12.07.2003

O Juiz de Mortágua

Uma das tês versões sobre a célebre lenda de Mortágua, que se encontra disponível no respectivo site é a seguinte:

Um juiz de fora foi indicado para exercer justiça em Mortágua. No entanto, abusou dos poderes que possuía. A população não gostou
Um dia tocou o sino a rebate. O povo aprisionou-o, conduzindo-o para além dos limites concelhios. Parece que para o lado oposto do rio Cris. Nesse local foi assassinado com recurso a alfaias agrícolas: forquilhas, sachos, etc.
O soberano tentou indagar da responsabilidade no sentido de haver punição. O funcionário régio encarregue da inquirição ia perguntando aos moradores de Mortágua quem havia cometido o crime. O povo à pergunta: "quem matou o juiz?", respondia: "Foi Mortágua". Esta resposta espalhou-se pelo país, daí ainda hoje se pergunta a alguém que nasceu neste município: "quem matou o juiz?".


Estranho é que, passados 600 anos sobre a lenda, as condições sejam surpreendentemente semelhantes. Temos uma Justiça de costas voltadas para a população. Um sistema que só é eficaz contra a arraia miúda, os pequenos toxicodependentes. O colarinho branco COMPRA, repito: COMPRA a Justiça que quiser. Faz desaparecer processos, faz prescrever outros. O dinheiro compra hoje, como comprava há 600 anos toda a Justiça neste país. A vergonha do caso Moderna, de onde desaspareceram dezenas de dossiers, a do caso FP25, onde apenas os arrependidos foram condenados e a suprema vergonha do caso Casa Pia, onde se tenta branquear uma Justiça indigna pelo martírio de um inocente que nem acusado chegará nunca a ser, mas que nem por isso deixa de estar preso, é uma vergonha colectiva e nacional. A Europa e o mundo civilizado estão chocados com as prisões de 3 anos sem culpa formada que se praticam à balda em Portugal. Na Europa, não há paralelo. Nem na Turquia, apesar do regime ditatorial vigente.

É tempo, Portugal, de atentarmos na história de Mortágua e de começarmos a fazer sentir aos ainda todo-poderosos e arrogantes srs drs juizes que Portugal tem que começar a ser um verdadeiro estado de direito.

Sem comentários: