2.04.2004

A morte em directo já não é espectáculo suficiente. É preciso produzi-la para surtir maior efeito

Deixa cá arranjar mais uns inimigozecos.
A pedido de várias famílias, aí se renova o texto que faz saltar a tampa aos miolos privilegiados que dedicam a sua utilíssima e esplendorosa existência ao subido fenómeno da futeboleirice nacional.

Os brutos não percebem que, em cada dia que passa, dezenas (senão centenas) de portugueses morrem enquanto trabalham, ou nas deslocações de e para o local de emprego - que tem exactamente a mesma configuração legal.
A diferença aqui foi que toda a gente acabou por ver; uma minoria em directo, e uma esmagadora maioria através das centenas de vezes que o momento foi transmitido após cuidada edição audio-visual.
Várias velocidades de slow-motion, vários layers de vídeo com montagens do público, fade-outs, cross-dissolves, croma key, música sacra, música clássica, é até efeitos sonoros foram adicionados "à peça" porque a televisão que temos é assim. A morte em directo já não é espectáculo suficiente... é preciso produzi-lo para ter ainda maior impacto! Os burrinhos do monte não percebem as manobras comerciais - essas sim, enormidades insultuosas à memória do futebolista, que foi explorado até ao momento do seu derradeiro espasmo.Mas consomem-nas todas, que é o que é preciso.
Quem dá o direito às televisões para explorarem comercialmente a queda mortal do trabalhador?
Mandem mais mensagens, que é para eu aumentar a minha colecção de IPs trolhas...trolhas!

Texto Original
Pergunto-me para que serve esta palhaçada trolha a que obrigam os mentecaptos dos jogadores.
Mas Portugal continuará perpetuamente a insultar a inteligência dos seus cidadãos?
Para que serve este folclore rasca, este triste faduncho vadio à Cais do Sodré?
É que ainda há alguns portugueses que não são atrasados mentais.
E bastantes mais do que o que parece à primeira vista.
Quando parará Portugal de se envergonhar aos olhos do mundo civilizado?

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