Deixaram que tudo lhes acontecesse sem um "ai". Que toda a legislação no sentido de lhes acabar com as carreiras fosse publicada sem um pio. Que o ECD fosse alterado por 2 vezes. Que lhes retirassem o vínculo e lhes alterassem os contratos de trabalho. E agora é que protestam.
Entre 2008 e 2010 o anterior governo e Milú Rodrigues fizeram a cama aos profs. E ninguém quis saber.
Durante os episódios das avaliações e da alteração do ECD, os mais velhos perdiam dias em camionetas e viagens para as manifs em Lisboa enquanto os mais jovens lutavam afincadamente nas praias.
Montados em belas máquinas e vivendo em apartamentos domóticos oferecidos pelos papás, as viagens de 100kms por dia para as escolas faziam-se bem. Era tudo uma festa. Chatices para quê?
Hoje estão desempregados. As "bombas" e os apartamentos a serem pagos pelos papás agora reformados cujas pensões são confiscadas mensalmente por um governo salteador.
Os profs com 20 anos de carreira sentem, finalmente, o calor do fogo ateado e mantido ao longo de 3 anos a aproximar-se-lhes das partes traseiras.
E motivam-se no facebook e indignam-se no facebook e vão fazer greve. Pelo menos no facebook. Porque não lhes descontam o dia todo. Só as horas da greve.
E há escalas de greves rotativas às avaliações em todas as escolas. A máquina da reivindicação laboral, que sempre esteve desmantelada, está aí a brilhar, como nova.
E os sindicatos, que há muito estavam totalmente desacreditados pelos professores (que se recusam a sindicalizar-se), percebem, súbita e inesperadamente, que afinal ainda não estão mortos. Num golpe de sorte inexplicável, os profs permanentemente distraídos estão agora com eles.
Há que aproveitar...
É que se Passos se lembrar de retomar a razia que Sócrates provocou ao mandar voltar para as escolas centenas de sindicalistas que não davam aulas há 25 anos... a coisa pode correr mesmo mal para todos.
2 comentários:
Os sindicatos não estão mortos- mas estão comatosos- porque juridicamente são os únicos interlocutores reconhecidos para negociar com o poder.
Não espero compreensão nem solidariedade da população; não espero informação fidedigna nos media; não espero um retrocesso nas decisões catastróficas; serei diabolizado, escarnecido e vilipendiado. Posso perder, mas não me expulsarão sem eu lutar até ao último fôlego...
perder o quê e lutar por que objectivos?
Essa conversa vaga é o que me surpreende. Nenhum prof sabe por que motivos está a lutar excepto por um: quer ter emprego para o ano que vem. E com uma diminuição de crianças para um terço das que havia há apenas 10 anos, não sei como isso será possível. Só se quiserem manter o lugar sem trabalhar...
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