7.08.2013

Pinhel anuncia a morte esperada do interior.

O caso de Pinhel é paradigmático e deve ser um case-study do despovoamento. O seu decaimento é notável e matemático. Pinhel tem perdido sempre cerca de 1500 habitantes por década há 3 décadas seguidas. Desde 1980.
Como é isto possível? E quando parará esta recta regressiva para a morte?

A equação da recta da morte de Pinhel é y=-157x+14328 se considerarmos o eixo das ordenadas (y) no ano 1981.
O seu declive (m) é negativo e obtido pelo coeficiente entre o nr de cidadãos que se perdem por década (1567) e o nr de anos da década (10).

Resolvendo esta equação simples, fazendo y=0 (zero pessoas) vem-nos para a abcissa x o valor de 9,1. Quereria isto dizer que se nada se fizer e tudo continuar assim, Pinhel teria zero pessoas no ano 2072, daqui a 59 anos. Se este cenário não é realista, por longínquo, mais próximo de nós é a conclusão intermédia: que daqui a 30 anos Pinhel terá metade da população de hoje (4800 pessoas, quando em 1960 tinha 20 mil!) e portanto já não tem vida.

A lei da extinção das cidades obedece sempre aos mesmos parâmetros sequenciais: perda de gente por falta de emprego implica a perda de emprego por falta de gente.

A oferta de produtos (comércio e serviços) diminui por falta de gente - a que se segue mais desemprego e despovoamento.
Quando é que esta "espiral" recessiva se estanca? Quando se conseguir o equilíbrio entre o nr de empregos e o nr de pessoas. Como acontece em Manteigas. Por volta das 2 a 3 mil pessoas. Nessa altura tudo se ajusta. A pouca oferta e a pouca procura. Se descer abaixo dos 3 mil de Manteigas é o cancro social e a Vila ou Cidade correrá o risco de ficar sem pessoas.
Os números demográficos indicam-nos que estamos perigosamente desse limite em muitas cidades e vilas do interior.

A perda de gente por falta de emprego traz consigo a perda de emprego por falta de gente

Se nada for feito e tudo continuar como está, o interior do país despovoará irreversivelmente em apenas 3 décadas