12.01.2004

O Mistério continua: Jovem desaparece do Hospital de Seia há 19 dias.

Paulo Jorge é esquizofrénico, com medicação compulsiva, e foi visto pela última vez no Hospital de Seia, para onde foi levado pelo 112 no dia 13 último, cerca das 22 horas, na sequência de uma crise aguda.
Foi visto e medicado.
Pelas 22:26h do mesmo dia teve alta.
A receita nunca seria, no entanto, levantada.
Ficou, com o resto dos seus documentos e um dos dois chinelos que calçava, no Hospital.
O jovem, entretanto, desapareceu.
Ninguém sabe dele.
Foi visto pela última vez a deambular à entrada do Hospital, por funcionários.
Descalço.
Sem dinheiro nem tabaco - ele que fumava, segundo a mãe, 2 maços por dia - e, sendo assumidamente toxicodependente para além de esquizofrénico, a família já não espera outra coisa senão o pior.
Ninguém o sequestraria, ainda mais sem um tostão no bolso, já que até a sua caderneta da CGD também foi abandonada na secretaria do Hospital.
- «Mas pelo menos que apareça o corpo, para que eu possa tratar como deve ser do meu filho», chora a mãe.

A participação foi entregue na GNR na quinta-feira, dia 18.
Até hoje, não há sinais do jovem, confirma a corporação.
Mas alguém o procurou? - pergunto eu.
Parece-me macabramente óbvio que, descalço e sem dinheiro, não poderia ter ido para muito longe do edifício.
Quem conhece aquelas ravinas pode facilmente imaginar cenários tão prováveis quanto tenebrosos para o que poderá ter acontecido ao rapaz.
Questionado o director do Hospital, o Dr José Luis Vaz confirma toda a história. Mas refere não ser muito provável que o jovem possa ter caído por alguma das duas ravinas, porque têm estado equipas de técnicos a trabalhar, ultimamente, nessas zonas e nenhum corpo foi encontrado.
Alguém o procurou, então, por algum lado?
A família não sabe.
Queixa-se que ninguém lhes diz nada.
«Não há notícias dele» - foi também a informação colhida, ontem, junto da GNR de Seia.
Aqui fica a foto.
O Paulo trazia vestidas umas calças de ganga e um blusão de penas verde. Calçava.... um chinelo.
A mãe exibe o outro.
A mãe e amigos têm procurado incessantemente por ele junto da comunidade toxicodependente de Seia, mas todos os colegas garantem que nunca mais o viram.
Graciete da Fonseca Passos Pereira, a mãe, não se encontrava em Portugal no sábado, 13. Só regressou na quarta-feira de França. Em casa, juntamente com o Paulo, residia uma amiga da família com um filho de tenra idade. Foi esta amiga que chamou o 112 quando a crise do jovem se manifestou na noite de sábado, 13. Inconsoláveis e inconformadas, as duas não deixam de estranhar a forma como foi dado alta ao seu filho completamente transtornado já que na altura «não podia responder pelos seus actos».

«Ele estava de tal forma fora de si que queria lavar as mãos no fogo da lareira! Como é que se pode mandar um doente nestas condições para casa pelo seu próprio pé?»
Recorde-se que «o Paulo foi levado para o Hospital numa ambulância, desacompanhado, e portanto, não tinha ninguém com ele para o trazer de novo para casa quando a alta lhe foi dada.»
Este caso, que só hoje chegou ao meu conhecimento através de um telefonema pessoal da mãe que, em desespero, deixava perceber a sua impotência por «já não saber o que fazer para que lhe dissessem alguma coisa», promete ter desenvolvimentos ulteriores que não se esgotarão no caso em si.
Mas, para já, o importante é tentar encontrar o Paulo até porque a esperança é a última que morre.
Olhem bem para a primeira foto.
Se reconhecerem este moço comuniquem, por favor, às autoridades.
O Paulo é de Seia - Serra da Estrela.

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