Quem apreciar atentamente esta foto do DN há-de reconhecer que a imagem em causa parece literalmente retirada da «Última Ceia».
Trata-se do excerto que mostra Pedro, no papel provisório de substituto de Cristo, e mais dois apóstolos à escolha. Embora com o apelido bíblico de Paulo, eu atrever-me-ia a sugerir o nome de Judas (ou Maria Madalena, em alternativa) para o apóstolo seguinte. E de Tomé - apenas pelo esbugalhar permanente dos olhos alucinados - para o outro.
Mais reparará no ar de genuína felicidade estampado naqueles rostos.
E um deles, pelo menos, tem todas as razões e mais uma para ser Feliz.
Reformado por inteiro aos 56 anos, impede os outros de fazerem o mesmo enquanto aufere, em acumulação com a reforma milionária, o simbólico ordenado de ministro.
É o nosso Esbugalhão Tomé, o grande choné. Coerente até mais não, inicia a reforma das Finanças começando por si próprio. Faz todo o sentido.
Mas ao contrário da atitude militar aubjacente a esta posição - o sentido - reparamos que Esbugalhão se encontra parcialmente apoiado em J. Escarriote (ou MM, em alternativa), e ambos trocam olhares cúmplices e sorridentes com aquEle que, embora por acaso e sem nunca o ter sonhado, lhes vai assegurar ceias sucessivas até 2006.
Mais: este Cristo por acidente aposta que não será crucificado até 2010. Recorrendo a uma carga dramática crescente que desembocará numa gigantesca apoteose entre a «Paixão» e a «Odisseia no Espaço parte 2», está convicto que nessa altura conseguirá subir na hierarquia Divina: de Filho, em S. Bento, passará para Pai, em Belém.
Para atingir tal Desígnio Nacional conta, acima de tudo, com a intervenção da 3ª Pessoa - O Espírito Santo (mas também pode ser o Jardim Gonçalves ou o José de Mello, que o rapaz, quando toca a papel, não é dos mais esquisitos).
Só que nessa altura, o gigantesco flop Casa Pia já deve ter acabado com a mistificação de que vivemos num Estado de Direito. A Justiça finalmente assumirá a inevitabilidade de se tornar apenas mais um serviço comercial sujeito às normais leis do mercado.
O caos nos Hospitais terá chegado a níveis tais que as famílias dos doentes os acompanharão permanentemente - até à sala de operações - se não quiserem que os seus entes queridos, que não tenham grandes cunhas no meio, sejam deixados morrer para lá num canto qualquer.
A bagunça nas Finanças será total com a Segurança Social falida. A fraude fiscal deixará de ser exclusivo de empresários e políticos e estender-se-á ao cidadão comum.
O Ensino descerá a níveis impensáveis com a obrigatoriedade de os professores passarem os alunos até ao 12º ano (escolaridade mínima obrigatória), mesmo que não consigam mais do que soletrar.
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Mas não sejamos tão pessimistas:
Nessa altura pode ser que a Espanha já nos tenha feito a esmola de nos anexar como a sua 6ª Grande Nação... e este rectângulo, abaixo da Galiza, consiga guardar pelo menos o nome.
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12.01.2004
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