7.21.2012

Carta ao Ministro da Educação: Injustiças gritantes na distribuição das cargas horárias dos professores


Injustiças gritantes na distribuição das cargas horárias dos professores


Ex.mo Sr Ministro da Educação
Os meus cumprimentos.

Enquanto professor de Matemática no Agrupamento de Escolas de Seia venho chamar-lhe a atenção para as colossais (está na moda o termo) injustiças que se estão a verificar na distribuição, pelos professores, do serviço e respectiva carga horária, levadas a efeito nos Agrupamentos de uma forma geral.

1º - Verifica-se uma inacreditável redução da carga horária dos 6 tempos de 45 minutos do ano passado para 4 tempos de 50 minutos por turma em todo o 3º ciclo. Ou seja: a Matemática perdemos 70 minutos / semana e por  turma relativamente ao ano passado. Pergunto: como iremos atingir os objectivos a que o Sr Ministro se propõe?

2º - As turmas terão muito mais alunos. Cerca de 26, em média, enquanto as anteriores tinham cerca de 15, comprometendo dramaticamente os objectivos a que nos propomos.
Assim, para além de uma redução real de 30% no tempo dedicado a cada turma teremos, para agravar o panorama, um aumento de 80% nos alunos. 

3º - Mas pior: como os mais graduados já tiveram que escolher horário, quem tem - como eu - 4 tempos de redução (art 79) fica com 4 turmas de 26 alunos (= 104 alunos) em vez das 3 de 15 (= 45 alunos) do ano passado, o que dá um aumento de 130% no número de alunos - e não esqueça que a redução de tempo por turma é de 30%!

4 - Mas a injustiça não se fica por aqui. Como o Sr e o seu Secretário de Estado já anunciaram que nenhum professor do Quadro fica com horário zero e não terá por isso prejuízo na sua carreira, o que vai acontecer é que em escolas como a minha vamos ficar DOIS professores com 9 turmas de 26 alunos e o terceiro será colocado na mesma mas sem ter turmas para leccionar. Portanto, regra geral, em cada TRÊS professores, UM ficará, de facto, sem fazer nada. Cá está uma redução de 30% financeiramente inútil (os professores recebem na mesma e não são penalizados) e injusta para os 2 professores mais graduados (em cada 3) que agora ficarão super-sobrecarregados.

É nesse sentido que escrevo ao Sr Ministro solicitando-lhe que mande alguém (que saiba fazer contas) avaliar bem estas gritantes situações de injustiça que estão a aparecer um pouco por todos os Agrupamentos de Escolas do interior e que serão fatalmente o grande foco de revolta dos professores a partir de Setembro.
Porque é claro que alguém não fez bem as contas. E o Sr Ministro tem dupla responsabilidade nesse particular.

Grato pela atenção e confiando no seu bom senso, me subscrevo.

Atentamente
João J. R. Tilly

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