Esqueceram-se de dizer que está a ser negociado um regime de excepção para os militares que não prevê mobilidade especial e retoma as promoções.
Ao contrário do que acontece com o resto da Função Pública
As
associações entendem que “neste quadro de degradação” está posto em
causa “a dignidade das instituições e o próprio regime democrático”
As
associações e sindicatos das forças de segurança decidiram hoje
desconvocar a concentração que iriam realizar a 10 de julho em Lisboa
por considerarem “não haver estabilidade democrática suficiente” para se
manter a iniciativa.
Em conferência de imprensa, num hotel em
Lisboa, o presidente da Associação Nacional de Sargentos, António Lima
Coelho, leu um comunicado em nome de todas as associações que convocaram
a concentração.
Nesse comunicado consta que se considera que com
as “demissões dos dois ministros de Estado deste governo [Vitor Gaspar e
Paulo Portas], o país assistiu a um espetáculo, em vários atos, com um
nível de degradação, de falta de respeito pelas instituições, por parte
dos seus principais titulares, nunca em momento algum visto”.
As
associações entendem que “neste quadro de degradação” está posto em
causa “a dignidade das instituições e o próprio regime democrático”.
Com
tudo isto, o conjunto de associações concluiu “não haver estabilidade
democrática suficiente para se manter a realização da iniciativa”.
A
plataforma de instituições entende mesmo que os acontecimentos
políticos da última semana, provocados pelas duas demissões, promoveram
“a vulgarização e a falta de respeito pelos valores que devem presidir a
uma conduta responsável de Estado” e sublinharam que não querem
contribuir “para alimentar este clima”.
A conferência de imprensa
de hoje teve como objetivo “denunciar as preocupações instaladas no seio
dos seus universos representativos, em consequência da política de
austeridade seguida por este Governo”.
O comunicado apela ainda ao
Governo para que “saiba interpretar o sentido de elevada serenidade,
responsabilidade e dever patriótico” da decisão hoje anunciada.
Lima
Coelho disse também que os objetivos das organizações que convocaram a
concentração, agora desmarcada, não podem ser confundidos com “meras
lutas político-partidárias”.
“O mal estar que se sente na
sociedade, a desconfiança das próprias instituições, não pode permitir
que aqueles que são o garante da segurança dos cidadãos e da defesa
nacional se envolvam em qualquer tipo de ação que possa confundir-se com
questões político-partidárias”, afirmou.
Lembrando que o
Presidente da República esteve esta tarde a receber os representantes
dos partidos políticos com assento parlamentar, e que a crise política
ainda não está solucionada, o presidente da ANS disse que “não estão
reunidas as condições para qualquer tipo de ação de maior visibilidade”.
“Contudo,
não está retirada a hipótese de ela se vir a concretizar se os
pressupostos se mantiverem e se o quadro se configurar como necessário”,
ressalvou.
Na conferência de imprensa as organizações
representativas de estruturas policiais e militares vincaram ainda que
as medidas de austeridade estão a “pôr em causa a missão operacional”
das diferentes forças de segurança, mas recusaram “personalizar a
questão” e apontar a remodelação dos ministros da Administração Interna e
da Defesa como solução para os problemas.
A concentração estava
marcada para as 17:30 na Praça de Camões, em Lisboa, organizada em
parceria pelas associações de militares e a Comissão Coordenadora
Permanente (CCP) dos Sindicatos e Associações dos Profissionais das
Forças e Serviços de Segurança, que congrega as estruturas sindicais
mais representativos da GNR, PSP, ASAE, SEF, Guarda Prisional e Polícia
Marítima.
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