Debate "Comunidades Urbanas" revela os verdadeiros candidatos.
Nuno Vaz é o candidato (natural) do PSD à CMS.
O debate sobre "comunidades urbanas" que teve lugar na sexta-feira, 23, moderado pelo presidente da Câmara foi bastante concorrido. Não pela população anónima, é certo, mas pelos notáveis do burgo que não poderiam perder a oportunidade de se mostrarem, nem que fosse para dizer nim. Infelizmente o nim aconteceu com demasiados intervenientes de quem se esperaria um contributo mais interessante para a discussão.
O Flop
José Canhoto fez história. Esperava-se dele uma intervenção sólida e convicta. Para além de não ter sido uma coisa nem outra, tem um terrível flop político que lhe custará a candidatura à CMS, quando refere que não quer um novo hospital. Antes quer o mesmo mas que trabalhe bem. É uma afirmação perfeitamente correcta, que a maioria dos profissionais da Saúde subscrevem, mas politicamente mortal, especialmente neste momento em que a guerra por um hospital renovado está em vias do armistício. Não podia ter corrido pior. Lá tentou emendar a mão, numa segunda intervenção, mas o "mal" estava feito.
Eduardo Brito rasga um sorriso pelo deslize demolidor e percebe, nesse momento, que já não precisa de se candidatar novamente à Câmara. Deixou de ter adversário ameaçador.
Será? Não subscrevemos totalmente a tese .
Para nós Eduardo Brito ainda não pode, como pretendia, descansar.
Nuno Vaz Superstar
A silhueta de Nuno Vaz tem vindo a emergir a pouco e pouco no panorama político senense. Começou por escrever artigos de opinião no Porta da Estrela. O seu nome começa a ser referido - primeiro cautelosamente e agora cada vez com mais consistência - como candidato a alguma coisa.
Tem vindo a mostrar-se. Paulatinamente, como quem não quer a coisa. Mas é óbvio que quer. Embora (ainda) o negue.
Surpreendeu sobretudo a clareza da sua primeira intervenção. A serenidade. A sustentação bem-disposta de uma ideia por si desenvolvida no Porta da Estrela, de que nos deveríamos aliar à GAM de Viseu. A referência ao facto do Presidente da Câmara ter arrepiado caminho colheu definitivamente. A exploração dessa "precipitação" de Eduardo Brito é uma arma que pode ser brandida no futuro. Nuno Vaz não se cansou de fazer passar informação subliminar. Que não é de Gouveia! Que é de Trás-os-Montes. Esta sua preocupação várias vezes repetida tem a clara intenção de esbater o estigma gouveense - o único handicap que pode colocar-lhe entraves a uma vitória na CMS, desde que Eduardo Brito não concorra.
Portanto, os cenários políticos que perspectivamos serão estes:
1 - Eduardo Brito concorre e a luta será forte.
Se Nuno Vaz conseguir esbater o estigma de Gouveia, será o adversário mais forte que EB já teve de enfrentar. Não se sabe o que pode acontecer, dado que todas as eleições – excepto as autárquicas – são sempre ganhas pelo PSD.
60% para Eduardo Brito e 40% para Nuno Vaz à partida. Se houver dinheiro para Eduardo brilhar na recta final, podem as proporções manter-se. Se Nuno Vaz conseguir uma campanha arrebatadora poderemos vir a ter um fifty-fifty à boca das urnas, absolutamente imprevisível até ao fim.
2 - EB não concorre e Marciano Galguinho é o candidato contra Nuno Vaz.
Não prevejo vida fácil para o PS. Só um milagre ou uma campanha monstruosa poderá fazer pender a balança para a rosa. Embora o rigor e o profissionalismo de Galguinho sejam os seus (fortes) ex-libriis, a candidatura de Nuno Vaz será infinitamente mais mobilizadora. Ainda mais quando os laranjas percebererm o "peso" do candidato potencial que têm em mãos.
3 – EB não concorre e Carlos Filipe Camelo é o candidato contra Nuno Vaz.
Cenário virtual, visto que o "eterno nº 2" – como é conhecido Carlos Camelo – se tem ficado sempre por esse número. Nunca assumiu a liderança de um projecto político. Mas pode ser que esteja na hora. Carlos Camelo é o único empate técnico que o PS pode descartar contra Nuno Vaz. Seria a campanha mais interessante porque se trataria da emergência de dois "novos" líderes, pelo que tudo se decidiria entre os indecisos em campanha.
4 – EB não concorre e qualquer outro é o candidato contra Nuno Vaz.
Seria uma derrota estrondosa para o PS e nem preciso explicar porquê. Ex: Victor Moura, André Figueiredo, Mário Jorge Branquinho (que disputam a liderança do PS concelhio) proporcionariam um cenário de maioria absoluta para o PSD directo sem campanha.
Portanto, à direita, as coisas estão definidas. O adversário do PS está à espera, sereno e expectante, pela primeira vez depois do 25 de Abril.
No fundo, José Canhoto não conseguiria apoio popular significativo (não é um populista) por isso talvez tenha sido, para a sua carreira, melhor assim.
Nuno Vaz tem a postura e o perfil necessários para desafiar um PS sem Eduardo Brito (que continua a ser um "animal político" em alta).
O problema é que nos próximos 2 anos pouca coisa poderá EB fazer, dada a restrição orçamental e isso pode ser muito aproveitado no debate eleitoral.
EB tem que arranjar maneira de disfarçar a falta de orçamento com "alguma criatividade", como ele próprio costuma dizer.
Entretanto Nuno Vaz também não fará omeletes sem ovos.
Mas uma vulgar estratégia populista pode estabelecer comparações com o que se passa em Gouveia, em que uma Câmara tecnicamente falida faz agora flores todos os meses.
De onde vem o "fôlego"?
E Nuno Vaz tem o peso de Alvaro Amaro em Lisboa?
Seja como for não antevejo melhor candidato local para o PSD, e nenhum desconhecido da 2ª linha do partido o baterá no seu terreno, pelo que o partido pode agora demonstrar que não necessita de importar políticos da capital para disputar a sério a Câmara de Seia.
A não ser que Santana Lopes decidida abandonar a corrida à Presidência e se lembre de nós…
Sem comentários:
Enviar um comentário