6.23.2013

A perda de gente por falta de emprego leva à perda de emprego por falta de gente



Analisemos esta redundância fatal: a perda de gente (no interior) por falta de emprego implica a perda de emprego (dos que ainda existem) por falta de gente (clientes, utentes, em cada Terra).

Com efeito, se um jovem não encontra emprego na sua Terra nem nas limítrofes, forçosamente a abandonará para procurar Vida noutras Terras. Em princípio nas maiores, onde a oferta de emprego é maior, porque aí há mais clientes / utentes.

Este fluxo de sangramento dos jovens - que constitui toda a esperança da manutenção de Vida nas cidades do futuro imediato - aliado à morte cada vez mais rápida dos idosos e doentes que se furtam aos tratamentos nas fases iniciais das doenças por os não poderem pagar, tem como consequência o rápido esvaziamento do interior.

Que só poderia ser compensado com imigração. A imigração, entretanto, estancou por não haver empregos.

Resta o turismo sazonal e o turismo sénior residente. Mas não há atractividade quer para um quer para outro.

Quem se preocupa com isso, como é o meu caso, acaba por ver os seus projectos jazerem nas gavetas dos decisores públicos ou privados. Parece que ninguém percebe que, se nada se fizer, o interior não tem futuro nenhum. Mas nem sequer um futuro a regredir... Não terá nenhum em 5 décadas.

Em 2 décadas apenas perder-se-ão todos os serviços, de que os CTT são apenas o pioneiro.

Depois serão os bancos, as companhias de seguros, os Tribunais e as repartições públicas. Fecham os restaurantes, bares e escolas - não há jovens - e a consequência final é a perda do estatuto municipal, que terá que ser associado a mais outro município, pelo menos.

O cenário está montado.
Jovens não nascem. Os que nascem vão-se embora para as grandes cidades. Só fica na terra quem não estuda, ou seja: os menos qualificados.

Os idosos, com o roubo nas reformas, as taxas moderadores e o aumento do custo dos medicamentos e transportes, são apressados à cova mais rápido do que Gaspar consegue dizer "boa noite".

O cenário é um só: dentro de 2 a 5 décadas o interior fica totalmente despovoado.

O que há a fazer?
1 - deixar a natureza seguir o seu curso e aceitar - que é o que parece estar a fazer a maioria dos autarcas - e trabalhar para os que resistem;
2 - lutar para que este processo de despovoamento galopante se inverta.

E como lutar?

Apostando na única indústria que entrega os seus produtos no local e que os vende repetidamente a milhões sem necessidade de fabricar novos: o turismo.

Outras empresas não se atraem para o interior. As últimas 2 décadas mostram-no bem.
Pontualmente, novas empresas de índole agrícola poderão contribuir para uma retenção (familiar) na região. Mas a banca não empresta dinheiro - dentro de uma década também ela abandonará o interior - e tudo terá que ser feito de forma artesanal o que leva a que essas empresas não singrem como deveriam e poderiam.

Só as empresas voltadas para uma vertente turística poderão singrar. Mesmo essas terão que ter gente com grande qualidade a geri-las.

A crise aliada à propaganda da poupança - que se destina apenas a que o cidadão invista na banca - são o garrote rápido do país.

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