1.11.2007

Ainda há grunhos?




























Num país que pretende ser europeu, a grunhice palonça ainda continua no top do divertimento boçal.
Pelicano ganhou umas dezenas de milhares de euros com esta indignidade que mostra um pastor retardado a ser ridicularizado por todos. E inclusivamente assumindo o papel de representante dos demais pastores da serra da estrela...
Mas Hermínio não recebeu um chavo por ser a "estrela" do circo.
Hermínio não é uma curiosidade zoológica. É um ser humano desprotegido.
Pode ser analfabeto. Pode ser retardado, mas não é um bicho amestrado que sabe fazer umas habilidades, como o Pelicano claramente mostra.
Muito menos é representante de uma profissão que tão bem faz à nossa serra.
Se desaparecerem os pastores e a Transumancia, os matos tomarão conta dos cervunais e dos lameiros.
O leite, o queijo e o requeijão desaparecerão.
As canadas serão engolidas pelos matos e a serra volta ao que era há 11 mil anos atrás.
Impenetrável. Selvagem.
Hermínio faz bem à nossa terra.
Pelicano e os seus consumidores boçais fazem-lhe mal.
Hermínio é analfabeto. Mas os pastores não são grunhos. Pelo menos não tão grandes como aqueles que premiaram, no Cine Moscas, este produto pobre e desprovido de conteúdo científico que tanto tenta ridicularizar a única profissão que faz bem à Serra.
Nem com eles pode ser confundido.

Para além disso, vamos lá a sintonizar-nos na qualidade técnica e plástica do produto:
Este «Ainda há grunhos» nem sequer foi admitido pelo juri de selecção ao Doc Lisboa, o maior festival internacional de documentarismo que se realiza em portugal, ao qual concorrem os melhores documentaristas do mundo inteiro e cujos trabalhos são apreciados pelos maiores especialistas da actualidade, reconhecidos internacionalmente.
não exactamente pela Lili Caneças...

Pergunta-se:
Um produto que nem sequer é admitido a concurso no maior festival de documentarismo nacional é duplamente premiado em Seia?
Afinal onde é que estão os pastores e os grunhos?
Na tela, ou à frente dela?