12.06.2003

Fascismo cinzento

Paulo Pedroso está safo. Hugo Marçal, liberto. Jorge Ritto está já para breve. Bibi, o arrependido, será o único a ser condenado à semelhança dos casos das FP 25 e da Moderna. Resta apenas Carlos Cruz, sobre quem o inspector André terá desabafado, entre 2 copos, que "tinha que o apanhar, custasse o que custasse".
Ora, as estatísticas europeias apontam para uma percentagem de 0,9% de pedófilos activos, o que em Portugal daria cerca de 90 mil, mas afinal só cá temos um. Chama-se Carlos Cruz, era apresentador de televisão e estará preso enquanto nenhum tribunal independente deste condado analisar o processo.
Atribuindo a responsabilidade desta situação, não a um qualquer juiz, mas à legislação, o juiz-desembargador Eurico Reis escreve na "Visão":
"Não serão, afinal, os estrénuos defensores da legislação (...) que estão a criar, (...) um cenário de filme de série B, em que os "criminosos" são condenados e psicologicamente linchados na praça pública que a comunicação social representa, sem terem sido julgados pelo Tribunal competente? Ou até sem terem sequer sido acusados? (...) Embora os securitários não gostem que se fale disso, existe um conceito em ciência política que se chama fascismo cinzento."
Quando o inquérito acabar e for deduzida acusação (se o for), Rui Teixeira terá que passar a pasta a outro Juíz e, nessa altura, Cruz terá que ser ouvido, quer Rui Teixeira queira, quer não. Só o conseguirá manter preso sem culpa formada até esse ponto. Depois terão que o acusar de alguma coisa, e ele terá oportunidade de se defender.
De qualquer forma, mesmo que seja pronunciado e julgado, será, com Bibi, um dos dois únicos pedófilos portugueses.
Os outros 89.998 foram a banhos para as ilhas.

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