11.20.2003

Eduardo Brito no seu melhor...

Tenreiro Patrocínio e Fernado Béco, os 2 vereadores do PSD da CM Seia ponderavam demitir-se em protesto contra a indefinição do governo sobre o Hospital de Seia.
Quando pensariam que esta sua inédita atitude seria da mais subida importância e chamaria de imediato a atenção do governo para esta problemática, Eduardo Brito apressou-se a desiludi-los: que não valeria a pena demitirem-se porque «o ministro não liga nenhuma ao PSD de Seia».

Ora bolas... então mas isso diz-se aos senhores?
Ai, ai, ...

O problema (da falta) do Ensino

Vamos lá a esclarecer este triste e arrastado problema do Ensino em Portugal e sobretudo no Portugal profundo - o Interior Beirão - a minha zona
Clarifiquemos a minha posiçãoo sobre este assunto que, aliás, é pública há mais de 12 anos (sendo que sou professor há cerca de dezasseis). Por todo o lado tenho escrito o que penso e não será uma sociedade de medrosos (podem trocar as consoantes da segunda sílaba, que o resultado é o mesmo) que me fará ser igual a eles. Nunca o fui. Sempre disse o que tenho a dizer, e neste caso fruto de profunda reflexão e prática profissional de mais de década e meia.
É evidente que a culpa de termos a pior escolaridade da Europa - de termos o maior abandono escolar da Europa e de termos os alunos mais incultos da Europa - não é só dos professores.
Mas é, na sua maior parte, deles.

É que se não percebemos isto, temos então que concluir pela alternativa: que temos os alunos mais broncos da Europa porque são os mais atrasados mentais da Europa, já que o que se estuda aqui é praticamente o mesmo que se estuda em todo o lado.

Falemos na Matemática: um "papão" a nível do 12º ano.
A minha escola tem índices de aprovação, há pelo menos 4 anos, da ordem dos 70%.
No secundário, essa média não ultrapassa os 40% e no 12º não chega sequer aos 30%.
E não se tem podido ir muito mais além, na minha escola, porque os mesmos alunos que atingem 70%, 80% e até mais nos testes, simplesmente não entendem o que se pretende num problema vulgar.

Eles lêem, mas não percebem o que se pergunta.
Se lhes explicarmos o que se pretende, IMEDIATAMENTE RESPONDEM ACERTADAMENTE.
Ora, o mesmo (eu sei) se passa às demais disciplinas.
Eu peço aos meus alunos que leiam os enunciados e, em cada turma do 9º ano, não há mais do que 3 ou 4 cuja leitura seja aceitável. E mesmo desses, uma parte (cerca de metade) não percebeu exactamente o que leu.
A forma perfeitamente balbuciante como os alunos que saem com a escolaridade obrigatória lêem um pequeno excerto de um texto, indica, claramente, a falta de hábitos, a falta de treino de leitura.
Há alunos que praticamente só lêem o que o professor lhes manda ler, na aula.
Ora isso é manifestamente insuficiente.
Possuimos, os portugueses, um património de valor inestimável: a nossa Língua, que nada tem a ver, hoje, com a imediatamente associável "lí­ngua de Camões" (trata-se de mais uma triste demagogia) e já pouco, mesmo muito pouco com a de Eça.
Aquele estilo é impensável usar-se, como é impensável dizerem-se aquelas coisas daquela forma, hoje em dia.
Mas o património linguístico que hoje temos é o resultado da evolução natural de Camões e de Eça, como da maioria dos grandes escritores portugueses e até da oralidade do vulgar cidadão da rua (não estou a falar do execrável bués, e do K substituindo o Q, como é evidente. Ainda não cheguei a esse nível.)

A primeira coisa que um estudante de qualquer assunto tem que fazer é TRABALHAR.
Uns precisam de mais; outros, mais dotados, que assimilam as regras e os mecanismos com mais facilidade, de menos trabalho. Mas todos precisam de trabalhar.
Ora isso é coisa que não se faz, no ensino básico.
Os professores demitiram-se da obrigatoriedade do controle do estudo, por parte dos alunos.
Mandam-nos estudar, apenas. Nada mais.
Eles, claro, não pegam num livro. E está tudo bem, porque no final, mesmo quase não sabendo ler, os alunos fazem o 9º ano.
Esse é o primeiro Crime que está a ser perpetrado no Ensino.
Por negligência, é certo, mas igualmente um Crime.

Se o aluno não estuda, não pode saber, não pode dominar os assuntos que estão na agenda - currículum - e portanto se o professor o passa de ano sem ele ter os conhecimentos que lhe permitam alicerçar os seguintes, o professor está a ser cúmplice de um logro.
Um logro para o aluno, que "passa", e por isso se convence que sabe; um logro para a escola, que aprovando o aluno está ciente de que o aluno tinha condições para passar; e, o pior de tudo: um logro ao paí­s que paga o ordenado ao professor, na convicção de que este consegue transmitir os conhecimentos, perí­cias e capacidades requeridas pelo sistema de ensino em vigor, o que é, obviamente, mentira.

É por verificar que o professor médio hoje em dia não se preocupa suficientemente com a evolução dos seus alunos que eu sustento que é sua a maior parte dessa culpa.
Não porque não saiba ensinar, não por não ser competente em identificar as matérias mais importantes em cada ní­vel de ensino. Não é por nada disso.
É apenas porque não acompanha suficientemente o aluno, porque não identifica as dificuldades em cada caso, porque não tenta descobrir a forma de ultrapassar esses obstáculos que já vêm, muitas vezes de trás, preferindo descarregar sistematicamente a velha frase de "este aluno nunca percebeu nada disto, não tem pré-requisitos, nunca se interessou por isto".
Estamos todos fartos de ouvir estas "desculpas" que, pretendendo desculpabilizar o professor, mais o penalizam por revelarem a sua incapacidade em resolver os problemas para os quais foi contratado e que consubstanciam o seu vencimento ao fim do mês.

Vivemos numa pequena cidade do interior, com alunos oriundos da mais funda e insuspeitada ruralidade.
Mas temos uma escola equipada com tudo o que é necessário para ultrapassar essa insuficiência.
E temos 5 anos de contacto com os alunos. Mais do que o tempo que eles passaram nas escolas do 1º ciclo (vulgo Primária).
Temos uma biblioteca recheada com todo o tipo de livros sobre todos os temas que se possam imaginar. Temos vídeos didáticos, jogos interactivos em cd, internet a qualquer momento. Meios bastante diversificados que muito ajudariam, se utilizados, a consolidar aquilo a que vulgarmente se chama de "cultura geral" - expressão ingrata, mas que identifica todo um conjunto de saberes basilares sem os quais é comunmente aceite que não estaremos a formar pessoas, mas simples autómatos.

Não temos desculpa se, no 9º ano, depois de 5 anos, pelo menos, de trabalho com um aluno, ainda temos o desplante de desabafar que "eles já vêm assim da primária".
Haja um pouco mais de vergonha, ou pelo menos de contenção.


Interactividade positiva
Exemplifico aquilo a que eu chamo de interactividade positiva: ao resolver um problema de proporcionalidade inversa (matemática), sobre o tempo de construção das pirâmides do Egipto, pode aproveitar-se para se falar nas próprias pirâmides em vez de elas servirem apenas como mero pretexto para se fazerem umas contas mais ou menos chatas, a seguir. Porque foram construídas, quando o foram e quantos milhares de toneladas de pedra foram necessários para a sua construção. Se os funcionários eram ou não escravos e, se não eram, se de facto eram voluntários, a troco de quê trabalhavam toda a sua vida nessas obras.
De onde veio toda aquela pedra, por que meio de transporte e como foi possível colocá-las em sobreposição dado que, há milhares de anos, não havia gruas.

Posso garantir que este sistema interactivo funciona às mil maravilhas.
Os alunos interessam-se pelo assunto, o que representa 80% do caminho andado.
Depois é só "obrigá-los" a trabalhar, através da descoberta, da pesquisa, para chegarem às conclusões sobre as possíveis respostas às questões formuladas.

Ora isto é exactamente o contrário do que hoje se faz:
Fazem-se-lhes as perguntas do livro e dão-se-lhes praticamente as respostas implicitamente, e por isso eles não têm a curiosidade natural de descobrir.
Desinteressam-se porque não há mistério, não há a emoção na descoberta. Não há, no fundo, nada que os desperte para o trabalho de procurar descobrir, sempre o caminho mais fácil e eficaz para o Saber.
E também para quê, afinal? Se, ainda por cima, sem nenhum trabalho sempre vão passando...

Quando os professores reganharem o gosto por ensinar e começarem a ver os resultados, tenho a certeza absoluta que o ensino melhorará, e deixaremos de ter a vergonha que é verificar que os alunos que nós damos como aptos para a prossecução dos estudos, raramente chegam mais além.

Essa é a principal vergonha para todos nós.
Afinal, nós não somos pagos para distribuir diplomas de escolaridade mínima admissível a quem permanecerá, para sempre, analfabeto funcional.

Ó senhor Engenheiro, não bata mais nos professores...

De uma amiga minha, professora de português numa escola secundária, a terminar o mestrado em Linguística (acho que é isso...) recebi o seguinte texto delicioso que passo a transcrever, e que prova inequivocamente que os professores não são todos ex-alunos medíocres que não conseguiram arranjar emprego em mais lado nenhum.
Ainda os há por vocação.
Sei que ninguém acredita nisso, mas eu até sei que há.
Poucos, é certo. Mas há.

"Ó senhor Engenheiro, não bata mais nos professores...(sobretudo nos de Português)!
Até parece que não está a dizer uma grande verdade!
O que interessa o "psicologismo" de um António Sérgio, a "metafísica" de um Antero de Quental ou ainda, para piorar, a "magalomania" desconcertante de um Mário de Sá-Carneiro ("não...não é o de Camarate", alerta feito na sala dos professores!) ou de um Almada Negreiros? Isso é muito profundo e tem pouco de sentimental!...
Nos tempos que correm, o que está a dar é conhecer a obra de uma tal de Margarida Rebelo Pinto e da Ritinha( Ferro)! Só literatura "light"! Fácil de digerir e não engorda! É que depois não há tempo para ir tratar da cabeleira ou de ir assistir às Jornadas ...Ah...Ah...
Pergunte às suas colegas de Português (as das cabeleiras intocáveis) quem escreveu o "Sei Lá!" , que vai ter uma surpresa!"


Quer-se dizer:
Nem eu seria tão radical...

Selecção sub 21 exige indeminização aos franceses

A nossa selecção vai exigir 2,5 milhões de euros à Liga Francesa a título de indemnização, pelo facto de o tecto dos balneários que lhe foram atribuídos ser "perigosamente baixo".
De facto, parece ter sido uma sorte que apenas 32 daquelas ameaçadoras placas tivessem caído em consequência de um simples contacto com partes do corpo não especificadas de alguns dirigentes.
- "Nem era peciso amandarmos o mistere ao are, catano. Assim que ele ali entrou começou logo tudo a caire..." confidenciou ao nosso blog o guarda redes Moreira, um exemplo, segundo o ministro, para a nossa juventude.
Esperamos a reacção da França, mas já se terá ouvido da parte de um dirigente francês o seguinte desabafo: "se soubéssemos que eram os portugueses que vinham para este balneário, tinhamos mandado reforçar o tecto com placas de inox. O aço risca, mas não fura.

Futebol!! Futebol!! GNR!! Futebol!!

Há uma caixinha agora à venda que permite ver 4 jogos em simultâneo - 4!
Só?? - Pergunto eu.
Então e se quisermos ver 12? Perdemos 8!
Aquilo que a tecnologia ainda tem que evoluir...
A GNR lá está, lá continua, como o menino Jesus: A preparar-se para se preparar para iniciar os preparativos para a primeira patrulha. Tenho a impressão que vai dar em directo a primeira patrulha da GNR em Nassirya (o y agora é no 2º i).
A não perder!!
Mãos atrás das costas, aos pares, 2 de cada lado da estrada, aí vão eles, a patrulhar.
De onde vem a analogia com o Menino Jesus? - Pergunta o leitor.

É que o Menino também lá está, há 2000 anos, nas palhas deitado, nas palhas estendido... não faz outra vida, o Menino Jesus.

De Casa Pia... ainda nada!
Já lá vão 5 dias. Aposto ainda em mais 3 ou 4 até à primeira patrulha. Depois são mais 5 dias de todos os canais a bombardearem-nos com a primeira patrulha, de modo que antes do fim do mês a Casa Pia não volta.
Até Dezembro, Carlos Cruz.