1.29.2007

«A guerra das placas» ou «Vale mais tarde que nunca!»

«Levamos pás, picaretas e cimento e pomos lá os sinais»

Eduardo Brito dá 15 dias à EP - Estradas de Portugal e à Aenor, para colocarem placas de sinalização, nos dois sentidos da A25, à saída de Viseu, a indicar o caminho para a serra da Estrela, via Seia/Sabugueiro.
Se a exigência não for cumprida no prazo fixado, o autarca garante que ele próprio, chefiando uma brigada de pessoal da Câmara, colocará as placas na auto-estrada. "Levamos pás, picaretas e cimento e pomos lá os sinais", assegura.

Eduardo Brito reconhece que a acção não tem cobertura legal, mas assume todos os riscos da iniciativa .
"Sujeito-me às consequências e posso até perder o mandato, mas será tudo por uma causa justa, em defesa dos interesses do meu concelho", explica, culpando aquelas duas entidades de estarem "a boicotar o desenvolvimento do município, procurando, com a sua acção, ignorar que Seia é o principal concelho da serra da Estrela.

O autarca falava terça feira, durante a reunião do Executivo, em reacção à notícia publicada pelo JN, do mesmo dia, que dava conta da indignação da população da aldeia do Sabugueiro, que acusa a EP e a Aenor de, com a sinalização existente na A25, que remete para a Guarda e a Covilhã o acesso à serra, desviar o turismo da sua principal rota e, assim, lesar a população e o seu comércio.

"O turismo não pode ser enganado desta maneira, obrigando as pessoas a percorrem uma distância de quase 200 quilómetros, quando, por aqui, fazem pouco mais de 50", protesta Eduardo Brito, furioso com as promessas, "nunca cumpridas", feitas por parte da concessionária.

"Prometem, prometem, são muito simpáticos quando são abordados, mas depois não concretizam nada. Há pouco mais de um mês estive reunido com um responsável da Aenor e falei-lhe desta preocupação. Por aquilo que sei, não mexeram uma palha", volta a protestar o autarca.

"Até parece que há um conluio para nos varrer do mapa", acrescenta o presidente da Câmara de Seia, que fala em situação "dramática". "O caso é tanto mais dramático e grave, quanto se sabe que no concelho Seia a sua principal aposta e estratégia para o seu desenvolvimento é no turismo", alerta.


Eu não posso deixar de saudar Eduardo Brito nesta sua recente tomada de posição.
Que só peca por tardia.
Há anos venho denunciando aqui e em alguns jornais a manobra deliberada (que teve o seu início há 3 anos) da tentativa de desviar o trânsito de todo o lado para a Covilhã.
Descobri a conspiração há 3 anos ao consultar os percursos recomendados pela TURISTRELA para o acesso ao maciço central, em que se indicava, em Nelas, que o melhor caminho para a Torre era seguir a IP5 por Mangualde, Guarda e Covilhã. Percorrendo 165 quilómetros.
Um absurdo sem qualificação.
Nelas está a 23 quilómetros de Seia e da entrada, pela Porta Maior, para o lado mais belo da Serra da Estrela.
Denunciei-o igualmente na Assembleia Municipal na segunda sessão desta nova legislatura a propósito da avaria do limpa neves do Sabugueiro que isolou a localidade e manteve as estradas cortadas em dois fins de semana consecutivos de maior afluxo à Serra.
Estranhamente (ou talvez não), não fui acompanhado pelos meus colegas deputados municipais da bancada do PS.
Que têm sempre que pedir autorização ao seu guru para tomarem posição sobre o que quer que seja.
Talvez me acompanhem agora que Eduardo Brito - Finalmente! - abraçou esta problemática.
Para a Turistrela, este é o lado que não interessa. O lado que se deve dar como extinto.
Porque a Turistrela não tem interesses nenhuns no nosso lado. Nem prevê vir a ter. Só os tem no lado de lá. Da Covilhã.
Não é obrigada a investir no lado de cá, é certo.
E, há meses, em resposta a uma acusação mais do que justa do nosso Presidente da Câmara, também lhe soube responder acusando-o de «nada fazer pelo turismo do seu lado da Serra».

Por seu lado, a comunicação social televisiva faz eco do que a Turistrela quer que se faça.
Ainda há dias eu escrevia aqui sobre isso, a propósito do malfadado telejornal de 29/12/2006 emitido desde a Torre em que se falou profusamente em todas as terras MENOS em Seia.
Perguntava eu se por acaso há alguma maldição que envolva o nome de Seia?
Eduardo desabafa agora: até parece que há um conluio para nos varrer do mapa
.


Mas mais boquiaberto fico quando Eduardo Brito defende - em rigorosa estreia mundial! - que o Turismo é a principal aposta e estratégia para o desenvolvimento do Concelho.

Tinha um milhão de trunfos para lhe atirar, neste momento, como toda a gente sabe.
Mas não vou puxar nem de um duque de paus.
Acima das disputas políticas está o nosso Concelho.
Esse - o Turismo regrado, cultural, de qualidade - é o rumo certo (e único!) para o nosso concelho que eu, e muitos outros senenses, sempre defendemos.

Caro Presidente Caminheiro: você até vai lá.
Tarde e tal, mas vai. E vale mais tarde do que nunca.
Mas aperte lá o passo senão acontece-nos, a Seia, o mesmo que está a acontecer a Portugal.
A caminhar "com tranquilidade" não conseguimos apanhar a última carruagem, que já está a sair da estação...

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