3.16.2004

O primeiro cidadão português a ser processado por uma "corporação" inteira da GNR!


Há dias fui informado oficiosamente, pelo meu advogado, que todo o destacamento de Seia da GNR (43 homens e mulheres, ao que parece) me vão processar, por causa de um artigo que escrevi no Porta da Estrela.
Embora já o esperasse e o tivesse escrito até num post anterior, dada a súbita tomada de posição da direcção do jornal relativamente ao artigo "GNR: Mega operação gera Mega-coincidência", a sua confirmação não deixa de me provocar uma certa emoção.
Não pelo texto de opinião, que nada contém de ilícito criminal, nem passará por certo da fase de Instrução, mas pela avalanche mediática que me espera: serei o primeiro cidadão português e talvez até da Europa a ser processado por uma corporação inteira, apenas por dizer a verdade!.
Ora, este facto irá trazer-me uma notoriedade a nível nacional que estava longe de esperar.
Seia será mais uma vez o centro das atenções do país, embora ainda não pelos êxitos alcançados no combate ao banditismo e tráfico de droga.
Sê-lo-á por causa da maior "acção" promovida pela GNR portuguesa contra um único cidadão, apenas porque este não abdica de usar um direito constitucionalmente readquirido desde 1976: o da Liberdade de expressão.
Criticar a actuação da GNR, é crime, pelos vistos, para os soldados de Seia, em pleno sec 21!
É pena, porque isso faz dos senenses 30.000 criminosos todos os dias.
Dada a incapacidade de colocarem em tribunal todos os cidadãos martirizados que diariamente criticam publicamente a filosofia que preside à sua continuada actuação (que praticamente se limita - reafirmo-o claramente - a multar estacionamentos, faltas de cinto e alcoolemia), decidiram(?) eleger o Cristo dos senenses, para descarregarem a sua ira.
Recebo diariamente avisos de pessoas mais do que credíveis das profissões mais díspares - professores, advogados, médicos, e até de altos responsáveis no comando dos Bombeiros de que "me vão fazer a folha", de que "arranjei 40 inimigos para a vida", de que "nunca mais me largam", e até de que me perseguirão até à morte (fartei-me de rir com esta...), como se de um bando de marginais se tratasse, prontos para uma vingança do estilo de "ajuste de contas".
Não acredito em nada disto, como é evidente.
Mas, a ser verdade, tratar-se-ão, quando muito, de desabafos de meia dúzia de pessoas (já que a esmagadora maioria dos agentes, por serem novos em Seia, nem sequer os conheço), que não deveriam ter tido autorização para envergar alguma vez uma farda.

Estão, portanto, prontos para me crucificarem, mas a coisa não vai ser fácil.
É que eu não aceito arbitrariedades e, ao contrário d'Ele, não me calo nem dou a outra face.
Vamos ver qual será a imagem que sairá mais prejudicada aos olhos de todo o país, no final: a minha, que é irrelevante, ou a da Corporação, que vive essencialmente dela.

Dá-me a impressão que o Cristo de serviço não terá sido muito bem escolhido...

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