11.13.2004

"Hadem" chegar melhores dias.


Do amigo Pedro Fraga recebo este texto que não resisto a publicar aqui na íntegra.
Um grande abraço para o Pedro e que, no meio das tecnologias de que se rodeia, continue a escrever. Precisamos disso.
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Realmente a imprensa precisa de ser controlada.
Não é que esses malfeitores na passada 2ª apresentavam um resultado perfeitamente falso em relação a um jogo de futebol entre duas prestigiadas colectividades?
Dizia essa imprensa mentirosa : SLB 0 - FCP 1. Salvo o devido respeito, penso que o resultado foi SLB 3 - FCP 1.
Atentemos ao que realmente se passou e que foi vergonhosamente escamoteado por toda a imprensa: pelo que se sabe houve um "jogo de bola". Bem disputado segundo uns, muito mal segundo outros, mas a esse nível as opiniões (ainda) são livres. Mas, por voltas das 10h começa, aí sim, o verdadeiro espectáculo. É então que Veiga pega no esférico e depois de meia dúzia de banalidades e barbaridades atira com um sonoro "hadem" que o guardião adversário deixa passar sem sequer se mexer. Os de vermelho começam a ganhar e no seu retiro de Lanzarote, vendo a SIC Notícias, Saramago mexe-se desconfortavelmente na cadeira de baloiço.
Mas, provando que é um avançado versátil e possuidor de elevados recursos linguísticos, Vieira pega no esférico (microfone) e debita uma pérola que nem Maradona nos seus melhores momentos conseguiria igualar.
Surge então o "todos vós viram" essa pérola que o país inteiro não irá esquecer. Ao longo do país, milhares de adeptos dizem babados : é de um presidente destes que o nosso clube precisava. Que maravavilha ! Que verve ! Andaram a dar o prémio Nobel a esse vermelho quando era ao nosso vermelho que o deviam ter dado. Na relva, o guarda-redes portista, desalentado, vai ao fundo das redes buscar novamente o esférico e os de vermelho avançam impantes para a goleada.
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Surge então o declamador das Antas que, estranhamente, debita apenas meia-dúzia de alarvadidades e deixa a língua de Camões impune. Será que está a perder qualidades ? Será que à conta de tanto ler poemas, fingindo-se culto, começa agora a saber falar ? O fiel Reinaldo fica preocupado e diz-lhe: - Presidente continuamos a levar dois secos e assim estes bermelhos bão-nos ganhar.
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Mas, não saciado com o efeito da bomba "vós viram", o temível avançado Vieira pega novamente no esférico. E, no meio de uma boçalidade sem limites, consegue ainda colocar os azuis no seu devido lugar com outra magnífica pérola : "eu nunca amandei com nenhuma empresa para uma falência". Aí, Eça revolve-se no túmulo e Agustina pede a retirada da nacionalidade. Provavelmente Vieira dirá : se mudar de nacionalidade para um país da comunidade podemos contratar esse Agustina, pois não conta como estrangeiro. Quanto a esse Eça, não me parece nome de jogador. Mas, os de vermelho soma e seguem e já levam 3 de avanço.
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Reinaldo preocupado insiste : - Presidente, bocê tem que fazer alguma coisa. E é então que Jorge Nuno à saída do balneário chama dois ou três pegadores de microfone que por ali passavam e pensando que era importante reduzir o resultado, atira com um sonoro "houveram" (ou teria sido "houberam") colocando assim o resultado final num mais digno 3-1.
A goleada e a humilhação tinham sido evitadas e a última palavra tinha sido dele.
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Passando à vida real. No dia seguinte os de vermelho insultaram o árbitro e os de azul vangloriaram-se. Durante a semana o pacóvio país apenas discutiu se a bola entrou ou não. Pela minha parte, penso que entrou quatro vezes.
Sim, quatro! Entrou quatro vezes por milhares de televisões, por centenas de milhar de lares e foi "ouvida" por milhões de pessoas. Que em muitos casos, julgam que hadem, houveram, amandar, etc, são palavras usadas por Lobo Antunes, Namora e João de Melo.
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Estes 3 personagens sinistros são inquestionavelmente "fazedores de opinião". Mas, na minha modesta opinião, são assassinos da língua e da cultura e, independentemente do ar jocoso deste texto, repugna-me escrever sobre gente desta jaez cultural.
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Hão-de chegar melhores dias. Ou será que é "hadem" chegar melhores dias?
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Pedro Fraga

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