Um novo dialecto está a ser introduzido subrepticiamente nas TVs de canal aberto. Ao suprimirem as preposições DE e EM, os jornalistas já dão mais pontapés na gramática, por hora, do que Portas consegue mentir a Coelho. E ao País. E a ambos.
Este repórter fala numa língua própria, omitindo as preposições que são imprescindíveis para colocar o receptor no local ou no tempo da narrativa.
No meu tempo denominavam-se complementos circunstanciais de modo ou de lugar.
Já deve ter mudado 600 vezes de nome, mas a função mantem-se. Sem elas (as preposições), as frases não fazem sentido.
Ex: "Os quartos QUE os jogadores descansam" não faz sentido. Tem que ser: "Os quartos EM QUE os jogadores descansam" ou "os quartos NOS QUAIS os jogadores descansam".
Ex: "Hotel construído no mesmo ano QUE o Benfica ganhou a taça" não faz sentido. Tem que ser "Hotel construído no mesmo ano EM QUE o Benfica ganhou a taça".
Ex: "A música que tu gostas" não faz sentido. Tem que ser: "a música DE QUE tu gostas".
As preposições EM e DE são de emprego obrigatório para situar o receptor no modo, no tempo ou no lugar.
Também se usam diariamente, no jornalismo televisivo, construções deselegantes e mesmo ERRADAS como: "...para que os jogadores POSSAM fazer esquecer a desilusão de sábado e ENTRAREM nesta final..." Deve ser: "...para que os jogadores POSSAM fazer esquecer a desilusão de sábado e (possam) ENTRAR nesta final..."
Assim, com esta qualidade linguística nas TVs em canal aberto, a única coisa que se difunde é o erro e a iliteracia.
Sem comentários:
Enviar um comentário