10.08.2012

A barragem da Lagoa Comprida é absolutamente segura. Mas... azares acontecem. É preciso prevenir as suas consequências

Convém explicar isto antes que se faça alarme.
A barragem é seguríssima. Por factores internos não irá abaixo.
Não está é livre de sofrer um terramoto, por exemplo. E é por isso que decidi começar este estudo.
O que acontecerá à agua libertada em caso de colapso da estrutura?

Informar também que a barragem é monitorizada a cada 2 anos pelo organismo oficial que se ocupa da manutenção de estruturas deste tipo e pelo LNETI. Informação do eng Pinto de Sousa a quem agradeço a colaboração.
Relativamente a sobrecapacidade, há 3 sistemas de descarga e de alívio de pressão. A barragem possui o sistema de lâmina livre que descarrega o excesso automaticamente. A lâmina está situada no paredão Oeste.
Para além disso, pode descarregar através da central. E existe um 3º sistema - um tubo ladrão que passa por debaixo da estrada e que pode ser aberto em caso de sobrecarga súbita.

Portanto a barragem está em excelente estado e, se nada acontecer, assim continuará por mais uma centena de anos, pelo menos.

Mas como o seguro morreu de velho e não é descabido desenhar um plano de protecção para as populações a juzante da barragem, eu continuarei a estudar por minha conta e risco os vários cenários possíveis após um colapso provocado por factores externos.

E se a barragem da Lagoa Comprida colapsasse? PARTE IV
O Funil Fatal


Chamo-lhe o Funil Fatal porque fatalmente será o colector natural de TODAS - repito: TODAS as águas provenientes de um desmoronamento dê-se ele onde se der e porque, para além disso, no caso de tal ocorrer será este "funil" o principal responsável pelas fatalidades que ocorrerão a juzante.

Este funil mais não é que o inicio de um glaciar ou até talvez o prolongamento do glaciar da Lagoa Comprida.
Estima-se que a Serra tenha cerca de 20 milhões de anos mas a ultima glaciação ocorreu apenas há 10 mil e o degelo que lhe sucedeu está bem vincado em toda esta região.
Simultaneamente a Serra terá sofrido alterações morfológicas muito importantes nos últimos milénios (10? 20?) com o abatimento de largas porções de solo motivado por um mega-terramoto ou uma sequência de sismos de grandes proporções. Pelo menos é isto o que se pensa que deva ter ocorrido. O Covão do Curral e o abatimento que se lhe segue são desta teoria fortes evidências.

Este funil de grande inclinação não só colectará todas as águas, canalizando-as pelo mesmo glaciar e vale subsequente, como ainda por cima as acelerará dramaticamente dada a sua íngreme inclinação e ausência de obstáculos à passagem da massa líquida..
No caso de uma rotura de grandes dimensões, este funil concentrará toda a massa dispersa e actuará como uma fisga, lançando milhões de toneladas em altíssima velocidade encosta abaixo durante cerca de 3 kms, quase em queda livre.
As consequências seriam catastróficas. Em segundos poderiam desaparecer aldeias e vilas inteiras. Nenhum sobrevivente.
Claro que me refiro à Sra do Desterro, Vila Cova (excepto a parte alta), Sandomil (toda a zona ribeirinha), e por aí fora dentro do concelho de Oliveira do Hospital.

Mas existe uma forte possibilidade de parte significativa da massa de água ser projectada também sobre S. Romão a velocidades inacreditáveis e praticamente "caindo-lhe" em cima.
Imaginem milhares de toneladas de água a voar sobre as encostas em vez de as descer (só por força da velocidade lá chegaria porque as águas teriam que subir um obstáculo considerável).
Seria uma pequena parte, nem 5% do total, mas a quantidade de movimento que esse "martelo voador" traria esmagaria qualquer construção humana que atingisse.
Se assim acontecer, parte dela chegará a Seia. A menor velocidade, mas ainda assim a esmagar literalmente tudo onde caia.
Este cenário é, ainda assim, bastante remoto. Para ocorrer teriam que se verificar várias coicidências simultaneamente, como o colapso de todo o paredão frontal simultaneamente. E apenas esse.

Amanhã estudaremos estas possibilidades com gráficos e mapas detalhados.