2.17.2004

«O nosso partido sempre foi firme (e hirto)»



Portas ataca já, antes da próxima vaga de «ataques de que o seu partido será alvo».
Curiosamente não se vê ninguem atacar o PP, em si.
Aquilo é uma coisa tão insignificante que não vale a pena ser atacado por quem quer que seja.
O que se começa a ver - e a isso se refere, de facto, o ministro - é ele próprio a ser atacado por todo o lado, e a começar de perder o tapete com que o Estado, no seu beneplácito, sempre protege as suas figuras.
E não é bem por questões políticas - aí o "rapaz" não é melhor nem pior que os outros.
É mesmo a sua vida pessoal e as antigas incursões noturnas por meandros menos aconselháveis para uma alta figura do Estado - embora na altura ainda o não fosse - que começam a ser «muito sussurradas» nos meios do costume.
Aqueles que incubam as broncas e as despoletam na sua máxima extensão, a seguir.

Não me perguntem como é que eu sei disto.
Eu pergunto é como é que toda a gente sabe disto e ainda está tudo calado...
Agora, das duas, uma: Ou ele continua a conseguir mexer os cordelinhos para distrair as atenções dos investigadores e abafar a coisa (não me refiro à palhinha, mas apenas à história propriamente dita) ou, se o não conseguir, vamos ter a maior bronca da política portuguesa desde o tempo de D. Maria, como diz Alberto João.
Escândalo para fazer do caso "Casa Pia" uma brincadeira de crianças.
Preparem-se tablóides e revistas: vai ser um ano de bichas (vacas) gordas!!!

Fiem-se em sondagens e metam-se em referendos...



... que levam mais uma banhada.
Mas alguma vez este povo se mobiliza para chegar aos 50% de participação em coisa alguma?
Já nem para as eleições normais chegaremos lá, quanto mais para referendos...
Fiem-se em sondagens que daqui a dois anos lá estaremos outra vez, cada vez com menor participação, bem entendido.

Foi Milagre!!!

Não é ao empate com o Porto, nem ao facto de termos a pior ministra das piores cadeias da europa a que me refiro.
Nem ao facto de o ministro-bicha Catherine Deneuve ainda não ter sido agarrado pela Judiciária... também, que é que se deixa apanhar pela Judiciária, nos tempos que correm? Toda a gente é avisada 48 horas antes...
Foi tão só ao facto de o povo todo de uma aldeia cujo nome não se deve repetir começar a berrar, todos à uma, que foi milagre o toxicodependente em ressaca profunda ter-se sentido mal junto da igreja.
Apesar de não ter havido qualquer indício de a caixa de esmolas ter sido arrombada, nem sequer de tal ter sido tentado, a verdade é que a inefável TVI - a verdadeira televisão dos portugueses (leia-se «do atraso perpetuado dos analfabetos portugueses») já o acusou no lettering em rodapé: LADRÃO SENTE-SE MAL AO ROUBAR A CAIXA DE ESMOLAS.
É, de facto, a televisão do povo.

Durão, onde estás? Quem te demora?


Durão, onde estás? Quem te demora?

Durão, onde estás? Quem te demora?
Quem faz que o teu refluxo em nós não caia?
Porque (triste de nós!) porque não raia
Já na Alto da Ajuda a tua aurora?

Da santa estupidez é vinda a hora
A esta parte da Europa que desmaia.
Oh! Leite... Oh! Portas, que trémulo descaia
Despotismo feroz, que nos devora!

Razão: acode ao Cherne, que, frio e mudo,
Oculta o pátrio amor, torce a vontade,
E em fingir, temor disfarça em estudo.

Movam nossos grilhões a tua mão:
Derrama já o Leite, copo e tudo,
Dá um pontapé na Porta, ó Durão!


Manuel Maria Carrilho du Bocage


"d'après" un soneto do quase homónimo Manuel Maria Bocage de Setúbal (enquanto este é um Bárbaro de Guimarães), com aproximadamente o mesmo título. Se substituirmos o palavrão "Durão" (Bocage era brejeiro mas também tinha os seus limites no que se refere a obcenidades... ) pelo doce substantivo inicial: Liberdade.

3 frames depois é golo



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Apenas registar a inevitabilidade.
3 frames depois (cerca de 1/8 de segundo) será golo.
Mas não foi suficiente, pois não?

Ponta Delgada dispara em criminalidade... mas o que é que NÃO DISPARA em criminalidade?



Cada vez admiro mais estes homens que dão a cara às televisões e aos jornais desdramatizando o óbvio com um sorriso nos lábios.
Também cá temos disto em Seia.
Quanto maior a criminalidade e mais óbvia a inépcia de quem devia pugnar pela nossa segurança, mais sorriem para as câmaras numa pretensão ingénua de dar um sinal de confiança que todos nós, os cidadãos, e especialmente os que fomos assaltados repetidamente, sabemos ser completamente coosmético.
O que leva estes responsáveis a mentir descaradamente à população?
Se os índices de criminalidade disparam - também em Ponta Delgada - se toda a gente sabe que é assim, que cada vez os assaltos às lojas são mais frequentes, se toda a população o sente e diz isso mesmo absolutamente indignada frente às câmaras da televisão, porque razão mentem todos estes homens, negando o evidente, a quem lhes paga o ordenado - o povo?
A única explicação está na tentativa de preservar o lugar, de continuar uma carreira, de não ser penalizado pela hierarquia.
Mas fazem mal, estes profissionais.
Deviam exactamente EXIGIR às hierarquias MEIOS para trabalhar, em vez de camuflarem o óbvio.
Se não têm homens, devem dizê-lo claramente. Devem explicar à população que, se mais não fazem é porque não podem, porque não têm meios.
É que assim ficamos na dúvida se a vossa gigantesca ineficácia se deve à falta de meios ou a à falta de vontade de arriscar o cabedal em operações de certo risco.Mas mesmo que seja este o caso - ninguem gosta de levar um tiro - também devem dizê-lo com clareza, que é para que a população saiba definitivamente com o que conta em termos de segurança - muito pouco ou quase nada - e se precavenha em conformidade.