À noite são programas para encher chouriços uns atrás dos outros a que pomposamente chamam novelas.
Mas se o são, estão a ser tão mal representadas e os argumentos são tão estúpidos e sem assunto absolutamente nenhum que se diriam escritas propositadamente para atrasados mentais.
Mas de dia não é melhor. A RTP e a TVI competem entre si a ver quem mostra mais aldeias, mais mongos, mais gente estúpida. Disseram-lhes que é isso que dá audiência.
Então é vê-los nos mercados e feiras a entrevistar peixeiras, velhinhos surdos e cromos que não sabem ler. Quem não tem alternativa acaba por consumir esta desgraça estupidificante ao longo dos anos.
À tarde é o circo diários das terreolas atrás das pedras.
Eu pergunto: Uma TV paga com os nossos impostos anda pelas aldeias a fazer o quê? A mostrar Portugal? A quem? Nem o que mostram é genuinamente Portugal - e ainda bem! - nem há ninguém, a não ser reformados, em casa para o ver.
Os ingénuos dos políticos locais por essas terras fora ficam todos contentes por aparecer na televisão, e nem sequer imaginam que não há ninguém a ver, a não ser eles próprios e alguns conterrâneos.
O resto do país está-se bem a marimbar para o que se passa em Alguidares de Baixo... É como a publicidade nas rádios locais: só quem a paga a ouve para confirmar que passa...
Na TVI passa-se o mesmo. Instalam-se numa terreola qualquer nos confins do mundo o dia inteiro e, como aquilo nunca mais acaba, têm que entrevistar toda a gente que passa na rua.
Verificou-se isso no dia em que a RTP1 esteve em Loriga e a TVI em Oliveira do Hospital simultaneamente. 5 de Agosto. Cada terra sintonizou a respectiva emissão - a TVI teve o triplo da audiência da RTP - e o resto do país esteve a ver a Querida Júlia, como mostraram os shares do dia seguinte.
O dramático é que, em Oliveira, a TVI esteve toda a tarde a filmar as praças principais... desertas. Nem o facto de lá estar a televisão motivou o povão a sair à rua. Parecia uma cidade fantasma ou um estúdio. Gente = zero!
Tudo isto porque nunca mais se aprova a lei das televisões regionais. A escumalha política que se governa à nossa custa está à espera das luvas dos grupos que se perfilem para o concurso. E como ainda há poucos há que arrastar o processo.
Em todos os países desenvolvidos há dezenas de tvs regionais a fazer este trabalho. Aqui são as nacionais que fazem esse serviço, substituindo-se às regionais que não existem.
Trabalho praticamente inútil, aliás.
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