1.12.2013

Porque já não vou em manifs... e a minha proposta de LUTA

Proliferam convites para a próxima Manif e há até alguns entusiastas que desafiam para 50 mil nas ruas!
Mas, que eu saiba, há para cima de 175 mil profs. Só em Lisboa há mais de 50 mil. Cadê os outros? Se não fossem os que vão da província não apareceria ninguém nas ruas.

Sou sindicalizado desde sempre embora considere isso inútil. Não pretendo desmobilizar ninguém embora ache absolutamente inúteis as manifs, a partir do momento em que tivemos 150 mil nas ruas em 2010 e em 2011 e ficou tudo igual.
 
Fui delegado sindical vários anos e conheci os sindicato por dentro. A máfia é igual à dos partidos. O dinheiro envolvido é que é substancialmente menor.
 
Acusei a ministra da educação, no Prós e Prós, de não ter a mínima noção do que estava a fazer. E os exames de matemática do 9º ano, por coincidência, passaram a ser de matemática em vez de serem de leitura e interpretação de textos, em primeiro lugar, e depois de matemática, como estava a acontecer. Isso é que é mudar as coisas. Não é andar a correr das camionetas para as ruas e das ruas de volta às camionetas a acompanhar palavras de ordem dos megafones do costume: frases gastas, esfarrapadas, mais que ouvidas. 
Este blog tem quase 600 mil visitas e nele, há anos, venho denunciando o que os sucessivos governos nos têm feito. Não vejo ninguém destes profs indignados fazerem nada em lado nenhum.
 
A luta dos professores sempre foi feita pelos veteranos. Os jovens nunca quiseram saber disso para nada. Agora, que não têm lugar em lado nenhum, é que acordaram.
 
Fiz todas as greves excepto a última que foi a mais inútil e estúpida de todas. Na minha escola éramos 2 ou 3 a fazê-las sistematicamente. E para quê? Quando aqueles por quem "lutávamos" nunca as faziam!...
 

O que eu proponho: 

A luta dos profs tem que ser Inteligente e não mecânica. Fiz esta proposta no penúltimo Congresso da Fenprof em que tomei a palavra sem pedir autorização a ninguém. Toda a gente bateu palmas e nunca mais me convidaram para outro.
A luta tem que ser a proporcional e a resposta ao que nos roubaram nos últimos 4 anos.
Estamos a ganhar metade? Temos que produzir metade. Cortam-nos mais? Trabalhamos em proporção.
Demora-se 1 mês a entregar os testes? Paciência! Os testes são corrigidos na escola. Não se leva trabalho NENHUM para casa, tal como acontece com os restantes funcionários públicos.
Não se consegue dar o programa todo? Paciência... dá-se o programa de acordo com o salário. 60% dele.
Os alunos não vão preparados para os exames do 12º? Paciência... Trabalhamos de acordo com o que nos pagam.
Os alunos betinhos que são indignamente obrigados pelos pais (muitos deles professores!) a trabalhar diariamente 8 horas na Escola e mais 4 nas explicações não tiram notas para entrar em medicina?
Paciência... (caía o Carmo e a Trindade!)
 
Com uma atitude destas e uma luta sistemática e INTELIGENTE os pais e os encarregados de educação não teriam outro remédio senão (muito contrariados, claro!) apoiar a nossa luta - porque o que eles querem é que os filhos entrem nas universidades ou pelo menos que façam o 12º ano. Não seria por mais motivo nenhum. Sabemo-lo bem.
 
Enquanto a Inteligência e a estratégia for substituída pela falta de imaginação e pelo "mais do mesmo" teremos cada vez menos gente em todo o lado: nas greves e nas manifs.
 
E já agora: porque não aprovam uma greve de zelo, como aconteceu em toda a europa, os sindicatos portugueses? Porque essa forma de luta é a única que produz resultados praticamente imediatos sem penalizar os professores. E mostra que a prática actual dos sindicatos é absolutamente inútil. 
Os sindicatos, há anos, trabalham APENAS para que não se perceba que ninguém precisa deles.

1 comentário:

Anónimo disse...

Meu Caro, entendo razão de algumas das críticas em relação aos sindicatos mas daí passar para a conclusão da sua completa inutilidade, o que parece transparecer das tuas palavras, é um manifesto exagero. Sem pretender invocar o passado - e recordar o muito que da sua acção verteu na valorização da carreira/progressão da classe docente,é desconhecer por completo o que é o trabalho sindical.Além do institucional (quem ficará a "negociar"?),lembro o trabalho de apoio e conforto - a única instituição a fazê-lo, junto dos docentes...é ver quem é conforto dos contratados, nos concursos, na área jurídica e apoio nas muitas e complexas questões administrativas que tanto afectam a vida dos professores. Concordo que não há melhorias nas carreiras, subidas de salários, estatutos mais favoráveis mas pedir isso aos sindicatos nos tempos que correm é algo injusto.Só a luta para que simplesmente se cumpra a lei, nas escolas, perante os tantos caudilhos que vão crescendo como cogumelos, pelo ME...etc, justificam a sua existência. São uns tempos complexos,um contexto em que também os sindicatos têm dificuldades em encontrar "a melhor forma de serem mais úteis", é verdade. Mas não tenho nenhuma dúvida que as perdas em curso serão incomparavelmente maiores se "desaparecerem" os sindicatos. E ao olharmos para a história, vemos que os sindicatos "crescem" precisamente nos períodos ditos de crise..por isso estes são tempos de união, dos profissionais aos sindicatos e entre os diferentes sindicatos.
abr, PB