8.17.2013

Análise política - Seia #3

As primeiras imagens em grandes formatos dos candidatos finalmente apareceram.

O PS apostou numa sede num edifício novo, por estrear, no coração da Cidade. Envolto em polémicas antigas a escolha foi arrojada. Mas já lá está, com a imagem de FIlipe Camelo em todas as montras na procura de uma legitimidade e de uma força que uma lojeca numa rua secundária não conferiria.

Já o PAF - Partido de Albano Figueiredo (ver a minha última análise) - optou pela via dos outdoors.
Nestes outdoors mal se descortinam os símbolos da coligação que o apoia e menos se encontra a cor laranja do PSD. Símbolo e cor foram banidos de quase todos os outdoors dos candidatos laranja por esse país fora. Numa evidente tentativa de descolagem do partido menos popular de sempre. O que se torna estranho, já que a imagem da coligação aparecerá sempre no boletim de voto, exibindo os símbolos que agora parece se pretenderem esconder.

E se os símbolos são pequenos os outdoors são grandes. Três de 8 metros em Seia e vários mais pequenos espalhados pelas rotundas. Uns prometem ligar o semáforo verde ao desenvolvimento e outros uma promoção turística a sério. E ainda um, mais prosaico, promete baixar o preço da água. 
Prometesse ele baixar o preço do vinho e posso garantir que pelo menos em termos virais teria muito mais sucesso.

Detenhamo-nos neste. 
A promessa de baixar a água é tão absurda como o foi a promoção de Seia a que assistimos hoje na RTP1. Ambas são nulas em termos de eficácia e absurdas em termos de promessas.
A água é a mais pequena parcela da factura. Quem paga 17 euros de factura não paga mais de 1.7 euros de água. O resto são taxas conexas que chegam a representar quase 90% da factura de água e saneamento. Se o candidato baixar a água em 10%, a factura baixará realmente em apenas 1%. Mas mesmo esse 1% a CMS terá que o pagar às Águas Zêzere e Côa a quem a CMS já hoje paga mais do que recebe dos munícipes. 
Ou seja: teriam que ser sempre os senenses a pagar esse diferencial. De uma maneira ou de outra.
Como - felizmente - há cada vez menos gente estúpida, promessas de baixar a água em 1% reais são tão estranhas como o cérebro de quem as cogitou.

O PS não tem outdoors ainda. Há-de tê-los, tal como AF há-de ter sede. Mas nem uns nem outros revelam quando nem onde.

Finalmente AF inaugurou o seu site oficial. Começou com pouca coisa mas entretanto está a ser actualizado. Traz um pequeno filme em que, em 2 ou 3 minutos, consegue referir, por 2 vezes, que é professor universitário. Correntes pesadíssimas das quais não se liberta. Um "snobismo" pelo menos aparente que certamente lhe será muito prejucial senão mortal, mesmo.

Happenigs: O PAF foi a S. Romão ao arraial. Um magote grande. Mas, chegados lá, não conseguem entabular conversa com o povo, à excepção do sr Avelino e pouco mais. 
Há aqui uma espécie de distanciamento natural que cai como um manto surdo onde quer que apareçam. AF não conhece ninguém. O seu director de campanha ainda consegue conhecer menos. A coisa só por milagre poderia funcionar minimamente. E milagres já os não há desde 1917. 
Seria preciso um descontentamento gigantesco relativamente ao actual executivo para que uma lista de "snob people" que apenas conversa entre si, e se faz fotografar em grupo hermético sem rigorosamente mais ninguém nas poucas festas a que vai, pudesse receber transferências do PS. 
Isso não existe. 
Descontentamento há, claro, mas mesmo assim os senenses preferem claramente falar com Filipe Camelo do que com a "corte" hermética do PAF.

E portanto, mesmo com o flop que foi a transmissão televisiva de hoje sobre Seia, Filipe Camelo continua a ter todas as condições para se passear por estas eleições como se de um passatempo se tratasse. Os outdoors tudo o que conseguem fazer é dar dinheiro a quem os produz e irritar alguns socialistas mais radicais. O que é eleitoralmente negativo porque vai fazer tocar a reunir as hostes que, em parte, já estariam a pensar abster-se.
O PAF não aprendeu nada com a campanha de Nuno Vaz. Quanto mais grandiosidade e snobismo, pior.
Não aprendeu porque não andou lá. Nem nessa, nem na anterior. Nem nesta última. Nem em nenhuma. AF desistiu sempre antes da pré-campanha. Ameaçou rasgar o cartão quando o não quiseram.  Devolveu o cartão quando o não quiseram outra vez. Tomou o Porta da Estrela. E continuaram a não o querer. É muita derrota "política".
Até que por fim toma o "partido" (de 11 militantes) gerido por quem nem a cotas tinha em dia.  Uma história de faca e alguidar como muitas.

Por isto o PSD não ganha em Seia. Expliquei no PE as razões logo após as eleições de 2005.
8 anos depois, os pecados são os mesmos. Os vícios são os mesmos. As peias são as mesmas.
Muita distanciação ao povo, muito nariz empinado, muita snobice.

Se deixassem Caetano concorrer não tenho dúvida nenhuma que se bateria mano a mano com Filipe Camelo. Mas no PSD não há isso. Ninguém quer que o PSD ganhe. Querem é ELES ganhar.

O povo já não liga pêva a posters e a outdoors e estes podem ser até prejudiciais, como acredito que pelo menos alguns do PAF o serão.  Para além de serem uma grande perda de dinheiro dos contribuintes sem qualquer retorno reprodutivo.  Algo de que o próprio AF acusa o actual executivo a toda a hora.

E agora ia desenvolver outro assunto e denunciar um mentiroso que subitamente caiu aqui em Seia de pára-quedas e pretende à força toda ser eleito para qualquer coisa. Mas, a conselho do meu filho, que já é jurista também, fico-me por aqui - e por agora - na esperança que o Karma faça a sua obrigação. E que os mentirosos chico-espertos pára-quedistas - que na sua terra não são ninguém mas acham que vão acabar por reinar em Terra de cegos - sejam rapidamente desmascarados. E já estão a ser...


Até para a semana.
JT

2 comentários:

Anónimo disse...

Ao ler o comentário, com algumas ideias fiquei:
- o seu autor será uma pessoa ressabiada face a Albano Figueiredo, desconhecendo no entanto as razões. É a imagem que transmite;
-fica ainda a sensação que algo de mal digerido está em relação ao PSD. Vá-se lá saber porquê. Serão recalcamentos das eleições em que o seu autor foi director de campanha de Nuno Vaz? Parece que sim;
- o leitor fica ainda com a convicção que o autor do comentário será uma pessoa assaz sapiente e um estratega nato relativamente à matéria. Porque não colocou toda essa sapiência ao serviço do Dr. Nuno Vaz, quando foi seu mandatário?
Estas são apenas algumas divagações que aqui pretendo deixar.

João Tilly disse...

1 - Nada tenho contra Albano Figueiredo. Nunca tivemos negócios nem nunca nos defrontamos em lado nenhum. Engano seu, portanto.
2 - abandonei o PSD quando Sócrates foi derrotado. Tinha sido esse o meu intuito quando entrei. Tambem tinha entrado no dia seguinte àquele em que Sócrates ganhou. Portanto, ao contrário de muitos eu ando sempre a contra-ciclo. Quando "está a dar" uma coisa, eu históricamente estou na oposição.
3 - O PSD em Seia em 2009 não era nada. Hoje não sei nem me interessa.
4 - Fiz o melhor que pude na campanha de Nuno Vaz que continuo a considerar, de entre todos os candidatos que o PSD apresentou desde 1976, o melhor.
O povo não concordou comigo. Paciência.
Foi péssimo para Seia que esteve mais 4 anos a marcar passo. Depois disso já marcou mais 4. Não acredito que se pudesse ter feito muito mais. Se pudesse voltar atrás faria era MUITO MENOS, pois foi a nossa campanha à americana, como nunca se tinha visto em Seia que levou ao toque a reunir dos socialistas adormecidos. Também já expliquei isso.
Uma coisa é certa: quando o povo não quer um candidato não há campanha que o faça eleger.
E o resto é conversa.