10.17.2005

Quando deixamos a nossa promoção turística por mãos alheias, acontecem coisas destas....


Uma imagem belíssima de uma das freguesias mais marcantes de Seia - a Cabeça - é confundida com o vizinho Casal do Rei, na freguesia da Vide, no site oficial da Associação Nacional de Municípios portugueses.

Mais grave é dizer-se lá que «A informação e imagens veiculadas foram cedidas pelo respectivo Município»... e, no fundo da página, para que a ninguém restem dúvidas:
«A informação contida nesta secção foi integralmente fornecida pelos municípios aderentes a este projecto. »
Eu recuso-me a acreditar nisto!
Uma coisa é distracção, mas outra é brincarmos com coisas sérias!

Há que, urgentemente, começar a trabalhar neste sentido, sob pena de nos despromovermos e descredibilizarmos enquanto destino turístico de elevado potencial.

10.12.2005

A Cruz




























Quem é que a há-de carregar nos próximos 4 anos?

Curiosidades eleitorais:
Em Seia ganha quem está no poder na altura das eleições

1 - No Concelho de Guterres - Fundão - o PSD ganha novamente com maior maioria do que o PS ganhou em Seia. 64.3% contra 24.39% do PS.
A freguesia onde Guterres nasceu - Donas - que já foi socialista, é hoje esmagadoramente Social Democrata.
Porque será?
Será que são clientes do Mini Preço?

2 - Já em Seia não é assim: o padrão em Seia repetiu-se em todo o lado: ganhou quem estava no poder na altura das eleições.
O PSD manteve as freguesias onde já tinha ganho (Girabolhos e Lages) e também aí aumentou a margem. Sem campanha eleitoral nenhuma. Perderia a Teixeira (o presidente já se tinha passado para o PS) e perdeu Sandomil onde os elementos do PSD se passaram, há meses, para o PS com a esfarrapada capa de independentes. Mas pegou. Ganha quem lá está - é o lema do concelho.
A única excepção foi Tourais que se ganhou apenas por 3 votos. O antigo presidente não andou a carregar eleitores residentes fora do concelho... e naturalmente, perdeu.
Em Vila Cova, Sazes e Vide só não aconteceu o mesmo porque quem lá está há muitos anos sabe muito...
3 - O padrão repete-se com maior curiosidade em Loriga. Ganhou quem lá estava, como em todo o lado mas, apesar de ter ganho o PS, no executivo não há nenhum socialista. Mas também não se pense que se trata dos chamados "independentes" socialistas, não!
O Presidente sempre foi conotado com o PSD, o nr 2 é militante (de cartão) do PSD e o terceiro é conotado (segundo lá se diz, que eu não o conheço pessoalmente) com o CDS!
Portanto o que se conclui em Loriga é o mesmo que se conclui em todo o concelho: o povo vota em quem já lá estava, independentemente das suas convicções partidárias e dos partidos pelos quais dão a cara.

Adivinhas

Qual é o país, qual é ele...?
Onde um cidadão de 81 anos, depois de ter cumprido 10 anos de mandato como Presidente da República e de ter estado 10 anos a viver disso, decide candidatar-se novamente, com aquela idade, passando por cima de um amigo de longa data?
Qual é o país, qual é ele...?
Onde três candidatos autárquicos com fortes probabilidades de vencer estão indiciados por processos fraudulentos e uma outra candidata apesar de ter mandado de prisão emitido, e depois de foragida no Brasil durante ano e meio, volta e não é presa e tem toda a cidade a aguardá-la tal qual D.Sebastião?
Qual é o país, qual é ele...?
Onde o único galardoado (vivo) com um prémio Nobel vive no país vizinho?
Qual é o país, qual é ele...?
De onde é oriundo o que é considerado o melhor treinador de futebol da actualidade, e cujo seleccionador nacional é estrangeiro?
Qual é o país, qual é ele...?
Onde o maior sucesso nacional do ano é um disco de originais de um músico que morreu há quinze anos?
Qual é o país, qual é ele...?
Onde os dois guarda-redes da selecção nacional são suplentes de dois guarda-redes nos respectivos clubes?
Qual é o país, qual é ele...?
Onde o nome da mascote do principal evento desportivo alguma vez organizado começa por uma letra (k) que não faz parte do seu alfabeto?
Qual é o país, qual é ele?

10.11.2005

Manipulação ou fraude eleitoral?

Tenho sido contactado por todas as listas em todas as freguesias onde concorremos, com histórias mirabolantes de casos que configuram generalizadamente manipulação eleitoral nas últimas eleições.
Desde casos em que se foram buscar pessoas a Lisboa, à Guarda, ao Porto da Carne, a casos em que se pagaram viagens desde Lisboa, para que as pessoas viessem votar às freguesias onde estão recenseadas.
Isto não configura fraude. Quando muito manipulação.
Mas pior manipulação é aquela que se incutiu aos velhinhos em que se garantia que «os gajos querem-vos ficar com as reformas».
É evidente que esta, sim, é manipulação.
E da manipulação à fraude vai o passo de um anão, porque ninguém sabe qual será, por exemplo, a orientação de voto daquele idoso de 94 anos que foi votar pela primeira vez na sua vida, numa cadeira de rodas, sendo que alguém teve que ir votar por ele, pois não chegou a saber onde se encontrava nem o que estava ali a fazer.


Não digo que se não fossem os milhares de velhinhos que acorreram em massa às eleições, este ano, a vitória pendesse para o lado do PSD. Não.
A dimensão da derrota não se compadece com essa tese.
Mas o que garanto é que o resultado eleitoral seria obviamente muito diverso do que se verificou.
Muitas freguesias ter-se-iam ganho.
E também muitos deputados para a Assembleia Municipal e pelo menos mais um vereador teria sido ganho se não tivesse existido esta onda manipulatória generalizada.
Nessa medida podemos dizer que a gigantesca manipulação que se verificou ao nível da votação da 3ª idade, nestas eleições, alterou substancialmente o panorama e a verdade eleitoral.
Se é fraude ou não, os técnicos dessas coisas que o digam.

A má notícia esperada finalmente chegou:
A ARA vai começar com os despedimentos

No primeiro dia após as eleições (e não por coincidência, por certo), as chefias foram chamadas à Administração que lhes comunicou que, devido ao corte de encomendas da Alemanha - a ARA produz diariamente 2.400 pares de sapatos de um determinado modelo e o serviço de encomendas, na Alemanha, só necessita de 840 - a unidade vê-se na contingência de ter que despedir trabalhadores. Não se refere, para já, o número de funcionários a dispensar.
A informação foi passada a todos os trabalhadores sem pedido de sigilo.
Os despedimentos começarão a afectar os trabalhadores mais faltosos.
Haverá lugar a negociação e posteriormente os trabalhadores receberão a respectiva indemnização e o subsídio de desemprego.

Mais um rude golpe para um concelho que, só este ano, já perdeu uma indústria em Loriga, outra em Vila Cova, outra em Vodra, viu deslocalizar a MRG e o fecho de todos os serviços da EDP.
Com a redução de pessoal do maior empregador do concelho as coisas deterioram-se ainda mais para as parcas condições de vida da população.

Entretanto na nova Zona Industrial/Empresarial/Industrial-Outra-Vez da Abrunheira que já fez as primeiras páginas de todos os jornais e do boletim municipal por mais que uma vez, ainda não se vislumbra uma única empresa a instalar-se.
Aguardamos pacientemente pelo estrondoso sucesso empresarial da Abrunheira anunciado por este executivo para que o desemprego baixe substancialmente nesta terra.

Seia é uma ilha socialista num mar laranja


Somos mesmo mais espertos que todos os outros vizinhos juntos!
Devemos ter características especiais de territorialidade que não se encontram nos nossos vizinhos, embora eles compartilhem connosco o mesmo rincão de território.
Oliveira do Hospital, no distrito de Coimbra; Nelas e Mangualde, no distrito de Viseu: Gouveia e Manteigas no distrito da Guarda e Covilhã no distrito de Castelo Branco são todos concelhos ganhos e re-ganhos pelo PSD.
E são estes os concelhos que nos rodeiam. Quer no vale, quer na Serra.
Mas nós somos diferentes.
Somos a tal aldeia gaulesa irredutível, a tal ilha socialista, rodeada de um imenso mar laranja.
Aqui é o sol que anda em volta da Terra. E os rios (de esgoto) nascem no mar do subdesenvolvimento perpetuado.
Nós é que estamos certos.

Cada terra tem o que merece

Ao contrário do que se passou em todo o país, onde o PSD conquistou quase tudo, aqui a coisa virou-se exactamente ao contrário.
E, apesar de não ter tido hipóteses de implementar nem 5% do projecto de pré-campanha e campanha inicialmente traçado, interpreto a derrota clara de hoje como um óbvio falhanço da minha estratégia.
Ao PSD e a Nuno Vaz peço que me perdoem.
Fiz o que pude dentro dos condicionalismos e da elevação da qual não abdicámos.
Não sei movimentar-me no bas-fond da sociedade.
Não sou capaz de meter medo aos velhinhos nem ameaçá-los que o «outro lhes corta as reformas e os expulsa dos lares», como aconteceu um pouco por todo o lado.
Mas é isso que, em todo o concelho, dá votos.
Nesta eleição - aquela que já começa a ser chamada «a eleição dos coxos» -gente que mal se podia arrastar compareceu nas assembleias de votos por todo o lado.
Não por alegria, que a saúde há muito lho não permite, mas por medo de morrer à fome, sem reformas e abandonados num qualquer canto.


Contra isto, não há projectos nem ideias nem verdades que resistam.
Nunca esperámos que tal acontecesse. Fomos ingénuos a ponto de acreditar que a campanha eleitoral era um palco de debate de ideias.
Foi um palco de um filme de terror perpetrado contra os velhinhos que responderam em massa e por "obrigação" temendo pelas suas vidas.


Mais uma que se aprende.


Continuo a considerar que Nuno Vaz era o melhor candidato de que o PSD podia dispor neste momento. Não foi por causa dele que se perdeu.
A qualquer outro aconteceria o mesmo.
A desproporção dos números e a mobilização gigantesca que se gerou justamente para combater Nuno Vaz estão aí para o provar.


Mas estou convicto que a História de Seia, passada esta época de violenta desinformação e obscurantismo, se encarregará de o registar.





Aqui vai o resto do desabafo para quem quiser entrar um pouco mais neste tema:
Sempre acreditei que os senenses eram sensíveis à Verdade, como o são em quase todo o país. Esse foi o meu erro.
Em Seia, tal como em Felgueiras, por exemplo, a estratégia que funciona é a do obscurantismo, e não a da lógica ou a da verdade.
E essa estratégia não a domino eu. Nem a quero dominar.
Prefiro perder nas urnas e continuar a pertencer a uma grande minoria que usa a cabeça para mais alguma coisa que não seja apenas o pentear-se.
Prefiro manter-me manifestamente Minoritário.
E intelectualmente autónomo.

Mas lamento imenso que Seia não se digne dar uma única oportunidade ao PSD.
O Partido que ganhou em todo o país, e no distrito da Guarda, por esmagadora maioria.
A população do Distrito da Guarda, da Madeira, dos Açores, das maiores cidades do país aprenderam a dar valor ao dinamismo e à criatividade.
Mas Seia continua a não querer experimentar coisas novas.
O caciquismo de Seia prefere manter o rumo - que a tem levado à desertificação, à perda das Indústrias e do Turismo. E aos rios de esgoto a céu aberto por todo o lado.


Numa mobilização histórica, desta vez só o cão e o gato não vieram votar.
Muitos a arrastarem-se sem fazerem a mínima ideia de onde estavam, carregados literalmente para as urnas, na fase final das suas vidas vegetativas.
Uma indignidade e um horror que só a quem a ele assistiu durante todo o dia de hoje pode avaliar.
Daqui a 4 anos, dezenas destes velhinhos moribundos terão já falecido.
Mas haverá outros mais, muitos mais, cada vez mais velhinhos com AVCs a chorar por não poderem sequer falar, e a serem conduzidos por quem os dominar na altura, para as secções de voto.
Resta-me a consolação de imaginar que àqueles que hoje arrastam os velhinhos para as cabines, e por eles votam, daqui a 30 anos também alguém lhes fará o mesmo.


É que o sistema obscurantista é ciclico e auto-alimenta-se sempre dos antigos predadores.


Ao PSD e a Nuno Vaz peço que perdoem a minha (errada) estratégia na abordagem destas eleições.
Deviamos ter descido ao nível dos esgotos a céu aberto. Do arranque das tarjas, das ameaças, do pintar as suas caras de preto, tal como nos fizeram a nós.
Era, provavelmente, a estratégia apropriada para o tipo de eleitorado a que nos dirigíamos.

Mas eu não seria capaz de o fazer.