Faz hoje 262 anos que ocorreu, em Portugal, a maior tragédia com causas naturais desde que há registos. O terramoto de 1755.
Mas outras tragédias, de menor impacto nacional embora igualmente de nefastas consequências regionais, foram-se sucedendo.
Aqui deixo algumas que ocorreram durante os reinados de D. Manuel I e de D. João III.
Reparem que em 1531 se registou outro grande terramoto com diferença de 224 anos para o maior de todos.
E muitos se recordarão do de 1969, 214 anos após este. Que pode ter sido o nosso passaporte vital para mais 220 anos.
Ou não.
Certo é que há 262 anos Portugal viveu o seu momento mais negro provocado pela Natureza.
Antes desse fatídico 1 de Novembro, e do terramoto anterior, o de 1531, o nosso pior momento tinha ocorrido durante a peste de 1505, em pleno período áureo dos Descobrimentos, em que morreram 7500 pessoas.
Custa-nos a acreditar neste número, mas é o que vem nas crónicas.
Reparem na alternância entre fome, peste e secas que durante estes reinados se verificou.
Obrigando por vezes a corte a fugir de Lisboa.
Sabemos que a Idade Média (especialmente desde o sec 9) foi um período de grande aquecimento global. Com temperaturas superiores em 1 grau relativamente ao que se regista hoje.
O que é uma coisa inacreditável.
De tal forma o foi que permitiu aos Vikings navegarem até à Inglaterra através do degelo dos icebergs. Tudo isto é História. Tudo isto está estudado e sabido.
Mas claro que não é politicamente correcto falar-se nisto porque senão como se explicaria que a Idade Média, sem a poluição causada pela Industrialização do Homem moderno e pelo desbaste criminoso das maiores florestas da Terra fosse muito mais quente do que os nossos tempos?
E as cruzadas, especialmente a terceira (a de Ricardo Coração de Leão) foram marcadas por grandes vagas de calor e falta de água.
Que, no meu entender, explicam o seu insucesso e os subsequentes anos de peste.
A peste a que se refere a história da Idade Média - e sobretudo a peste negra (bubónica) - terá sido provocada por um bacilo: Yersinia pestis oriundo da China e que terá chegado à Europa por contaminação das caravanas comerciais de Veneza e Génova.
Mas devia haver também muito tifo e cólera e toda a sorte de doenças gastro-intestinais à mistura.
Tudo isto era provocado e potenciado por uma grande falta de higiene e de água potável.
As pessoas bebiam água onde a houvesse e lhes parecesse limpa, dada a sua escassez provocada pelas secas sucessivas. O aquecimento global da época.
Na Idade contemporânea a nossa maior catástrofe foram os incêndios do passado 15/10.
O número de mortes não é comparável aos que se verificavam na Idade Média - vivemos evidentemente noutro "mundo" com outras condições e tecnologia - mas a devastação desses incêndios não encontra paralelo com nenhuma época da História.
Pelo menos da que está escrita e se considera fiável.
Simplesmente estes incêndios não tiveram causas naturais, como sempre denunciei.
Enquanto os governos e a Protecção Civil falavam em causas naturais, negligências e raios de trovoada seca, eu alertava nestas páginas que tudo se tratava de fogo posto.
Criei um grupo no facebook - Incêndios de madrugada a culpa é do Eucalipto - para ajudar a desmistificar a teoria ingénua (ou propositada, falta saber isso) propalada pelo governo e repetida à exaustão pelos media (repetidores acéfalos de balelas): de que que o problema dos Incêndios era a falta de limpeza das matas, a falta de ordenamento territorial, a falta do cumprimento da legislação, o excesso de eucaliptal, etc etc...
Resumindo: a culpa dos INCÊNDIOS era de TUDO... EXCEPTO dos INCENDIÁRIOS.
Contribuímos, com os nossos relatórios diários dos fogos nocturnos, para que as Entidades que deviam mandar nisto - mas não mandam nada - começassem a olhar para as "causas naturais" com outros olhos.
O 15 e 16/10 últimos não podem ter ocorrido em vão.
Eles devem levar-nos a pensar e a exigir medidas FORTES para que este verdadeiro "terramoto" não volte a assolar-nos.
Para que esta verdadeira PESTE NEGRA do carvão (que não é a grisalha porque o ser idoso é uma consequência e uma inevitabilidade da Natureza; e os fogos postos não são) seja combatida com os medicamentos que a Idade Média não dispunha.
Mas nós, sim.
Com vigilância terrestre e aérea. E basta isto.
Veja-se o que aconteceu neste último fim de semana.
Com condições semelhantes às do fim de semana de 15/10 - alerta vermelho em todo o Interior - praticamente não se registaram incêndios.
Porquê?
Porque se anunciou que as matas iriam estar a ser vigiadas pelas Forças Armadas.
Era mentira mas resultou.
Espero que da próxima vez seja mesmo verdade.
E bastou essa informação para que o fogo não se manifestasse.
Querem maior prova de que é este o método para ERRADICAR a esmagadora maioria dos Incêndios?
Então coloquemos este método em prática mal comece a aquecer.
Afinal, já não vivemos na Idade Média desde a tomada de Constantinopla pelos turcos em 1453.
É tempo demais para que ainda estejamos a sofrer as suas obscuras consequências.
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