Seia já foi a capital da neve.
Hoje, é a capital do paralelo.
Por todo o lado, como uma onda gigantesca, é vê-los a invadir ruas por esse concelho fora.
«Este ano estamos garantidos! Até trabalhamos ao sábado e ganhamos o dobro. Por hoje já está feita» - garantia, às 5 da tarde, o motorista de uma "banheira de paralelos".
«Esta leva 30 metros cúbicos. Para a câmara de Seia é sempre a aviar.»
Porquê a invasão do paralelo?
A resposta surge na ponta da língua de todos: é ano de eleições!
Portanto, como eu dizia, não há ninguem que não perceba a manobra.
Deixam-se as populações à mingua, durante 3 anos e, nos últimos meses, faz-se uma obra aparatosa no centro das aldeias, pelo frenesi do voto.
Vamos lá a ver se, ainda mais esta vez, o velho truque dá resultado...
«São as águas e os esgotos, diz o povo de Pinhanços. Primeiro foram os passeios. Já cá andam há uns meses...»
Pois é. Mas não passa de pura fachada, mais uma vez.
Porque as novas canalizações levam os esgotos para onde?
Para aqui.
Para o rio Seia.
Em mais um permanente atentado ambiental.
Não se constroem as prometidas ETARs, que não dão votos. Esventram-se as ruas e estacionam-se as máquinas em frente às igrejas pensando que o povo, embrutecido por tanto paralelo, gosta de as admirar.
E os esgotos continuarão a ser descarregados no rio, direcção a Seia.
Para quê uma ETAR em Arrifana, construída há já 5 anos, se o rio continua a vir poluído desde Pinhanços, a montante?
Em Seia as prioridades continuam invertidas. Em vez de se começar pelas infraestruturas, começa-se pela ostentação.
É a velha história do vaidoso que se perfumava em vez de tomar banho...
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