7.09.2013

Forças de segurança DESCONVOCAM protesto


Esqueceram-se de dizer que está a ser negociado um regime de excepção para os militares que não prevê mobilidade especial e retoma as promoções.
Ao contrário do que acontece com o resto da Função Pública


As associações entendem que “neste quadro de degradação” está posto em causa “a dignidade das instituições e o próprio regime democrático”

As associações e sindicatos das forças de segurança decidiram hoje desconvocar a concentração que iriam realizar a 10 de julho em Lisboa por considerarem “não haver estabilidade democrática suficiente” para se manter a iniciativa.
Em conferência de imprensa, num hotel em Lisboa, o presidente da Associação Nacional de Sargentos, António Lima Coelho, leu um comunicado em nome de todas as associações que convocaram a concentração.
Nesse comunicado consta que se considera que com as “demissões dos dois ministros de Estado deste governo [Vitor Gaspar e Paulo Portas], o país assistiu a um espetáculo, em vários atos, com um nível de degradação, de falta de respeito pelas instituições, por parte dos seus principais titulares, nunca em momento algum visto”.
As associações entendem que “neste quadro de degradação” está posto em causa “a dignidade das instituições e o próprio regime democrático”.
Com tudo isto, o conjunto de associações concluiu “não haver estabilidade democrática suficiente para se manter a realização da iniciativa”.
A plataforma de instituições entende mesmo que os acontecimentos políticos da última semana, provocados pelas duas demissões, promoveram “a vulgarização e a falta de respeito pelos valores que devem presidir a uma conduta responsável de Estado” e sublinharam que não querem contribuir “para alimentar este clima”.
A conferência de imprensa de hoje teve como objetivo “denunciar as preocupações instaladas no seio dos seus universos representativos, em consequência da política de austeridade seguida por este Governo”.
O comunicado apela ainda ao Governo para que “saiba interpretar o sentido de elevada serenidade, responsabilidade e dever patriótico” da decisão hoje anunciada.
Lima Coelho disse também que os objetivos das organizações que convocaram a concentração, agora desmarcada, não podem ser confundidos com “meras lutas político-partidárias”.
“O mal estar que se sente na sociedade, a desconfiança das próprias instituições, não pode permitir que aqueles que são o garante da segurança dos cidadãos e da defesa nacional se envolvam em qualquer tipo de ação que possa confundir-se com questões político-partidárias”, afirmou.
Lembrando que o Presidente da República esteve esta tarde a receber os representantes dos partidos políticos com assento parlamentar, e que a crise política ainda não está solucionada, o presidente da ANS disse que “não estão reunidas as condições para qualquer tipo de ação de maior visibilidade”.
“Contudo, não está retirada a hipótese de ela se vir a concretizar se os pressupostos se mantiverem e se o quadro se configurar como necessário”, ressalvou.
Na conferência de imprensa as organizações representativas de estruturas policiais e militares vincaram ainda que as medidas de austeridade estão a “pôr em causa a missão operacional” das diferentes forças de segurança, mas recusaram “personalizar a questão” e apontar a remodelação dos ministros da Administração Interna e da Defesa como solução para os problemas.
A concentração estava marcada para as 17:30 na Praça de Camões, em Lisboa, organizada em parceria pelas associações de militares e a Comissão Coordenadora Permanente (CCP) dos Sindicatos e Associações dos Profissionais das Forças e Serviços de Segurança, que congrega as estruturas sindicais mais representativos da GNR, PSP, ASAE, SEF, Guarda Prisional e Polícia Marítima.

Desde o tempo da guerra colonial - há 40 anos - que não se via isto!