A cotação do ouro caiu ontem 6,5% nos mercados internacionais para 1.384 dolares por onça (31,1 g).
Já na sessão de sexta feira tinha desvalorizado 5,3% o que, somado,
resulta na maior quebra dos últimos 30 anos, em apenas 2 dias, deitando
por terra o mito de que o ouro é o único investimento seguro.
Explicações: os investidores estão instáveis com as perspectivas do
crescimento da China que final não chegará aos 8% (apenas 7,7%!!!) e
existe uma esperada iminente injecção de grandes quantidades de ouro do
Chipre nos mercados.
Portugal tem 383 toneladas de ouro, o que implica uma perda de 1700
milhões de euros em apenas 2 dias. Muito superior ao buraco
alegadamente aberto pelo TC, segundo uns, e ao buraco do orçamento
inconstitucional do Governo, segundo outros. Cerca do dobro desses
buracos em termos reais, descontados os impostos a arrecadar após o
esperado trigésimo corte aos funcionários públicos.
Há 3 projectos (estrangeiros) de exploração de ouro em Portugal: no
Alentejo, Trás-os-Montes e Beira Alta. Que podem estar em risco se o
nivel de rentabilidade das suas explorações continuar a baixar desta
forma dramática.
Por outro lado - ou pelo mesmo, dependendo da óptica - o Editorial
do New York Times alerta para as receitas fracassadas da austeridade
europeia que estão a destruir economias como a Portuguesa, a Espanhola e
a Italiana. Esta receita que envolve a austeridade cega em época de
recessão profunda está a resultar no suicídio das economias europeias,
segundo os analistas americanos. Portugal, então, é reconhecido como o
país que sofre taxas de impostos mais brutais enquanto a sua economia se
encontra, para o NYT, "arrasada".
Mas são os "mercados" quem melhor o explica com a linguagem inexorável dos números. A única que existe, aliás. As yields
das obrigações a 10 anos dos países "periféricos" de hoje: 12,21% para a
Grécia; 6,42% para Portugal; 6,19% para a Eslovénia; E depois numa
outra divisão: 4,94% para a Espanha; 4,62% para a Itália (que não tem
sequer governo nem se imagina quando o terá!); e 4,21% para a Irlanda.
Uma coisa é certa: tudo o que nos garantem os especialistas portugueses sobre os benefícios e os méritos da estabilidade e do cumprimento dos memorandos, provam-no a Itália e a Grécia ser completamente falso.
Uma coisa é certa: tudo o que nos garantem os especialistas portugueses sobre os benefícios e os méritos da estabilidade e do cumprimento dos memorandos, provam-no a Itália e a Grécia ser completamente falso.