10.05.2014

A República do caciquismo democrático

Se Teófilo Braga e seus companheiros imaginassem o que se iria passar nas décadas seguintes, com o fenómeno da corrupção generalizada a grassar no seio da classe política - "democraticamente" eleita - a conseguir arrasar o país pelo menos por 3 vezes, enquanto durante a Monarquia só tinhamos chegado à bancarrota uma única vez em 800 anos, por certo teriam ficado quietinhos em casa. 

No Brasil hoje é dia de eleições. O voto é obrigatório. 
A falta do eleitor tem que ser justificada por doença ou trabalho. 
 Em Portugal - e especialmente no Interior profundo onde nos encontramos - o voto tem sido obrigatório APENAS para os idosos. Que são carregados desde os Lares, onde esgotam pacientemente os seus últimos dias, até às assembleias de voto. 
Muitos deles - para não dizer a esmagadora maioria - sem terem a mais pequena ideia da importância do seu acto e do que está em jogo numa eleição. 
Basta visitar um qualquer Lar para perceber o grau de esclarecimento da quase totalidade dos idosos. É absolutamente assustador. 

Se somarmos isto aos 240% de índice médio de envelhecimento da população do interior, facilmente percebemos que tipo e qualidade de Democracia temos. É uma democracia marcadamente caciquista: localmente, o cacique que controlar os idosos controla a eleição. 

Então o que fazer? Impedir os idosos de votar? 
Não. Apenas não arrastar - como eu vi com os meus próprios olhos por várias vezes - aqueles que nem imaginam onde estão e o que vão fazer, até às Assembleias de voto. 
Uma das maiores indignidades que me foi dado ver até hoje. 

Já seria um grande impulso para a Verdadeira Democracia. 
 E um golpe mortal contra o caciquismo instalado que nos atrasa e envergonha aos olhos de todo o Mundo civilizado.