3.16.2004

A Paixão de Cristo não é bom nem é mau. Antes pelo contrário


Aqui está um filme que, não fora contar a história mais conhecida no mundo cristão, não merecia ter sido feito.
De facto, o argumento só funciona porque toda a gente conhece aquilo. E por isso se conseguiu poupar tanto dinheiro na sua produção.
A primeira parte poderia ter sido realizada e produzida em Portugal, sem espinhas.
A segunda, já não.
Na segunda, Mel Gibson obrigou os produtores a abrir os cordões à bolsa e somos prendados com algumas cenas - de poucos segundos, é certo - de uma beleza ímpar, logo seguidas de outras tão horríveis que se tornam absolutamente repulsivas, e como há muito não via no grande écran.
As cenas da flagelação, por exemplo, são insuportáveis e indescritíveis.
O sangue nunca mais acaba. Há sangue por todo o lado.
JC devia ter mais de 50 litros dentro dele.
E este é o principal defeito do filme.
O exagero das proporções.
JC leva uma tareia durante horas que dava para matar 20 homens.
E depois ainda consegue carregar uma cruz que devia pesar uns 400 quilos...
Peca por inverosimilhança.
De resto, para quem não for muito sensível ao sangue e à carne dilacerada, vale a pena comprar o bilhete.
Há cenas que, pela sua estética, valem bem o dinheiro.
A mais marcante é um plano vertical puro de cima no Monte Golgota, a uma altura acima das núvens, após a crucificação.
Há uma gota que se forma na lente da câmara e cai com um efeito especial que vale o filme todo.
Os outros motivos de interesse estarão fora da tela, no pranto das senhoras de 3ª idade que vêm, pela primeira vez em muitos anos, ao cinema...
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