3.29.2014

c) "Prevenir a criminalidade em geral em coordenação com as demais forças e serviços de segurança".


c) "Prevenir a criminalidade em geral em coordenação com as demais forças e serviços de segurança".

Não havendo grande criminalidade constante em Seia, a verdade é que há muita pequena criminalidade. Assaltos, furtos, roubos até, são frequentes. E a venda impune de droga. Disso falarei no fim.

A maior parte das vezes, no entanto, o cidadão já nem sequer faz queixa porque considera isso inútil e - pior do que isso - percebeu que se vai meter em trabalhos que não resultarão em nada. Será chamado várias vezes ao posto ou ao Tribunal e no fim de tudo e de horas perdidas o caso será arquivado. Quando não o é imediatamente ainda se torna pior porque para além de nunca ser ressarcido das importâncias furtadas ou do prejuízo sofrido, o queixoso inicia um calvário de presenças e de declarações que se revela inexoravelmente inútil.
Haverá excepções, evidentemente, mas que apenas confirmam a regra.
Poderia falar aqui de vários e bem caricatos casos que se passaram comigo, mas vou resistir a isso até porque há tantos e tão variados que não há necessidade de particularizar.

Relembro apenas um caso que se passou há uns anos para ilustrar a relutância e a desistência das pessoas na apresentação de queixas contra incertos.
Numa célebre noite em que a GNR fazia as suas costumeiras operações stop no centro da cidade (frente à EDP no largo Marques da Silva) foram riscados 28 automóveis. De manhã foi o caos.
Muitos dos queixosos acorreram ao posto da GNR decididos a apresentar queixa. Um após outro acabaram por não a apresentar.
Os militares que na altura se encontravam no posto lá foram demovendo as pessoas de o fazer de imediato e em catadupa dado o tempo que isso ia tomar e "até porque tinham 6 meses para o fazer"...
É claro que o que aconteceu foi óbvio. A coisa arrefeceu e as pessoas acabaram por não fazer queixa. E foram 28 crimes que, nessa noite, acabaram por ficar impunes. Simplesmente não existiram.

O ano passado passou-se o mesmo numa festa de estudantes com a vandalização de símbolos de veículos Mercedes. Foram 5, pelo menos. Desta vez já ninguém apresentou queixa.
Para quê?

Portanto não só a criminalidade não tem sido prevenida com eficácia como, quando ela se verifica, as pessoas já não confiam que alguém seja punido por ela. E por isso desistem. No que fazem muito mal porque isso baixa artificialmente os números da criminalidade que realmente se verificou, fazendo com que a tutela descure a nossa cidade e transfira efectivos para outras, onde essa criminalidade é mais visível.
Porventura cidades que até têm menos criminalidade do que a nossa, mas em que as pessoas não desistem de apresentar queixa formal contra incertos. O que, aqui em Seia, acontece muito pouco.

Por último, provavelmente o maior escândalo e o que mais dura nesta região: a venda continuada e descarada de droga na nossa cidade e arredores.
Toda a gente sabe quem vende e onde se compra. Eu próprio o denunciei repetidamente às autoridades quando co-explorava a esplanada do parque. Era seringas nas casas de banho, era transacções à frente de todos. Felizmente, conseguimos "limpar" aquilo com 2 anos de trabalho dedicado, afastando os dealers e aconselhando alguns miúdos que já estavam bem agarrados.
Fomos embora quando percebemos que os gangs tinham tomado conta do parque porque foram alojados nas redondezas.
Nos anos seguintes ficou pior que nunca.

Essa falta de confiança bem patente nos cidadãos na captura dos criminosos e por isso a impunidade perceptível de que se revestem os crimes praticados em Seia leva-me a classificar esta prevenção da criminalidade a que se refere a alínea c) com 5 valores.

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