É um autêntico Brasil para os Galegos, para não falar nos nórdicos.

Temos todas as condições naturais em Portugal e sobretudo aqui na Serra da Estrela - o 2º destino turístico nacional - para proporcionar um fim-de-semana absolutamente inolvidável aos nossos visitantes.

Nunca as soubemos aproveitar, é certo.
Mas agora, estou convencido, com as novas condições das pistas e os novos alojamentos disponíveis em Seia e no Sabugueiro, já seremos capazes de receber condignamente.

Aguardamos as V. críticas.

Não há papel??? Mas é para o comércio local!

O povo já começou a atacar aos centros comerciais.
Ontem, no Norteshopping, não se rompia. Ao Arrábida nem se chegava e até o pindérico do Modelo em Viseu não tinha estacionamentos. Carros em cima dos passeios.
Em todo o lado se vê gente conhecida.
O pessoal daqui assalta mais Viseu. Em todas as caixas há sempre alguém de Seia.
Quer dizer que o tão propalado comércio local vai mais uma vez levar para tabaco.
Ali andam aqueles comerciantes a tratar os seus clientes na palma da mão, durante todo o ano, muitas vezes a fiar o ano inteiro para, na hora da verdade, quando tem que se cumprir a Natalada e que se abrirem os cordões à bolsa, acuda tudo às grandes superfícies, onde ninguém conhece ninguém, todos desprezam toda a gente e se paga "al contado".
Bem.
É Portugal.
A partir de Janeiro, já o povo se volta a lembrar dos "mestres Andrés" das suas terrinhas - daqueles que ainda conseguirem sobreviver a mais este Natal - e lá voltarão, com falinhas mansas a pedir, outra vez, fiado.
Certo.
É neste sistema português, aparentemente tão amável e no fundo tão profundamente selvagem, que não se acredita.
(Vejamos o caso dos bombeiros e os escândalos dos incêndios, este verão.
Acabou-se, fotricou-se! Para o ano será pior, que até lá está tudo bem).

Ora...
Depois queixam-se que "nas vilas não há nada" e que tem que se ir às cidades para se comprar qualquer coisinha.
O povo, na sua imensa sabedoria, é que justamente provoca esta pescadinha de rabo na boca.
Qualquer dia será preciso andar 100 kms, ida e volta, para se comprar 1 kilo de arroz.
Mas não faz mal. É passeio, é animação.